domingo, 6 de janeiro de 2013

Amigos para sempre




Amigos para sempre. Há pessoas que entram na nossa vida por 'mero' acaso; mas é por acaso que aí permanecem!

Mário Rui

Do aniversário do "Expresso"




De tudo o que vi e li a propósito dos 40 anos de vida do semanário Expresso, pouco me ficou. Apartando o estado enérgico e alegre do seu director, Ricardo Costa, de resto legítimo e compreensível, não me parece que desta comemoração tenha ressaltado muito mais que um normal estado de efeméride que se quis vincar. Fiquei com a sensação, isso sim, que todo o conjunto de elementos reais, e também os  abstractos, usados para a mesma finalidade, mais não foram que, invocando Antero de Quental, uma espécie de “escola do elogio mútuo”, que se juntou para marcar uma data. Bem sei que não se convidam os inimigos para a nossa festa de anos mas, parece-me, e isto sou eu a pensar alto, que dias festivos para a imprensa, o tal quarto poder,  deveriam também servir para fazer um balanço dos seus insucessos já que, relativamente aos sucessos, esses já lá vão. Veja-se ou pense-se no recente episódio, triste, do Baptista da ONU e respectivo alvo a atingir. Neste passo, devo acrescentar a minha costumada relutância quanto à compra do semanário, pois acho que há muito deixei de apreender independência ao lê-lo. Fico aborrecido comigo mesmo quando, da minha leitura e interpretação, resulta um método de análise pelo qual, invariavelmente, sou levado a concluir que leio coisas coladas (ou confundidas) a regimes vigentes. Subjectivo? Talvez. Mas sou eu. De resto, creio que é aqui que reside de facto o problema de muita da nossa comunicação social. Uma certa cumplicidade com a administração reinante que, mais tarde ou mais cedo, acaba por levá-la ao lugar escarpado a que julga não ter chegado. Enfim, coisas da política caseira e sem qualquer vantagem para quem escreve e para quem lê. Mas voltando então à efeméride do Expresso, e na tentativa de retomar, eu mesmo, a boa maneira de interpretar um conjunto de informações isentas de cumplicidades, o que espero é que futuramente o  jornal me devolva esse jeito de ser diferente. Acresce que assim se reganha o leitor. Se bem percebi, e com as óbvias diferenças, em meu desfavor,  António Barreto também o disse na crónica incluída na última edição deste semanário: : (…)  Um semanário tem mais responsabilidades na actividade de “desvendar” os factos opacos ou “misteriosos” do que os diários ou as televisões. Muito do que se passa na sociedade e na política é totalmente incompreensível se não for devidamente tratado e esclarecido. As causas concretas da dívida portuguesa e o deficit dos anos 2005 a 2013, por exemplo ainda estão hoje razoavelmente encobertas. (…)

Mário Rui