sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Sociedades ditas secretas














Clicar para ver a Lista dos Maçons do GOL ! Parece já estar desactualizada mas ainda assim merece uma vista de olhos.

31 de Agosto de 2012

Mário Rui

Na minha santa e pura ignorância a propósito de muitíssimos assuntos que sempre acompanham o meu dia-a-dia, há um que, há já algum tempo, me vem assaltando o espírito. Não porque me cause prejuízo próprio, julgo eu, mas porque se trata de matéria a que nunca dei grande importância, mas que desde sempre me intrigou a ponto de forçosamente me levar a ler algo sobre a mesma.

E essa minha curiosidade assume um papel de maior relevo na justa medida em que se trate de assunto que por si só se auto-denomine de secreto.

Eu bem sei que a ignorância é o estado mais puro da felicidade mas, mesmo assim, às vezes dá-me para ser infeliz em resultado da busca, da procura de respostas para perceber certas coisas.

No caso vertente, deu-me para tentar entender o que é isso da Maçonaria em Portugal. Não me interessa aprofundar muito o assunto mas apenas tentar compreender, qual a química, a composição intrínseca do mesmo, seus efeitos e já agora as suas propriedades.

Pois bem, de tudo o que consegui reunir à volta do tema, e não me apeteceu ler o Diário de Notícias que, sobre a matéria, consagrou várias páginas a este fenómeno social, em algumas das suas últimas edições , ficou-me a ideia que afinal Maçonaria significa qualquer coisa como sendo de universal, ritualista – como odeio o culto de certos rituais- fraterna, filosófica e progressista, tendo por objectivo primeiro o desenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária.

Que grandes e sublimes propósitos, digo eu e porventura alguns outros, blindam esta corrente que , como então escreveu Eça de Queirós, “a Nação é a escola presente para a Super-Nação futura. Amar a Pátria e a Humanidade é um dos deveres dos Maçons”. Aí está outro bonito pensamento que, dito por quem foi, até me poderia levar a acreditar em tais altruístas fins a que se propõe a Maçonaria.

Mas alto! Atenção que a coisa assim dita até me faz lembrar um poeta que, diz-se, era o poeta do regime nazi. Mas passemos à frente. Talvez não valha a pena dissecar muito sobre aquele enunciado de valores que fiquei a conhecer como sendo as referências que norteiam, ou procuram nortear esta tal Sociedade Secreta. É altura de acrescentar que, ao que a mim diz respeito, sociedades secretas sempre me deram volta à cabeça e, quem sabe, se não estará aí a razão para de quando em vez ter de tomar uns comprimidos para as minhas angústias, depressões e desilusões.

Bom, mas cada um é como cada qual. Como facilmente se perceberá, já estou a desconversar a propósito do tema da crónica de hoje, não porque não a queira perceber, mas tão só porque de facto começo a vislumbrar que a bota não bate com a perdigota. Quando assim é, cria-se em mim uma certa peregrinação de desconfianças e interrogações para as quais não tenho solução a dar quanto mais respostas.

Fico-me então pelas interrogações e comentários que, como disse no início, se fundem na minha santa e pura ignorância, senão mesmo estúpidez.

Assim sendo, eu acho que estas e outras sociedades secretas acabam resultando num conjunto de homens ditos nobres – serão?- que separam de si os seres nos quais se manifesta o contrário destes estados de alma elevados e altivos.

Devo estar enganado, mas então qual a razão substantiva para tanto secretismo que a envolve? Dos anos de vida que já levo, e relativamente a tais pretensas bondosas acções, quer-me parecer que qualquer tipo de homem nobre sente-se a si próprio como determinador de valores, valores que procura disseminar e que nunca os idealiza ou põe em prática de modo secreto.

Homens nobres e valentes são os que pensam assim e que, com profundo respeito pelos outros não tão dotados, lhes oferecem desinteressada e abertamente os seus préstimos. E, estes préstimos, podem e devem ir desde a ajuda aos violados, aos oprimidos, aos sofredores, aos não livres, aos incertos de si próprios e até aos ignorantes como eu.

Do que li e apreendi no regaço da minha ignorância, e desculpem os Maçons, a Maçonaria de hoje não tem os valores e os princípios do espírito Maçónico que, incialmente, me pareciam ser as regras fundamentais de tal Sociedade. Não o sinto e, portanto, assim o denuncio.

Quanto ao secreto, sinto que as portas assim fechadas são de facto o melhor meio para dominar o Poder, para o subverter em proveito próprio. Seja na Justiça, na Saúde, na Educação e no mais que lhe queiram acrescentar. Será aí, nesse diabo desses secretos actos, que algum dia assentou a prosperidade de Portugal? Será por isso que sempre fomos a cauda do pelotão?

Que me tenha sido dado conhecimento do progresso do meu país e dos meus concidadãos com a acção filantrópica da Maçonaria, das duas, uma: ou eu nunca descobri tal desiderato só porque sou burro e mal sei ler, ou então essas Sociedades Secretas são tão, mas tão secretas, que até nem sabem que existem.

