sábado, 22 de março de 2014

Tão diferentes eram e no entanto são tão iguais



















Um ramalhete muito raro




Quatro ex-ministros das Finanças juntaram-se para abordar os problemas que afetam o país.


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Tão diferentes eram e no entanto são tão iguais

 Realmente não há nada melhor que ter sido ex-ministro de qualquer coisa já que esta condição parece ser requisito mínimo para se obter o mais vil impudor no que toca ao pensamento e acção de certa gente. Os que ontem pouco fizeram para evitar a falência do país, porque incompetentes,  hoje voltam à boca de cena, não para pedirem desculpa pelo seu duvidoso desempenho mas antes para mostrarem o segundo ou terceiro acto de uma tragicomédia anunciada, continuada, e da qual, pelos vistos, continuam a não sentir o menor arrependimento.  Vergonhosa esta actuação no teatro das nossas desesperanças. Acham eles que agora é que vem o belo canto quando afinal o acto que nos mostram, mais um, é apenas a extensão do terrível. Julgam enganar-nos ao tentarem fazer com que a aparência supere a realidade, mas não, o triste espectáculo das suas governanças contabilísticas  nunca será mais verdadeiro do que a realidade. Também é lamentável que a cena mediática persista na instantaneidade, no imediatismo e na ubiquidade destes actores de terceiras séries pois que, assim sendo, está a contribuir não só para o encolhimento do nosso tempo de acreditação moral mas sobretudo a contribuir para a privação mais ou menos completa da sensibilidade geral. São apenas acontecimentos que correspondem à desvalorização das nossas eventuais simpatias, tratando-se pois de uma pretensa deontologia política completamente estilhaçada.  Agora, do outro lado da barricada, é fácil criticar o caos presente mas é incompreensível como é que se pode celebrar uma proposta de atitude diferente para o futuro se foram estes mesmos que o enegreceram! Os actores de terceiras séries, como dizia lá atrás, querem que o aleatório, o efémero e a incompetência das sua atitudes económicas e mesmo das suas actividades no domínio da moral, se transformem em ideias com fundamento, de transcendência e já agora de duração. Tais ex-governantes  economistas  “neoclássicos” não passam de agentes depreciativos de nós mesmos. Crer em tal estirpe virulenta é continuar a desfigurar o nosso dia-a-dia, razão mais que suficiente para que, se tivessem pinta de senso de verdadeiro orgulho político, escondiam-se e não mais apareceriam em público. E tem mais: um dia, se a história se encarregar de os julgar, coisa de que aliás infelizmente muito duvido, então que se juntem ao diabo que também precisará de se sentar no banco dos réus, embora só este último deva  ter direito a advogado. Por toda a imensa urbe que nos rodeia encontraremos por certo população que ‘defenda’ os outros. Não foi Deus que ofereceu as leis aos homens para que eles pudessem cumprir o Bem?

 

Mário Rui
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