quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A paz podre ou como dar verniz à vida por meio de artes inúteis



Pelos vistos já se pode falar em “enxame” de aviões russos pois só este ano mais de cem sobrevoaram espaço aéreo europeu, voos não comunicados previamente, criando desse modo um clima de tensão entre a Rússia e a NATO. Dizem os analistas destes assuntos que nem durante a chamada “Guerra Fria” se verificou tal actividade nos céus controlados pela Aliança Atlântica. Em todo o caso, cá para mim, este recreio aéreo russo não se resumirá a um conjunto de imagens altamente mediatizadas, objectivo primeiro vindo lá da Mãe-Rússia, mas antes volta a ser a expressão de um poderio materialmente traduzido e que no fundo representa o modelo presente de afirmação militar dos russos, afinal não muito diferente do arqui-rival americano. Para cúmulo do desaforo, e no que ao azul celeste do firmamento português diz respeito, já me basta o que por cá se vive pelo que esta mania de alguém vir passear ao quintal do vizinho longínquo sem licença, é coisa que me chateia solenemente. Que alguns queiram fazer fortuna à custa de meio mundo já de si é velhacaria que me repugna, agora guerrear ou escarnecer à custa de outro meio é que já não me entra. Acresce que, na dúvida, eu duvido, e se uma foi “guerra fria”, espero bem que a haver próxima, indesejada e indesejável, não seja uma verdadeiramente quente a modos de acabar com o que nos resta. É que às vezes os tidos por sonsos tornam-se subtis e os lúcidos absurdos e estúpidos e vá lá um homem perceber de que lado deve ficar. Uma pegajosa dúvida que não descola!
 
Mário Rui
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domingo, 26 de outubro de 2014

Stress Positivo



Falar em campanhas que incrementem valor social à comunidade em que vivemos, eu percebo. São batalhas que valem bem um esforço e raramente causam stress. Agora se me falam em testes de stress à banca nacional, aí já a coisa deixa de ser entendível e passa a traduzir-se, segundo a minha mal dotada cobrança para tais assuntos, em resultado obtido após mais um mero “desastre sanitário” decorrente de exame feito a alguma dessa mesma banca. Li algures que o BCP terá chumbado em teste de tal natureza recentemente efectuado, tendo em conta o balanço de final de 2013, no cenário adverso. A tradução deste código linguístico, ou se preferirem técnico, é-me indiferente, pois o que me parece necessário reter é a parte onde se fala de cenário adverso. Já não só o que respeita ao próprio banco, mas muito especialmente o stress que também ataca ferozmente algum jornalismo cá do burgo, enfileirado com outras doutas, esclarecidas e convincentes opiniões sossegadas e calmantes de espíritos alheios, que previram e insistem em encorajantes pressentimentos. Ora repare-se; “…no entanto, graças às medidas de reestruturação que tomou em 2014 o banco liderado por Nuno Amado deverá ficar dispensado de quaisquer medidas adicionais de reforço de capital” , “…BCP antecipa contas e não vai precisar de reforçar rácios de capital”, “…o Banco Espírito Santo está a salvo”, “… a declaração de solvência do Banco Português de Negócios é efectiva” , “… há certezas quanto ao bom estado de saúde do Banco Privado”. Tudo conjectura a acertar na muche. Parabéns, pois. É justamente deste stress que eu mais percebo e a quem voto a minha admiração sobretudo pela certeza de refrigério que incute aos preocupados. É o chamado stress positivo, e viva o momento em que o apostolado deste saber, deste dever e da adivinha, vire caduco!!!
 