Mas concedo-vos o benefício da dúvida e então tudo o que para trás deixei escrito não passou de uma hora de efervescência minha, de aflição patriótica ou então de uma espécie de inundação sentimental. E ao divagar sobre esta última possibilidade, acontece-me pensar que já são poucos os que se querem preocupar com assuntos sérios. Prostam-se de barriga para baixo perante tudo o que é maçudo e difícil de compreender. Hoje, é a era das massas! Dos que por tudo e por nada protestam mas sempre sem acção que conduza!

Crónica escrita em 19 de Novembro de 2011

Mário Rui

domingo, 26 de agosto de 2012

Marte




(Clicar nas imgens para aumentar)

Afinal Marte não mostrou ainda criaturas verdes, também não é muito vermelho e o que até agora se vislumbrou, mais se assemelha a um deserto que propriamente às visões de um planeta insondável. O que só prova que a nossa imaginação é mais leviana, extravagante e indecente do que o nosso procedimento.

Mário Rui

sábado, 25 de agosto de 2012

Tubarões à vista




















Muitos ignoram a sua imensa riqueza até ao dia em que aprendem a das pessoas  que ela tornou ladrão.

Mário Rui

"Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade"

























"Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade"

Mário Rui

Incoerências entre actos ou ditos sucessivos


Por ora não me interessa a notícia? em si mesma. Diz o que diz e está tudo bem. O que me preocupa é o modo como alguns jornalistas ainda escrevem. Que mau uso fazem da língua portuguesa. Que péssima redacção! Que canseira para perceber esta escrita obtusa - atentem no escrito a cor azul. Será que o defeito é meu? Alguém percebe o que aí é dito?

Começa logo mal, a pobre Ana Cristina Pereira, quando escreve; «Beneficiários de RSI vão poder ser forçados a trabalhar em troca de nada.»  Razão tem a Helena Matos que, no blogue 'Blasfémias',  diz; « Ora se é em troca de nada não são beneficiários de nada logo não recebem RSI.

Já tinha jurado a mim mesmo que deixaria de comprar este 'Público'. Agora, juro solenemente que o vou fazer. Vou reler as minhas redacções da escola primária! Mas antes gostaria de lembrar que este jornalismo tipo-fatela nunca soube fazer uma notícia. É pena! É a morte anunciada de um jornal que nasceu bem e fina-se numa pobre miséria. E ainda há quem se espante com licenciaturas obtidas aos domingos e com equivalências duvidosas.

1- Numa notícia, tudo se escreve sempre do mais importante para o menos importante.
2- Uma notícia escreve-se sempre na 3ª pessoa (do singular ou do plural).
3- Não se dá opiniões, nem sugestões, nem se avalia, nem se lamenta, nem se deseja nada, nem se dá parabéns.
4- Quando não se presenciou, recorre-se a fontes diversas ou a citações, tendo sempre o cuidado de indicar que os dados estão de acordo com as referidas fontes
5- A linguagem deve ser simples e clara, para que todas as pessoas a possam entender.
6- Deve-se transmitir o máximo de informações num mínimo de palavras. Um jornal não é um exercício de retórica.
7- A linguagem deve ser atractiva. Caso contrário, o jornal perde compradores!

Mário Rui
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Beneficiários de RSI vão poder ser forçados a trabalhar em troca de nada

Medida aprovada ontem em Conselho de Ministros prevê até 15 horas de trabalho semanal em instituições não lucrativas

Está decidido: os beneficiários de Rendimento Social de Inserção (RSI) podem ser forçados a “actividade socialmente útil” até 15 horas por semana, não mais de seis horas por dia. De fora ficam os beneficiários que, tendo capacidade para trabalhar, tenham crianças ou idosos ao seu cuidado.

O diploma foi ontem aprovado em Conselho de Ministros. A actividade, que se pode estender por seis meses renováveis, tem de ser compatível com as aptidões, habilitações e experiência profissional dos beneficiários. E não poderá pôr em risco outras formas de inserção, como a procura de emprego, a frequência escolar ou a formação profissional.

Haverá uma lista de actividades enquadráveis. Podem candidatar-se instituições privadas ou públicas sem fins lucrativos – instituições particulares de solidariedade social, misericórdias, mutualidades, cooperativas, fundações, juntas de freguesia, câmaras municipais, governos regionais. Caberá ao Instituto de Segurança Social avaliar as candidaturas e colocar os beneficiários. “Queremos privilegiar uma lógica de proximidade que é essencial para definir as necessidades sociais e comunitárias”, explicou o assessor de imprensa do Ministério da Segurança Social, por email.

Os beneficiários de RSI já tinham de aceitar “trabalho socialmente necessário”. Só que, nesse caso, o serviço prestado é pago: a pessoa cumpre horário e recebe 419 euros por mês. Neste caso, mantém a prestação social que, no máximo, atinge os 189,52 euros por titular, 94,76 euros por qualquer outro adulto e 56,86 euros por cada criança. Se a actividade ultrapassar as quatro horas diárias, terá direito a subsídios de alimentação. Pode haver também transporte e seguro de acidentes pessoais.

