quinta-feira, 29 de maio de 2014

Pêndulos muito oscilantes ou a vã vontade do “não penses”, “não queiras saber”, “limita-te a fluir”














 
 
 
 
 
“Câmara de Almada gasta 78 mil euros em relógios para dar aos trabalhadores. Iniciativa é uma tradição com mais de 20 anos, que o presidente da câmara, Joaquim Judas (CDU), não quis quebrar. Todos os anos a Câmara de Almada distingue os trabalhadores que completam 25 anos ao serviço do município com um relógio de pulso, oferecido no dia da cidade, a 24 de Junho. Este ano a tradição mantém-se.”
(jornal Público)

Pêndulos muito oscilantes ou a vã vontade do “não penses”, “não queiras saber”, “limita-te a fluir”
Bem, sejamos sérios. Lá que se recompense a dedicação dos funcionários do município eu até posso perceber. Agora 130 contos contados à moda antiga, são 130 contos e não me venham cá com cantigas! Por muito devotos que sejam ao serviço público, gastar tal quantia por pulso é coisa que me faz pensar se num país sem recursos se justifica esta caríssima (in)justiça de prémios e destinos. Bem sei que muitos outros infelizmente também o têm esbanjado, ao dinheiro,  mas tentar apagar a origem desses males com outros iguais não é exemplo melhor que o primeiro. Ademais, isto não se parece nada com distinção, eventualmente merecida, mas está mais perto de efeito decoral palaciano. Isso é que é altamente reprovável. É caso para dizer que muito fecundos são os leitos de alguns pobres ou, então, é muito divertido aquilo que não se recorda. Mesmo tratando-se de autarca com siso, como julgo ser o caso, assentava-lhe que nem uma luva mais comedimento quer no bolso hospitaleiro, que não o dele mas o de todos nós, quanto nas estultícias explicações dadas para o que não tem explicação!
 
Mário Rui
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Relações directas




















 
 
 
Tudo indica que há uma relação directa entre o messianismo político, a presença do passado e o medo da mudança. Assim vai o mundo português, justamente o dito, o político!!
“Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou a suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era um que via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exactamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.”
(Fernando Pessoa)
 
Mário Rui
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