Mário Rui
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O encanto do virtual



Tivessem estas imagens sido o passaporte para um futuro tão risonho quanto o que os seus mentores nos quiseram fazer crer e hoje estaríamos certamente num jeito de vida que em nada se assemelharia ao presente afinal existente, quão difícil de entender. À luz dos dias que correm, tratou-se simplesmente de propaganda feita com objectivos contrários à igualdade, aos bons hábitos, e mais não fizeram senão exercer uma infindável influência sobre a maneira de pensar e de sentir de milhões de pessoas. Foi propaganda que se encarregou de anunciar, enganosamente, os novos bens que iriam bater à porta dos desprevenidos e a que poucos ousaram resistir pois que a perigos assim expostos, os demais, acharam por bem calá-los evitando desse modo mais triste vida do que a levada até então. Hoje, a propaganda, embora diferente quanto à forma, e pese embora o encadeamento dos tempos que nos deram informação acrescida sobre as petulantes fórmulas outrora estabelecidas, não é muito diferente no que toca ao conteúdo. Bem se sabe que as modernas democracias já não têm espaço para acolher a autoridade musculada do grande chefe ou a do timoneiro, mas nem por isso a tendência para submeter o outro à norma propagandística deixou de ser usada. Não é por se terem mudado antigas crenças ou por se terem alterado costumes antigos que se conseguiu abrir caminho e mentes para todas as coisas novas e de boa natureza. Os recorrentes casos de malfeitorias infligidas a muitos países, sobretudo ao nosso, cobertas sob o manto de uma “respeitável” identidade individual ou de pequeno grupo, assentes em novo estilo de propaganda, deram e continuam a dar cobertura inimputável a tais actos e respectivos artífices beneficiários dos ricos proventos que dessas práticas resultam. O que talvez diferencie este tipo de propaganda de ontem relativamente à de hoje, e em especial os seus mentores, será a forma, como já referi. Se antes o desrespeito pela norma “pedagogicamente” propagandeada era punido severamente e em tempo de sofrimento curto, agora, os novos fazedores deste género de doutrina do convencimento, lançam mão de original estratagema; estão sempre prontos a condescender com a rebeldia dos que não estão convencidos, mas não sem que antes tenham a quase certeza de que a procura pelas suas “recomendações” venha a dar os resultados pretendidos. É tudo questão de modo como se estabelece o padrão que mais tarde oriente o gosto dos outros e isso basta para os ganhar para a causa. No mais das vezes, ou se calhar sempre, chegam as relações virtuais contidas e mal percebidas na mensagem propagandística, mas isso também não conta para nada posto que, melhor ou pior, muitos se rendem a essa pressão. Pode-se perder algo de um lado, mas depois ganha-se muito de outro! E assim sendo também pouco importa se entretanto se deixa um sem número de vítimas pelo caminho, como outros o tinham feito antigamente, com mais furor e sangue, é verdade, mas afinal não muito diferente de hoje já que, no presente mundo, a emergente propaganda virtual difundida não olha a ganhos mútuos, como de resto outrora acontecia. Tal como dantes, o entendimento de “relação” é a coisa mais traiçoeira que se possa imaginar e se em tempos idos se dava muito uso à guilhotina ou à prisão, agora nem é preciso contacto para eliminar fisicamente os desprevenidos, os descrentes e os insubmissos. Para acabar com eles basta fazer “delete”, coisa virtual mas igualmente eficaz, nessa máquina infernal com teclado ao alcance dos dedos de um qualquer fazedor desse género de doutrina do convencimento a que antes aludi. Pode-se-lhes prometer tudo, aos ditos; o sol, a praia, a boa vida, o apartamento, o empréstimo para as férias, o carro, a mais valia da cotação bolsista, o vício, o bom voto, o banco novo, o velho banco, uns bons « fait divers» , o gozai sem barreiras, a volúpia, a felicidade, o bom governo, o benefício da taxa social, a renascida solidariedade, o ensino tendencialmente gratuito, a PT que foi do Bava, uma nova empresa de saudáveis águas, outra que regule a vida da cidade, ou mesmo a maneira de atingir o orgasmo fácil. Mas atenção, se toda esta gente mostrar ingratidão futura para com tanta propaganda seguida desta farta oferta virtual, então depois façam como sempre têm feito; comecem por mutilá-la docemente e vão por aí fora até ao “delete”. Apagada que esteja do mundo dos que ainda sobrevivem, outra virá, e nessa altura só há que acender os novos néons da propaganda, ciclicamente virtual como convém, pois tais vendedores da banha da cobra já há muito devem ter percebido que por mais justas que sejam essas manifestações de ingratidão, elas não são, segura e infelizmente, testemunho do descrédito deles mesmos, dos tais vendedores.
 