“Esta medida não pode ser classificada como trabalho”, argumenta o assessor. Será “diferente”, no que concerne a horários e a funções: ocupará até três dias por semana e compreenderá “tarefas que, na sua maioria, não integram o conteúdo funcional dos lugares previstos no quadro de pessoal”.

“É trabalho”, afirma Elísio Estanque, especialista em sociologia do trabalho. “Outros beneficiam do seu esforço e do seu tempo”, explica. Se houvesse remuneração, parecia-lhe um modo interessante de combater os efeitos nocivos do desemprego de longa duração. Assim, parecelhe “trabalho forçado”, o que, em seu entender, levanta questões de “legitimidade” e até de constitucionalidade.

“Estamos perante uma mudança de paradigma”, nota Rui Valente, especialista em Direito do Trabalho. Exige-se uma contrapartida a quem beneficia de uma prestação não contributiva – a proposta original, que o PSD levou ao Parlamento e que PS, PCP e BE chumbaram em Maio de 2010, abrangia os beneficiários de subsídio de desemprego. Será um modo de tornar o RSI uma medida “pouco atractiva”, uma tentativa de promover a procura activa de emprego. Os efeitos disso, no mercado de trabalho, “são imprevisíveis”.

Elísio Estanque teme que tal hipótese seja usada para suprir postos de trabalho. Agostinho Rodrigues, assistente social que investiga na área do trabalho, acha que não. A maior parte dos beneficiários de RSI está embrulhada em complexos processos de exclusão. E mais interessante do que isso para as instituições é o Contrato Inserção +: a pessoa trabalha a tempo inteiro e a instituição só paga 15% do salário, subsídio de alimentação e transporte, isto é, gasta 120 a 130 euros por mês.

Ana Cristina Pereira in jornal 'Público' de 24/8/2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Entrevistas

Recentemente o presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d’Oliveira Martins, foi entrevistado na Antena 1 pela jornalista Maria Flor Pedroso. Sendo quem é, a entrevista não poderia tratar outro tema que não o da situação das contas públicas portuguesas, da corrupção galopante que se instalou no país e afins. Pelo menos essa foi a tentativa, gorada, da jornalista que bem se esforçou por saber qual o papel do T.C. e do seu presidente no que a tais assuntos diz respeito.

Evidentemente que ao comum dos ouvintes muito teria agradado ouvir da boca deste senhor algumas verdades sobre o combate a este flagelo, medidas para o ultrapassar e resultados entretanto obtidos.

Refugiado em verboso discurso, tudo menos esclarecedor, o presidente do TC lá foi dizendo que o país anda a diabolizar (coitadinha da corrupção) esta matéria e que, afinal, nem tudo está tão mal quanto parece. Corruptos e corruptores quase não os há, derrapagens orçamentais são sempre fruto de uma ou outra pequena distracção, parcerias público-privadas são uma bênção para Portugal – tirando umas poucas que não correram bem uma vez que os gestores do Estado não previram isto e aquilo e aqueloutro – e assim aconteceu uma conversa vazia de conteúdo, balofa, quase a roçar a falta de respeito pelos ouvintes que se deram à canseira de ouvir tão douta verborreia de Oliveira Martins.

Interrogado de modo mais incisivo sobre matéria concreta, irrefutável quanto aos seus dúbios contornos, lá se escusava o presidente a falar dela, invocando a sua condição de intérprete sepulcral, prudente, politicamente correcto, da mesma. Ficámos todos mais esclarecidos. A corrupção, a agiotagem a prevalência do forte sob o fraco, é normal em democracia. Foi justamente o que eu, e se calhar outros, percebemos da intervenção deste senhor. Um homem inteligente e nós tão néscios…

Pelos vistos a corrupção sob o sistema democrático não é pior, nos casos individuais, do que a corrupção sob a autocracia. Há meramente mais, pela simples razão de que onde o governo é popular, mais gente tem oportunidade para agir corruptamente à custa do Estado. Ou seja a corrupção é proporcional à democracia.

Francamente, melhor teria sido que a excelente profissional Flor Pedroso tivesse queimado os minutos desta entrevista em mais proveitosa jornada. E que o presidente do T.C. a aproveitasse também para uma tertúlia académica. Nisso ele é exímio.

Mas se há uns que se escondem atrás de encantatórias palavras ditas, há outras que, felizmente, costumam chamar ‘os bois pelos nomes’ e, assim sem papas na língua, nos vão dando pistas seguras quanto ao que de pior algumas almas manifestam. É só ler aqui! Decididamente o país coxo-corrupto de que o presidente do T.C. não quer falar aos portugueses, presumo que para não ferir algumas sensibilidades mais argutas, já se tornou em amputado. É só entender o que diz uma mulher!

