quarta-feira, 8 de junho de 2022

Estarreja d'outrora

Fotografia de grupo da família Barbosa Sottomayor, de Estarreja, datada da última década do século XIX

“Recomendavam então os mestres do retrato, a pose imutável. Intermináveis segundos asseguravam a exposição à luz e consequente fixação da imagem no brometo de prata. Assim, qualquer movimento, ainda que imperceptível, anularia todo o esforço anterior. Eis revelada, na sua simplicidade técnica, a razão destas expressões sisudas tão características nos retratos de antanho, os olhares fixos, arregalados ou semicerrados, cabeças e braços apoiados, mãos crispadas na busca da naturalidade perdida. A essa dura prova, sem dúvida importante no desempenho da sociedade de “fin de siécle”, não escapou também a Família Barbosa, de Estarreja”.


Mário Rui
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Salreu/Estarreja d'outrora





Mário Rui
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Torrreira/Murtosa d'outrora



Mário Rui
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Dois centímetros que na leitura dos cientistas da bola, são quase dois quilómetros

Dois centímetros que na leitura dos cientistas da bola, são quase dois quilómetros

A ditadura milimétrica promovida pela tecnologia, de facto ajuda sobremaneira à paixão pelo futebol. Estamos a melhorar muito, mas piorámos bastante. A mim pouco me diz esta propalada sacrossanta maneira de ajuizar, quando quem a vê, a utiliza e dela faz lei, são olhos com meneios ocultos de fanatismo. Dois centímetros em fora-de-jogo, é a única verdadeira e eficazmente poderosa arma, das que compõem o futebol moderno em Portugal. Dois centímetros em fora-de-jogo apenas abrem caminho e subministram pretextos por todo o país a uma reacção deplorável seja a que clube for. É um acontecimento grave, tanto pela sua “violência” e exageração como pelos efeitos desumanos que despertam, porque a essas manifestações decididas pelo olho electrónico do VAR, associadas a uma certa inquisição humana, se deve juntar uma reacção moral que desmoraliza quem gosta do jogo. É aí que está o perigo para o futuro. Passando triunfalmente no meio das multidões no estádio, assentando no velho e roto pavês do absolutismo, que se eleva sobre uma selva de dúvidas, é um espectáculo repugnante mas muito “útil” a este progresso da aparência. Ou seja, moral e economicamente, os desvarios que se estão perpetrando e o exubero que se tem vertido no fora-de-jogo, virão certamente a ter preço de resultado imenso, que será a aniquilação do jogo da bola por essa força bruta da ciência e de mentes encarregadas nominalmente, ou não, de cumprir um dever que é uma ofensa para todos os clubes e seus adeptos. E quanto mais se abusar delas, mais depressa chegará o dia do último desengano, e o futebol, amestrado por experiências tremendas, cortará, enfim, a última artéria que ainda lhe faz bater a bola no relvado, tal é a tirania desesperada aplicada a lances destes. Tudo isso tumultua e brada e, assim, os milagres absurdos multiplicam-se, o que é altamente prejudicial para a competição. Sem o chamamento de todas as partes inteligentes ao relvado dos clubes, jamais se resolverá para melhor esta regra estúpida do jogo. Mas que não venham revestidas de mil teorias que surgem para morrerem, de mil esforços perdidos. Salve-se pois o FUTEBOL!



Mário Rui
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