 
Mário Rui
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domingo, 19 de outubro de 2014

Seiva fértil



“Aos 50 anos, a actividade sexual não tem a importância que assume em idades mais jovens."
A afirmação consta de um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo e serviu de justificação para reduzir a indemnização atribuída a uma mulher, que devido a um erro médico nunca mais conseguiu manter relações sexuais.

 
Há pessoas que não deviam tomar ou julgar a sério as coisas que não dependem delas próprias. Como o amor, o sexo, a amizade, a glória e por aí adiante. Sobretudo porque nesta matéria ninguém tem o direito de se considerar o outro e se há prazeres de vida que são rapidamente digeridos isso não significa que, depois, o apetite não volte. E mesmo que venham as artrites, isso quer dizer que já não há vida interior? Ora, ora, só faltava então o aparecimento dos entendedores de apetites e desejos amorosos ou sexuais para darem novo rumo às paixões privadas. E ainda que aos 50 anos o amor e a actividade sexual  levem mais tempo a cescer do que a diminuir, a julgar por este acórdão, será a isso que se devem então submeter os cinquentões, ou seja, reduzidos a um capítulo de memórias? Então depois da aposentadoria a dita actividade, e outras, não servirão também aos mais maduros  de informação sobre o que cada um  deveria ter feito e não fez?  Não me venham com intuições súbitas e deixem-se de rotulagens enganosas. Meio século de vida não é pétrea imobilidade, também pode ser vigor feito de argamassa antiga.
 
Mário Rui
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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Pedras rolantes


Ruínas? Talvez sejam só a lição de um tempo em que as coisas outrora vivas, e quantas vezes generosas, se deixaram arrastar inexoravelmente por entre as nuvens e marés de uma vida longamente acontecida. Algumas são também deuses com pés de barro, pacientes em aguardar o fim de uma distração que leve ao vestígio. Outras serão memórias de um belo poema findo justamente quando todas as pedras aparecem mortas na rua. Na barafunda de todos estes testemunhos, fica-me a alegria por lhes poder falar mas também a condolência pela dor que em si mesma a ruína reflecte. Mas tem história, tem factos, vanglórias e desgostos, e possui ainda alma esculpida a martelo e cinzel onde se demoram, parecendo ilusoriamente desfeitos, os restos marcantes ou de jóias, ou então, não importa, de refinadas tolices de uma existência. A das pedras, a do escultor e por fim do alguém que em tempos volvidos fez destes agora despojos, quiçá, uma estupenda significância. Vale sempre a pena fitar o que se desprende ou cai, espólio que se entranha mostrando a fisionomia do que foi. Em parando ante herança assim vista, vivo interiormente o êxito de toda esta exibição de momentos que devem ter feito as disputas, os alaridos, as conveniências ou as sãs convivências de gente de luas idas. Detenho-me, e olhando pensando, estou como que dizendo que não vivo só comigo mesmo e então este cortejo de ruínas logo vira respeito, muito respeito e saudades por ‘majestades’ extintas, mesmo que estas pedras que agora rolam pelo chão sejam memórias de fortunas ou fracassos. É história com essência! O resto, com o vagar de quem as percebe, às pedras e aos que as povoaram, há-de ser sempre um limpar de olhos evitando mostrar a lágrima que as recorda.



Mário Rui
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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

ÉBOLA


 
Ao contrário da ideia com que se fica pela leitura da imprensa, não existe qualquer razão para recear que o vírus Ébola se possa transformar numa pandemia à escala mundial (LER AQUI).

