quinta-feira, 28 de março de 2013

Os meus embustes




















Eis a agitação das supostas audiências que só existem na narrativa e na cabeça de alguns jornalistas, comentadores, políticos e na de uma mão-cheia de partidário-arregimentados. Em tudo igual ao futebol, quer se trate de um Porto-Benfica ou outro qualquer clássico. Discurso que cheira a tradição escrita ou oral de coisas muito duvidosas ou inverosímeis. Vale para Sócrates, ontem mesmo, como vale para Passos, Tozé, Ca..vácuo. O que me dói saber da não existência de estadistas que me falem do homem-novo e do país igual, amigo, para quase todos. Para o melhor e para o pior, a vida tem uma só entrada; à míngua de grandes líderes tem sempre cem saídas. Cada uma delas ao jeito destes indivíduos cuja imaginação própria exagera, a razão escasseia e o juízo não regula. Muitos bens resultariam para a felicidade individual e social se as intemperanças pessoais, plasmadas no ataque ao outro, dessem antes lugar ao progresso de Portugal e ao bem-estar dos portugueses. Mas não! O que importa é discutir o acessório. Marcam-se ‘golos’ e assim o povoléu rejubila.

- o meu ponta-de-lança é melhor que o teu.
- então de cabeça é um exímio jogador. Apostemos nele e o título será nosso.

Esta modalidade desportiva semelhante ao futebol, com regras políticas adaptadas para ser jogada num campo de areia movediça, iguala-se ao teatro deste país onde a cada instante saltam inumeráveis actores aos quais sucedem imediatamente outros que continuam e executam, sem interrupção, os dramas infinitamente variados que no dito ‘teatro dos sonhos’ se representam.

«E aí está! Nós a pensarmos que um navio ia vigiar o litoral, garantir a paz interior, impor o respeito ao estrangeiro, dar protecção ao comércio, - e no fim o que o navio vai fazer é significar às colónias que a Pátria melancólica lhes manda muitos recados e os seus suspiros! Ora neste caso a marinha pode ser dispensada» (Eça de Queiróz de “As Farpas”)

Mário Rui