sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Não ser



Quem me dera voltar à inocência

Das coisas brutas, sãs, inanimadas,

Despir o vão orgulho, a incoerência:

- Mantos rotos de estátuas mutiladas!
Ah! arrancar às carnes laceradas

Seu mísero segredo de consciência!

Ah! poder ser apenas florescência

De astros em puras noites deslumbradas!
Ser nostálgico choupo ao entardecer,

De ramos graves, plácidos, absortos

Na mágica tarefa de viver!
Ser haste, seiva, ramaria inquieta,

Erguer ao sol o coração dos mortos

Na urna de oiro duma flor aberta!…

(Florbela Espanca)


Mário Rui

Irritações



Deixei de me irritar com os outros e de me ocupar deles, limito-me a ver como quem espreita para dentro de um aquário… por vezes comento, por vezes entristeço-me mas faça o que fizer não ocupo o mesmo espaço. Palavra!

Mário Rui

Quem somos nós?



“Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”
Quem somos nós?
Em que acreditamos?

Quem nos forma/deforma?

Quem (e como) formamos/deformamos?
Em prol de que projecto de vida actuamos?

Situados em que premissas estão os nossos afectos?

Sobre que pilares se constrói, hoje, a estrutura interna de cada sujeito?
Quem se ensina a si mesmo tem um tolo como professor.

O mundo está nos eixos?
Mário Rui