Mário Rui

"San Francisco (Be sure to wear flowers in your hair)"




















O cantor americano Scott McKenzie, famoso pela canção "San Francisco (Be sure to wear flowers in your hair)", um hino da contracultura da década de 1960, morreu em Los Angeles aos 73 anos.

Na época das bandas efémeras, McKenzie cantou com Tim Rose, na The Singing Strings, e depois com John Phillips, Mike Boran e Bill Clearly no grupo The Abstracts, que, em Nova York, veio a chamar-se The Smoothies. Em 1961, Phillips e McKenzie juntaram esforços com Dick Weissman na banda The Journeymen, que chegou a gravar três álbuns e sete singles com a gravadora Capital Records. Anos mais tarde, quando Phillips já fazia parte do grupo The Mamas and the Papas, compôs para McKenzie a celebre música San Francisco (Be Sure To Were Flowers In Your Hair). A canção - lançada nos Estados Unidos no dia 13 de Maio de 1967, em plena primavera que antecedeu o "verão do amor" -, transformou-se num êxito instantâneo, um hino de toda uma geração.

Mário Rui

San Francisco - Scott McKenzie

A banhos.


















E no meio de um inverno eu finalmente
aprendi que havia dentro de mim
um verão invencível.

Albert Camus

Mário Rui

A embalagem











































Nunca se sabe. A diplomacia é coisa tão delicada que o melhor é duvidar sempre das suas reais intenções!

Mário Rui

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Oportunidades

















As oportunidades perdidas são como a maior parte dos relacionamentos falhados: apercebemo-nos demasiado tarde de que algo deveria ter sido feito para evitar o fracasso.

E passam, também, muitas vezes, despercebidas e invisíveis aos olhos da maioria de nós até que o nosso vizinho, amigo ou mesmo o pior inimigo se mete na corrida e a consegue alcançar…quando devíamos ser nós e só nós a fazê-lo!

Agarrar uma oportunidade é muito fácil. Difícil é viver com os remorsos de não termos tido a vontade, a força ou a coragem de correr atrás dela, assumindo o risco de ela nos mudar a vida para sempre.

Pudéssemos nós voltar atrás e teríamos certamente aceite aquela boa oferta de emprego que nos fizeram no mês passado; teríamos dado o braço a torcer dando assim uma nova oportunidade ao que precisa de ser remendado; teríamos feito pisca para a esquerda, evitando entrar em sentido contrário; teríamos ficado calados evitando fazer figura de parvos; teríamos aproveitado a promoção do dia no supermercado poupando dinheiro com isso.

Mas agarrar uma oportunidade significa muito mais do que isto – e vamos directos ao assunto. Agarrar uma oportunidade significa que devem deixar-nos pagar o café que ficou pendente; que devem estar disponíveis para nos ouvir quando vos abordamos à noite no bar; que devem julgar-nos enquanto homens pela forma como tratamos a nossa mãe, irmã ou avó; que devem confiar mais e iludir menos; que devem ficar mais cinco minutos e deixarem-nos levar-vos a casa, depois.

Agarrar uma oportunidade é isso mesmo. É imaginar que ela vai lá à frente, mais bonita do que nunca, correndo no seu alcance sem tolerar que mais ninguém lhe deite a mão.

E ao fazê-lo, não devemos nunca perder a oportunidade de agarrar com veemência a sua camisola, rasgando-a se for preciso e deixando o seu corpo despido completamente à nossa mercê.

Rui André

domingo, 19 de agosto de 2012

Do início aos avanços do mundo

















«... mudo de parágrafo para que Vossa Alteza se refaça do susto que lhe causaram meu nome e o do meu capitão. Faz parte da arte de escrever a distribuição sagaz de espaços abertos, como os jardins nas casas mouras. Assim respira o texto e respira o leitor. Toda arquitectura, de pedra ou palavra, deve ter aberturas bem-postas por onde circule o ar e cure-se a opressão, e não pretendo que esta carta seja uma enclausura onde vosso espanto procure a saída em vão, como uma freira tomada de fogos, um fantasma novato num mausoléu, ou um traque num calção. Respire, rei, e prepare-se para estranhezas. Vossos navegadores não vos deram apenas este mundo, destamparam muitos outros. Horrores e maravilhas, horrores e maravilhas ... »

Pois é. Assim pensava e escrevia um velho lobo do mar, navegador dos quatro costados que, preparando-se para achar novos mundos para o mundo, zarpou de Belém nos idos de quinhentos e ao oceano se fez em demanda de novos mundos. Lá foi mas sem que antes mais tenha dito; «... sabe também Vossa Alteza que o mais difícil das viagens não é o Mar e as suas fúrias e o Desconhecido e seus monstros, o mais difícil é sair de Portugal. Somos a raça da saudade, eternamente divididos entre o chão e o além, entre o ficar e o ir...»

