segunda-feira, 26 de novembro de 2012

RESTAURAÇÃO NACIONAL





Um país sem rei nem governo e Alcácer-Quibir a abrir fendas numa já então consolidada pátria. Ao tempo, a nobreza tradicional e a iluminada burguesia entregaram à  Espanha dos Filipes o reino de Portugal. Assim, de barato e de boa-vontade. Chamaram-lhe de União Ibérica. Vejam lá bem do que se haviam de lembrar! Reino unido de Portugal e Espanha, a primeira união europeia a que havíamos de aderir voluntariamente.  Quando tudo isto aconteceu, estávamos mais ou menos no mesmo abismo em que hoje nos encontramos. Nesse tempo, como hoje, e diziam que a troco da nossa independência política, também nos prometeram mundos e fundos. Acabámos por alinhar em guerras que não eram nossas, em armadas invencíveis, trocámos os nossos valores por coisas. Até deitámos ao lixo velhas e honradas alianças. A haver diferenças quanto à adesão, só o facto desta ter sido feita através das Cortes, mas não sem a excepção, vertical e sublime, diga-se de passagem, de um português de seu nome Febo Moniz.  Febo Moniz, funcionário no Paço Real nomeado procurador nas Cortes de Almeirim de 1580 e que se opôs à escolha de Filipe II de Espanha. Quando o rei de Espanha tomou o trono de Portugal, Febo Moniz foi preso, morrendo no cativeiro. Bonita União. Mas, rezam as crónicas, Espanha governava e deixava aos portugueses umas berças do território para administrar. Mais dizem que, a coisa até nem corria muito mal já que não havia alternativa. Como hoje sói dizer-se. Coincidências das adesões. Da mais recente, disseram-nos, haveria de ser o renascimento de um Portugal moribundo. Tretas! Afinal nem o país estava moribundo nem tão-pouco voltou ao estado de graça. Volvidos sessenta anos, os portugueses bons reconheceram o erro e fizeram o 1.º de Dezembro de 1640! O Dia da Independência. Um dia assim, no tempo que corre, há-de vingar, há-de vir, acredito. Só não sei quantas luas serão precisas para voltarmos a ser portugueses. Se até o Dia da Restauração da nossa soberana vida está para se finar, digam-me lá em quem acreditar. Em nós ou em quem voltou a trazer Alcácer-Quibir?   

Mário Rui

1.º de Dezembro

























Mário Rui