segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Efectivamente



Tenho acompanhado o evoluir das inundações que ocorreram durante o dia de hoje na capital portuguesa  e, para além de lamentar o sucedido, como é óbvio, há uma nota comum no dizer de todos os envolvidos na prestação de ajuda que me parece digna de registo. Trata-se do advérbio de afirmação “efectivamente” que, usado  e desgastado de tanto ser dito, mais se assemelha a frontaria de crepes do que a bom e escorreito modo de construir frases em língua portuguesa.  O bombeiro diz que «efectivamente choveu muito», o comandante acrescenta que «efectivamente foi uma situação problemática», o técnico de saúde soma-lhe «efectivamente o pânico tomou conta de algumas pessoas», o repórter amigo e atento regista «…o que efectivamente aconteceu hoje em Lisboa …», o responsável pela protecção civil refere que «efectivamente o pior já passou» e até o dono da vitrina inundada diz «… a loja ficou efectivamente debaixo de água». É muito “efectivamente” para que de facto possamos libertar as frases desta represália ferina que acontece sempre e quando se recorre abusivamente a esta luminosa arquitectura linguística para mostrar aos demais o quanto falamos bem mal a língua de Camões. Mas isto sou eu a pensar alto e a dar conta das dificuldades hermenêuticas patentes nas lutas de inteligência de muito boa gente. Enfim, realmente parece-me que não vale a pena estarmos votados ao martírio de certas lides cerebrais porquanto falar bem português também pode ser, e é certamente, destilar outras palavras maravilhosas, também lusitanas de gema, evitando sempre repercutir a já tão coçada mania do pretenso brasão oral. Sobretudo por uma razão soberana: é que familiaridade abusiva com alguns termos do nosso idioma, conduz necessariamente ao desleixo da língua pátria. “Efectivamente” há que deixar em casa oralidade repetitiva e julgada aprimorada, ainda que não incorrecta,  uma vez que assim desperdiçada sempre seria melhor aproveitada para fazer xarope para o Inverno que aí vem – o das não esperadas mas quase certas futuras cheias. Ah, só mais uma coisinha: não sei se houve mais “efectivamente” porque “decididamente” quem devia preocupar-se “atempadamente” com o escoamento do saneamento feito “pluvialmente”, está indisponível  “intemporalmente”. Verdadeira e “lamentavelmente”!!!    
 
Mário Rui
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O Papa e a Albânia - Setembro de 2014



Indiferente a tudo o que seja diferente, no melhor dos sentidos, o Papa Francisco continua com exemplos de relacionamentos ainda que alguns destes possam oscilar entre o sonho e o pesadelo. Mesmo sob a ameaça de alguns fundamentalismos e seus óbvios riscos, para este homem o importante é condescender, confiante em que a mensagem que leva será sempre recomendação dirigida a todos os que lutam com incertezas, armadilhas e erros. Mais interessante ainda é que apesar de rodeado de tanta diferença, sempre está cercado por uma respeitosa unidade de multidões. Já são poucos os que demonstram esta humildade e coragem pelo que o fascínio de homens assim é tesouro a guardar. A sério!
 
Mário Rui
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Borboletas que voam, voam...




Eu bem dizia há uns dias que até a borboleta se queria pirar. Aí está. Já foi!
Campanha Novo Banco, novo símbolo: borboleta voa, ficam as asas.
 
 
 
Mário Rui
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