Fomos e somos também a raça da ‘cisma’ que é assim um jeito diferente de ver as coisas. Uma espécie de ideia fixa ou preocupação que sempre nos ajudou na descoberta do desconhecido. Lancámos borda fora os velhos do Restelo e resplandecemos o Mundo com feitos que trouxeram novas luzes às trevas e nos fizeram grandes. Se perdemos entretanto a grandeza, ficou-nos pelo menos a mania de que continuamos em crescendo. No afoitamento, na ânsia da gesta descobridora, deixámos o Portugal agropastoril que precisava ser deixado, com sua cor de terra virada, seus tufos, seus cheiros e suas lamúrias reincidentes.

Retratámo-nos como o Portugal que precisava ir, e substituir a epopeia semanal de descobrir. Ficámos sozinhos num mar sem ondas, o Tejo sem as margens, com as velas murchas e os olhos grandes. E subitamente alguém apontou com terror para o horizonte e todos viram um rosto gigantesco com as bochechas estendidas, como os sopradores de vento que ilustram os mapas, e de tal força foi o sopro dos seus lábios quilométricos que o barco disparou sobre a água com as velas insufladas ao máximo e todos agarrados ao fixo mais próximo que os salvasse de ficar para trás, e sentimos que tínhamos sido impelidos para outro mar, ou o mesmo mar em outro mundo.

Já assim vivemos. Matámos os maus costumes e abrimos de par em par as portas por onde corriam ventos opressores e assim curámos a clausura. Enquanto alguns mediam distâncias do joelho à meia-calça nós, sim nós, já tínhamos abolido o maillot. Já havíamos descoberto o fio dental. Peça e modo único de ser e estar, também ela a mudar consciências e a marcar indelevelmente novas ‘cismas’ que, afinal, tanto deram ao mundo. Parece brincadeira de miúdo este jeito brejeiro de te tratar, Portugal. Mas não é! Nesse tempo não éramos visitantes de outro mundo mas sim encenações dos primeiros portugueses vencedores.

Nossa chegada foi saudada com fogos de artifício e bandeiradas, tiros de pólvora seca das naus e muito ruído da multidão. Desfilámos, escoltados, pelas ruas da cidade, vendo de perto a felicidade e a prosperidade de todos, e todos nos festejavam sem que para isso houvesse razão forte.

Já assim fomos.

Mário Rui

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Os roedores






































Após aturadas e penosas pesquisas, levadas a efeito ao longo de anos e anos de trabalho cansativo, sacrifícios às vezes mil, cheguei à conclusão que no caso de Portugal o que mais temos são os da espécie silvestre; vivem de modo solitário e raramente aparecem nas áreas de densa população. Já o ratão, mas isso já todos sabíamos, é mais dado à América do Sul... ...

Mário Rui

O gato e o rato.


















O Equador concedeu asilo político a Julian Assange. Refugiado na embaixada deste país, no Reino Unido que, por sua vez, garante que não vai deixar o fundador da organização WikiLeaks passar as suas fronteiras. A Suécia quer julgá-lo por crimes sexuais. E os EUA esperam apanhá-lo em solo americano para ajustar contas pela divulgação de milhares de documentos classificados. E agora?

Há outra ironia, porém. Assange precisa de um salvo conduto para deixar o país. O governo Cameron recusa-se a fornecer o documento. Conforme notícia dos jornais, até ameaça invadir a embaixada, o que seria, vamos combinar, um escândalo dentro de outro. Assim, o governo que protegeu e alimentou tantos empregados de Rupert Murdoch e a sua fábrica de mentiras, resolve jogar duro contra uma organização que até agora só publicou verdades indesmentíveis.

Por acaso até nem gosto da cara do Julian mas também o que interessa isso? Se cometeu crimes deve ser condenado por tais actos. Sobretudo se são de natureza sexual. Quanto aos restantes, importará também dizer que pôs a nú algumas mentiras veiculadas pelos EUA, razão única pela qual o tio Sam o quer engaiolar. É usual! Por “dá cá aquela palha”, prendem os incómodos. À boa maneira do velho oeste.

Não sei o que pense, nem sei bem o que diga, mas de uma verdade estou certo; um dos 4 (Equador, Suécia, EUA e Assange) terá razão. Quem teima em dizer verdades, perde amizades. Vamos ver quem ganhará e quem sairá derrotado. Para já há muita confusão no ar.

Tempos estranhos, não?

