segunda-feira, 18 de junho de 2012

Genialidades


















A aparência, cheia de beleza, dos mundos do sonho, na produção dos quais estes homens foram artistas perfeitos, deve ser para nós (pelo menos para mim é) a condição prévia de todas as artes. Com eles sentimos prazer, ontem como ainda hoje, na compreensão imediata da forma. Todas as suas formas nos falaram, nos tocaram profundamente, nenhuma nos foi inútil. É difícil encontrar no nosso pequenino mundo exemplo igual. Durante o reinado destas figuras, havia multidões cada vez mais numerosas  que eram movidas pelo sopro desta potência , cantando e dançando, de lugar em lugar, até que o êxtase as deixasse perfeitamente embriagadas de doçuras, sonhos e arrepios de felicidade. Há gente cuja aliança que a une ao mundo deveria ficar selada para todo o sempre através da magia do encantamento e do génio que foi seu e que transmitiram a milhões de seres.
Chamaram-se Beatles! E nós somos muito egoístas quanto à nossa condição de preito que lhes devíamos prestar.

Mário Rui

As forças de segurança e a sua comunicação





















As forças da autoridade que têm o dever de nos proteger são muitas vezes acusadas de usarem e abusarem da força em situações que nem sempre o justificam. Isso pode ser grave, mas grave é também o facto de elas viverem aparentemente isoladas, achando pretensiosamente que a imagem que o país e os portugueses têm delas não lhes interessa minimamente.

E só quando determinada situação – que acaba, naturalmente, por ser menos mediatizada do que a própria actuação (normalmente, carga) policial - começa a ser badalada na comunicação social e nas redes sociais por anónimos indignados e, por isso, a fugir ao seu controlo, se escondem então  à margem de comunicados pouco esclarecedores que terminam invariavelmente com um “foi aberto um inquérito para apurar responsabilidades”.

Quero com isto dizer que a comunicação das nossas forças de segurança é fraca e isso é grave. É grave porque nenhuma instituição se faz credível sem uma comunicação clara, transparente e célere. Quer aos olhos dos públicos internos, quer externos. E depois, porque aos olhos dos portugueses que se deviam sentir protegidos, essa falta de comunicação e, portanto de transparência, gera desconfiança e insegurança.

E são inúmeros os casos em que a falta de comunicação das autoridades se revelou prejudicial para a sua própria imagem: dos incidentes no Dragão Caixa, ao pai desarmado com o filho ao colo que se queixa de abuso da autoridade, à jornalista da Lusa agredida durante uma manifestação em Lisboa, apenas para citar alguns.

Não me recordo, em nenhuma destas situações ou noutras, de nenhum relatório tornado público – e se o foi, pelos vistos não terá sido o suficiente - que justificasse as respectivas actuações policiais. A terem sido justificadas, teria ficado bem um comunicado - no mínimo - que esclarecesse cabalmente as razões de tal intervenção. A terem sido despropositadas, estaríamos perante um cenário de comunicação de crise que exigiria uma rápida actuação da administração em conjunto com os respectivos departamentos de comunicação.

Posto isto, não é de estranhar que cada vez mais nos sintamos inseguros face às autoridades que teimam em isolar-se e em não compreender e concretizar os princípios básicos da comunicação.

E quem não deve, não teme, não é?

Rui André