Manuel Pinto Coelho



Se eventualmente fosse um tolinho a dizer o que este médico, doutorado em Ciências da Educação, disse, eu até perceberia a patetice do discurso. Agora leitura assim feita e vinda ainda por cima de alguém com responsabilidades na área da saúde, parece-me coisa algo insólita. Pois, já todos percebemos que “semear o pânico pode ser um negócio muito lucrativo que importa desmontar”, mas também convinha lembrar a este médico que para essa luta já não vamos poder contar com as vítimas do Èbola. É pena! A menos que, munido de fato especial para o efeito, ainda que isto também lhe possa parecer uma palhaçada, pelo vistos para ele contrair Ébola é quase igual a uma unha encravada, se disponha a partir rapidamente para as zonas de maior risco e aí, isso sim, colabore no combate ao vírus que tem ceifado tantas vidas. Uma só bastaria para refrear este ímpeto de linguagem, mas enfim. Estou farto de activismo de sofá e mesmo que se trate de bom activismo, o sofá tem o mau hábito de conferir a algumas pessoas a eclosão de estados irritativos inócuos que em nada ajudam à desesperada luta de quem não quer fazer parte do enterro. O resto é prosápia e mesmo que algum mundo farmacêutico queira enriquecer rapidamente à custa da ignorância dos mais incautos, tal não justifica que a missão dos que salvam vidas, “quais marcianos envergando complexas máscaras junto de doentes suspeitos, imagens totalmente insensatas e dignas de um mau filme de ficção científica”, como diz o doutorado, se resuma a esta tagarela apreciação. Ora, como acrescenta o mesmo, se “a solução contra a epidemia consiste essencialmente em respeitar medidas simples usando o bom senso”, então muito gostaria que alguém sabedor me explicasse se evitar o Ébola se confina tão só à frescura de roupa lavada, boa nutrição e vitaminas, ou se, pelo contrário, é uma doença de pobres e por isso é que ainda não chegou a cura. Mesmo com políticas desumanas e interesseiras à mistura, vale sempre a pena o elogio ao esforço dos que estão no terreno travando luta contra a doença, e outros, mas também vale a pena acrescentar que se a facilidade fosse assim tão grande, então já um qualquer inventor tinha começado a vender preservativos contra os vírus. Barato e fácil, mas pelos vistos também não protege. Por isso é que, por ora, vale mais o precioso contributo dos que estão lá, no terreno, do que a paixão do bibelô escrito num qualquer jornal. Até mesmo o meu, aqui escrito, devo confessá-lo, embora jamais esquecendo aqueles que não têm interesses a defender, mas tudo a conquistar, ou seja a defesa da vida dos outros. Desses é que eu gosto mesmo.
 
Mário Rui
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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Tudo com o mais envolvente dos nojos




A praxe a recriar a tragédia no Meco, em que seis estudantes morreram afogados, foi feita por caloiros de Engenharia Eletrotécnica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão ESTG) do Instituto Politécnico de Leiria e ontem repudiada pela direção da escola e pela associação de estudantes.”
 
(jornal CM, em 03 Out. 2014)
 
 
Tudo com o mais envolvente dos nojos

 
 Esta escumalha juvenil que se diz pronta para a vida universitária, decidiu brincar com a tragédia do Meco, em que seis estudantes perderam a vida. Esta escumalha juvenil, repito, que chupa pontas de fumos e decilitros de outras coisas em nome da integração da estupidez e da bestialidade humanas, num tráfico infame e ignóbil de costumes e práticas que pretende governar as relações académicas, continua a larvar no seio desta miseranda existência. A deles próprios, mas também e sempre no seio da letárgica compaixão e imobilidade de quem tem por dever acabar com a nudez destes símbolos tétricos que jamais vão caracterizar vida digna de quem quer que seja. São jovens? E então? Estão a um passo da Universidade, estudaram para isso e para a vida, vivem em comunidade, alguém lhes deve ter ensinado(?) que as manchas de excitação irracionais devem ser sempre objecto de reflexão antes mesmo da acção, e ainda assim permanecem entregues à rota corrente da sua imunda imbecilidade? Nem a virgindade infantil assim procede, quanto mais agora continuarmos a aturar a folia bestiola destes jovens entrudos. É já tempo de chamar os bois pelos nomes e se a estes intérpretes dedico toda a minha repulsa e náusea por os saber assim, idêntica atitude remeto aos que, a seu tempo, permitiram, e insistem em tal anuência, que a reputação das suas escolas se visse, e se veja, pautada por estas ‘resolutas’ e ‘sábias’ maneiras de dar aptidões singulares a mentes ocas. Concluo pois que uns e outros são apenas farsadas trágicas do ensino que não devia habitar o meu país. E depois digam-me que não têm nada a ver com o assunto porque eu gosto muito que me mintam! Todos fazem pública a sua dissolução e desonra. É tudo!
 