Mário Rui

RUST NEVER SLEEPS

























Mário Rui

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Mãe Rússia


























Se tantos e tantas há tanto tempo clamam por democracia, é caso para nos interrogarmos sobre a propalada liberdade de expressão e outras que, decididamente, foram banidas da Rússia dita livre. Vladimir Putin, num recente discurso afirmou que a Rússia precisa de dar mais poder político à sua população, mas não deve seguir apressadamente as receitas estrangeiras de democracia. Mais disse: “A real democracia não é criada num instante e não pode ser copiada de um modelo externo.” Assim ficamos sem saber a que receitas democráticas se referia mas seguramente não aludiria às que se adoptaram em países civilizados. A sua prática leva-nos a seguir este raciocínio, de resto corroborado por muito boa gente que, lutando por direitos cívicos, não se cansa de protestar. Se dúvidas tivessemos a propósito de tão sábio democrata, então elas dissipar-se-iam com o caso do grupo punk Pussy Riot. As três jovens detidas por 'hooliganismo' - a versão russa importada de Inglaterra - podem apanhar até sete anos de cadeia, de acordo com o bizarro e obscuro código penal da toda-poderosa Rússia. Tudo isto por fazerem uma apresentação de punk rock, ofendendo o sr. Putin dentro do mais importante templo religioso do país: a Catedral de Cristo Salvador. Engaioladas numa jaula, quais animais perigosos, as três lá vão esperando pela sentença que há-de vir. Há quem diga que a Rússia não é uma ditadura: é um simulacro de democracia. Ainda assim, mesmo para simulacro, é demasiado constrangedor.

Mário Rui

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O rock sem rei.







































Em 16 de Agosto de 1977 o trono do rock ficou vazio: o rei, Elvis Presley, 42 anos, morreu em casa, nos Estados Unidos. O corpo do cantor foi encontrado no chão do seu quarto, à tarde, pela namorada Ginger Alden, que o levou para o hospital. Lá, foi constatada a morte do ídolo da juventude mundial.

Mário Rui

sábado, 11 de agosto de 2012

Doces lembranças motorizadas





















De facto os carros antigos eram muito bons!


Mário Rui

Olímpicos Mouras, Santos, Romarias, Folclore e quejandos.







































Já será altura de começarmos a estabelecer comparações. Mesmo que os Jogos ainda não tenham terminado, valerá a pena deixar de lado algum balofo patrioteirismo e, isso sim, chamarmos os bois pelos nomes. Assim sendo, convirá dizer aos Vicentes e aos Santos que por aí campeiam, o que é o PIB de um país.; representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), num período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objectivo de mensurar a actividade económica de uma região e daí se poder também extrapolar relativamente às condições sociais, para além das já antes aludidas, de uma nação, povo, país. Fui buscar esta explicação sucinta, mas acertada, à gestão do tempo de Idi Amin Dada, à frente do governo, e bom, da República do Uganda. Ele mais os ‘Tonton Macoute’ que, social e economicamente, deram lições de soberania ao mundo civilizado.

Ora, se estabelecermos então algum paralelismo com os chamados países do terceiro mundo, e fazendo fé - que não devemos - nas palavras dos tais responsáveis pelos desportistas portugueses, só podemos chegar à conclusão que Portugal já é uma terra do quarto mundo. Sim, a avaliar pelo quadro que a seguir vos deixo, outra conclusão não se atingirá. Culpa do Governo, pois então! Melhor seria mudá-lo para um qualquer regime déspota, de preferência centro-africano e, então sim, ganharíamos muitas medalhas! Vejam o mapa que a seguir vos mostro (clicar aqui).

Agradeço que considerem apenas a comparação entre Portugal e as grandes potências desportivas: Cazaquistão, Irão, Jamaica, Etiópia, Roménia, Croácia, Colômbia, Geórgia, Eslovénia, Arménia, Tunísia, República Dominicana, Lituânia, Letónia, Argélia, Granada, Bahamas, Venezuela, Azerbeijão, Mongólia, Arménia, Sérvia, Estónia, Guatemala, Botswana, Chipre, Uzbequistão, Qatar, Trinidad e Tobago, Moldávia, Singapura, Afeganistão, Hong Kong, Porto Rico, Tadjiquistão e Tailândia

Bom, mas para acabar só me apetece ser mal-educado, quem o não é uma vez que seja na vida, e mandar à m**** esta gloriosa gestão desportiva mais a sua inacabada verborreia, dos Vicentes e dos Santos, mais os princípios que defendem, que estão muito para além da mentalidade do que somos enquanto povo. Estariam bem era a gerir o desporto popular da Coreia do Norte. Depois perceberiam o que é isso de lidar com o respeito devido a uma Nação. Pois, se “qualquer fraco rei faz fraca a forte gente - Camões, de que estávamos nós à espera e o que leva estes senhores à espera? Demitam-se!

Mário Rui

O esplendor de Portugal

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

“Little Boy”, sobre Hiroshima, e “Fat Man”, sobre Nagasaki

























'Little Boy / Fat Man'

Os ataques das duas bombas atómicas ocorreram nos dias 6 e 9 de Agosto de 1945, no final da 2ª Guerra Mundial, e realizados pela Força Aérea dos Estados Unidos da América, que tinha por presidente Harry S. Trumam. As bombas atómicas chamavam-se “Little Boy”, sobre Hiroshima, e “Fat Man”, sobre Nagasaki.

Que as memórias nunca se apaguem

Os Estados Unidos lançaram outra bomba atómica contra o Japão, desta vez sobre a cidade de Nagasaki. O poder de destruição do cogumelo atómico já tinha sido apresentado ao mundo três dias antes, quando a cidade de Hiroshima foi literalmente riscada do mapa.
Agora era a vez de Nagasaki experimentar o fulminante efeito de um bombardeamento nuclear.

