terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Levar a carta a Garcia



"O Governo quer garantir que «já em Janeiro» haja a diluição de, pelo menos, um dos subsídios atribuídos ao sector privado através do regime de duodécimos, conforme previsto para a Função Pública."

Palavras do ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, no final de uma reunião em sede de concertação social.

Não acredito, tal é a confusão que grassa por aí. Desde logo confusão, outra coisa não seria de esperar, dado o inenarrável modo de comunicar desta gente que diz governar. Já nem falo do modo como governam! O mínimo que exigimos é que nos digam claramente de que maneira é que vamos ser 'sacrificados'. Eu sei, eu sei que quando a casa está a arder, a gente esquece-se até do almoço. Sim: mas depois a gente come-o sobre as cinzas. É o nosso 'sacrifício' levado ao extremo. A mesma abnegação deveria ser timbre de quem tem em mãos a tarefa de combater, dizem, o precário estado a que chegámos. Os que se alcandoraram à liderança do nosso actual viver. Nunca se deve menosprezar o benfeitor, o povo que paga. Mas não. É tal a distância que colocam entre governantes e governados que, o que poderia ser uma esplêndida possibilidade de grandes sentimentos, acaba afinal por ser um contínuo repousar em cima de nuvens. É necessária uma nova justiça. E uma nova palavra de ordem. "Teremos do país a consideração que soubermos merecer pelo que aqui for dito, pelo que aqui realizarmos". Foi Sá Carneiro quem assim falou, e bem. Hoje, sem pontes que permitam ao mensageiro levar a mensagem, dificilmente comunicaremos. Governo e país. Estou enjoado de tanta incomunicabilidade. Abram melhores sulcos de mútuo entendimento e se necessário for, e é, pois que seja o próprio ministro a 'levar a carta a Garcia'. Se for entregue, todos perceberemos a nossa própria sujeição, ainda que a ela não nos remetamos de cara alegre.

Mário Rui