 
 

Mário Rui
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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

E Portugal que espere!!!



Partidos reúnem-se de emergência para discutir bustos presidenciais na AR
(jornal Público)

E Portugal que espere!!!
Os fragmentos destas ‘produtivas’ palestras, apanhados de passagem, são um enlevo para o progresso do País. Ebulições longínquas de ruídos múltiplos que se abafam uns aos outros como se de coisa útil se tratasse. O que lamento é ser isto assunto de bandeira para alguma gentalha que habita o sítio, não deixando igualmente de lamentar que cenas desta natureza também sejam cuidadosamente consumidas pela fome do povo curioso. Quem disto se ocupa, nomeadamente os arquitectos de tais aventuras, faz destas tristes prestações o exemplo acabado da ânsia empolgante de que são feitos os gozos frívolos. Por mim, muito lhes agradeço estas gulodices de arraial pelintra pois estou certo que guardar estas conveniências, símbolo de uma terra que progride, vai fazer de Portugal um honroso defunto. Catem-se com o vosso leonino vigor na defesa da derradeira imobilidade para o que é importante, senhores deputados. Quase não se compreende como é que alguma prole ainda chega a deputado. Pés de junco seco, é o que são, e Portugal que espere por novo e reluzente busto!!!
 
Mário Rui
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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Hoje, (também) é o “DIA MUNDIAL DO IDOSO”




Existir é resistir
Não sei negar admiração a muitas pessoas deste tamanho pelo que, para essas, há sempre uma palavra de gratidão que é algo como amortizar uma dívida de respeito pelo que nas suas vidas foi exemplo transmitido a terceiros. Aqui fica o dever honesto de lhes “tirar o meu chapéu”, especialmente diante das que foram e são superiores. E que os mais novos percebam o que foi, na maior parte das vezes, uma vida cortada de trabalhos e dissabores e disso façam tesouro com vista a futuros aprendidos no fermento de sábias vidas assim tidas.
 
 
Mário Rui
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Dia Mundial da Música 2014








Mário Rui
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1 DE OUTUBRO - DIA MUNDIAL DA MÚSICA




Para dar música à música (Music was my first love)

E o que seria de nós sem a música?  É tão verdade que o reconforto supremo consiste em encontrar uma companhia que nunca falhe, quanto não é menos verdade ser a música essa proba companheira. Não discuto quando, como, ou onde, tanto pode ser na pausa de um tumulto, no deleite de um momento, como na lenta debilidade de um silêncio, até no enredo de um barulho, nas chatices que nos cumprem, na escassa luz que entra pela janela ou mesmo nos rumores que sobem de todos os lados. No curso do que for, em todo o tempo nos podemos extasiar quanto quisermos e ademais sonharmos para não dormirmos em vão. É isto tudo, a música, e também é decididamente calor da inspiração que cria a ideia feliz. Quem a busca sempre marca encontro e então as experiências que nascem no nosso íntimo dão-nos todas as aventuras que quisermos ter. É só ouvi-la e depois render-lhe homenagem pois que esta vida são tantas perguntas que, no mais das vezes, só a melodia feita musicalidade lhes dá absolutas e respondidas aparições, quando não menor tensão nas relações interrompidas. Ela própria promete esforçar-se em cumprir tudo isto pelo que vale bem a adulação que lhe é devida, ainda que algumas dissidências do viver, ser e sentir, continuem, todavia, por resolver. Viva a música das razões sedutoras, esse rigor identitário que densifica sentimentos de existências singulares, paixões mil que povoam sensações, sensibilidades, e não sei se não beija mesmo desígnios, porque inocências também as adoça.


Mário Rui
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