O segundo ataque contra o Japão teve por finalidade aniquilar a cidade, estrategicamente reconhecida como a principal base militar nipónica. Diante da impotência em resistir às investidas americanas, restou ao Japão contabilizar os seus milhares de mortos, feridos e desaparecidos. A atrocidade foi criticada pela opinião pública e tida como uma acção desnecessária contra a população civil japonesa.

O governo americano defendeu-se, alegando tratar-se da forma mais rápida de encerrar a Segunda Guerra. De facto, em poucos dias o Japão assinaria a capitulação, aceitando a derrota e as condições de paz impostas pelos aliados. Mas as sequelas dos ataques manter-se-iam por gerações, registadas em milhares de novas mortes por contaminação radioactiva.
Além do interesse militar, a escolha de Hiroshima e Nagasaki teve um sentido político-económico. Detentoras de grandes parques industriais, seriam uma ameaça aos planos americanos de liderar e financiar a reconstrução do mundo.

EUA decidem o futuro do mundo

Pela forma como decorriam os acontecimentos da Segunda Guerra no início de Agosto de 1945, a vitória americana no Pacífico estava assegurada. Era apenas uma questão de tempo até a rendição japonesa. Por ordem do Presidente Harry Truman, o fim do conflito foi precipitado. Os dois bombardeamentos atómicos no Japão, num intervalo de pouco mais de 72h, mostraram ao mundo o efeito devastador de uma guerra atómica. E comprovaram a todas as nações o grau de ousadia a que estava disposta a potência americana na disputa pela hegemonia mundial.


Mário Rui

Mais um! Escândalo à portuguesa.




O Tribunal de Contas, segundo um relatório divulgado hoje pelo "Público", encontrou um milhão e 132 mil euros de faturação duplicada nas contas dos helicópteros EH 101, adquiridos em 2001, e 883 mil euros de facturas que não constam nas listas de suporte da contabilidade.

Todo o negócio, assim como as dúvidas levantadas pelo TC, giram à volta da emissão de facturas por parte da Delfo, uma sociedade da Empordef, criada especificamente para a aquisição dos EH 101, e aos pagamentos da Secretaria-Geral do Ministério da Defesa Nacional.
O Tribunal de Contas alarga ainda as suas criticas ao modo utilizado para efectuar a compra de dez helicópteros que, afirma, prejudicou o Estado de 120 mil milhões de euros, no contrato de aquisição dos aparelhos.

Facturas duplicadas! Ao que isto chegou! O relatório da auditoria está aqui e é de tremer nas conclusões. Como é que isto foi possível?!!

Experimentem saber quem é a Delfo...da
Empordef e verão nada porque o Expresso com a sua lendária qualidade referencial não sabe que há uma empresa que se chama DEFLOC Outros sabem melhor...mas não informam quem realmente manda e administra a DEFLOC, sabendo-se que faz parte da nebulosa Empordef. Paulo Portas deve saber melhor, mas nada muito calado, ultimamente.

Mais: experimentem saber quem foi o responsável pela "consultadoria" jurídica deste negócio, ao tempo. Nada. Rien de rien. Opacidade total. Os helis foram comprados e alocados. O contrato é de 2001 e alterado em 2004. O tribunal de Contas, em 2002 
já o tinha visto. Em 2008, o "legal adviser" desta firma era o magnífico advogado João Henriques Pinheiro, um consultor muito requisitado na Defesa, nos anos 2000. ´
Uma consulta breve ao Google para saber quem é este figurão dá-nos este magnífico resultado investigado pelo
Sol:

Trata-se de João Henriques Pinheiro, militante do PS (secção de Benfica), sócio do escritório Capitão, Rodrigues Bastos, Areia & Associados e consultor jurídico do ex-ministro Severiano Teixeira e do Ministério da Saúde até Junho de 2009.
Desde Abril de 2002 que Henriques Pinheiro é advogado da Empordef, tendo mesmo exercido funções de administrador da Defloc – empresa de locação de equipamentos militares detida pela holding estatal – entre Agosto de 2008 e Fevereiro de 2010. Por outro lado, Pinheiro representa a Milícia desde o início do concurso público para a compra de seis viaturas blindadas. E enquanto procurador da Milícia assinou o contrato, no valor total de 1,2 milhões de euros, com o governador civil António Galamba


Apesar de o Sol o colocar na sociedade de advogados citada, deve dizer-se que tal ocorria em 2006, como se pode ler aqui. E aqui também. E em sociedade com a firma de Sampaio, Jardim, Caldas e Associados...isso porque a CRBA, formada em 2002, associou-se a uma dessas firmas de regime em 2004. Para manter as sinergias...

 Aquele Galamba é o mesmo que se indignou há uns anos no Parlamento com uma notícia do Público sobre a "avença" do escritório de José Miguel Júdice por causa do acompanhamento jurídico da alienação de 33,34% da Galp...

O
site da Empordef é uma vergonha autêntica em termos de informação ao cidadão que paga impostos que essa gente gasta.  Para sabermos estas coisas temos de consultar "fontes abertas"...



in 'Portadaloja' 9 de Agosto 2012

Mário Rui

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Yes, they can!




















O objectivo era pousar um jipe de 899 quilos com a mesma delicadeza e suavidade com que uma mãe coloca o seu bebé no berço. Em Marte. Já lá está! Parabéns aos EUA e ao mundo civilizado. Nenhum vencedor acredita no acaso! Talvez seja por isso que, quer se goste ou não, os EUA são ímpares em vários domínios. Pode ser para o pior, mas convenhamos que também têm momentos únicos e verdadeiramente surpreendentes, momentos que qualquer nação se orgulharia de ostentar. Claro que para se atingir tal desiderato, são necessárias políticas e empresas inteligentes, uma maior formação, responsabilização e qualificação profissional, mais ciência e mais técnica. Mais importante do que o imperativo dos sentimentos, é o imperativo de mobilização das inteligências humanas, o investimento redobrado no saber e na dimensão educativa permanente. Tudo isso eles têm. Quando querem e, sublinhe-se, acertadamente, sempre que estes predicados são verdades evidentes de 'per si'. Em benefício do seu povo mas também do mundo.


Mário Rui

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cinco para a meia noite
















Faltavam cinco para a meia-noite. Foi há dias na RTP1. Foi convidado e, qual Cinderela, chegou à festa mesmo a tempo de não perder a sua coerência, não fossem soar as doze badaladas e perder toda a magia que a fada-boa havia depositado no seu regaço. Falou, falou, e como durante os primeiros minutos de tão encantada aparição mais não fez senão zurzir de novo no actual governo, o que já me chateia enormemente, não porque não deva apesar de não saber se possa, mas antes porque o não fez de igual modo quando o anterior era chefiado por Sócrates, e já agora diga-se que também um excelente governo, lá verberou ainda e mais uma vez.

Curioso. Começou, como já disse, pelo governo de Passos. Percebe-se. Assim tinha de ser para que todos entendessemos o objectivo da reconstituição do seu próprio caminho desde o Pretório até ao Calvário. Sempre o mesmo. Abaixo a social-democracia, viva o socialismo. Mas ... não é quase a mesma coisa? Bom, adiante.

Nesta fase do seu esplendor televisivo e marcadamente jesuíto-depreciativo, próprio do que é ou de quem é fingido ou dissimulado, lá foi cantando e rindo. Mas o espantoso, veio depois.

Virou a agulha e começou a falar de futebol. Aí é que eu me passei e lhe vislumbrei uma nova face. Então não é que o bispo-major-general acha que o governo é como um certo clube – ele não quis dizer o nome para não ferir susceptibilidades, palavras do próprio,  mas eu como bom benfiquista refiro-o com sendo o Glorioso SLB – que previamente diz sempre que vai ganhar o título e depois é outro quem o conquista. Citei novamente o próprio.

Nesta altura do campeonato o bispo abre o seu bondoso coração mas a bolsa não  - ver aqui para não esquecer – e, ternamente, confessa que o conquistador é o clube da sua devoção. O Futebol Clube do Porto, carago! Pronto! Se antes estivera a falar do tal modo dissimulado a que antes aludi, quando o registo passou para a bola, aí sim, abriu o livro, a sua doce e espigada alma e, finalmente, a sua verdadeira coerência. Quem assim fala não merece castigo. É-se de um clube por amor-próprio e ponto final. Tal como o amor. Não se discute. É!  

No entanto, ao vê-lo falar assim, ficou-me a estranha sensação de estar em frente a um outro, a quem alguns já chamam de Papa, e ficou-se-me gravada mentalmente uma interrogação. Será, mas será que o bispo lhe quer roubar o lugar? Será que quererá acrescentar mais um título e saltar para bispo-papa-major-general, como o Ansumane Mané da Guiné? Lembram-se? Mas isto sou eu a brincar. Com o futebol, entendamo-nos.

Quanto à político-partidarite, vinda de quem vem, é que eu não gosto nada de brincar. Aí é que vale verdadeiramente a coerência. Aquela que nos traz sustento quando em presença dos nossos interlocutores. Sejam eles os políticos, os bispos ou o comum do cidadão. Mas como mais uma vez me deu para  dissecar a propósito de D.Januário e suas intervenções cívicas, continuo a não lhe perdoar estes dois pesos e duas medidas no campo particular da política. Se é que o deve e pode fazer.

Convém nunca esquecer que, regra geral e em Portugal, a vitória de uma facção política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham. Não queira o senhor bispo engrossar ainda mais o caudaloso rio de imprudências que já tantos nos obrigaram a transpôr. Às vezes  a intemperança da língua não é menos funesta para os homens que a da gula.

Mário Rui