quinta-feira, 9 de julho de 2020

Ora, ora. Que se lixe lá o horóscopo


Ora, ora. Que se lixe lá o horóscopo. E eu a pensar que me ia dizer que a carteira se me abriria de par em par e farfalhuda, quando afinal está sempre ímpar, de notas. Está provado; uma pessoa para ser feliz não pode pensar. Nem em nota nem em alguma política. Da primeira porque a não tem, da segunda porque é uma grafonola velha e roufenha em que giram sempre os mesmos estafados discos.



Mário Rui
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OMS, fala-me de coisas sérias...


Que desejos não é lícito ter com um tempo destes? E se a OMS estiver agora tão atenta quanto esteve em Janeiro, bem podemos estar descansados, pois deve ser como urso a apanhar borboletas... E por aqui me fico, até ver, porque o exemplo já dado pela OMS constitui neste caso a melhor recomendação. No entanto, posso já não estar muito novo, gasto do corpo, mas são da memória, estou.



Mário Rui
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Capa "O Jornal de Estarreja", edição de Julho 2020




Mário Rui
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Por aí - Estarreja 2019





Mário Rui
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Ennio Morricone



D.E.P.

Ennio Morricone: 10 de Novembro de 1928, Roma / 6 de Julho de 2020, Roma.

Ennio Morricone, 91 anos, distinguido com um Óscar em 2016, morreu numa clínica em Roma onde se encontrava hospitalizado após uma fratura de fémur na sequência de uma queda, referem as fontes citadas pelos jornais italianos.
Morricone é autor das músicas dos filmes “Era uma vez no Oeste”, “Era uma vez na América”, “Por um Punhado de Dólares” e “Cinema Paraíso”, entre outros.



Mário Rui
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Quanto ao mais, Desleixo absoluto e Aleixo é que tinha razão;

“Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei,
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei”.

Não que seja coisa que me aborreça muito, mas se a minha voz valesse para ser escutada, eu pediria aos encarregados de vigiar em Portugal a instrução escolar dos inúmeros “escritores” que usam o Facebook para “botar discurso”, que os reunissem numa espécie de permanente congresso de higienização da língua de Camões.
Mas teria de ser congresso onde, a par do ensino gramatical e do vero culto às letras portuguesas, marchasse ainda o desenvolvimento do espírito aberto de modo a que não mais se rebaixasse o nível intelectual a um extremo tão agoniante.
E, já que estou nesta, não tendo no entanto a exposição que antes fiz muito que a ligue intrinsecamente ao que a seguir direi, embora também não concorra em nada para nobilitar os lusos escreventes, pediria ainda o seguinte; era que acabassem com essa degeneração linguística, de perversões inexplicáveis, que se chama “Acordo Burrográfico de 1990”.
Há quem lhe chame antes acordo ortográfico (AO 90), mas de acordo tem tanto quanto eu tenho de cientista de marmelos. E, de grafia, diria que também tem tanto, mas tanto de bom, que o melhor seria riscá-la já da tolerância pública!




Mário Rui
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Grande Regata dos Moliceiros – 4 Julho 2020






Partida da Torreira rumo ao cais das Pirâmides em Aveiro

A todos os moliceiros, o nome do construtor, do barqueiro e da tradição, lhes é caução.

Gosto, porque gosto, e chega-me. Seja pelo desvelado carinho dos donos que por eles velam e velejam, seja porque o barco adora anelar todas as ondinhas somadas aos ventos de proa, ou seja porque aqui e ali mergulha mais um pouco só para granjear uma alma nova, eu gosto. Há dias em que tem marés a quem a embarcação se acanha ante o que a maneja, e daí só se espraia no vasto das águas a quem tenha golpe seguro de vara, mão hábil no cordame ou bem falar à vela de lona. E já não abundam os que de pesada erudição navegante e de elevado estilo de manobra, ainda fazem dele um genuíno moliceiro. Contudo, é certo, para quem tiver sede de instrução, para quem bem os procurar, ainda os há que se achem e que sirvam. A água onde deslizam é molhada e fria, precisa de vela, varga e sirga, bolinão e barqueiro e, muito, muito mais. Gosto deles, e folgo em saber que os que hoje vi felizmente não deram com corações esquivos em peitos ribeirinhos. Ainda foram obras d’arte executadas pelos que trabalham a tradição de peito ao vento, rosto alto e olhos só fitos em gerar memórias de que tanto nos orgulhamos. E se o exemplo de um povo e de uma região ainda tem algum peso no pensar dos mais novos, então enjeite-se alguma teoria dita moderna que adora algum passado morto. Se ainda temos a ideia e os meios, tenhamos também a vontade, porque para o bem que acaba há sempre como trazê-lo de volta. Não será, pois, também em nosso proveito?



Mário Rui
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Das ventosidades consideradas causas


As ventosidades que têm muitas certezas estão sempre a tentar mudar o tempo enquanto que as que não têm tantas certezas procuram transformar-se a si mesmas. Descansem os mais novinhos porque não estou a falar de outra coisa que não seja a brisa que passa e hoje forte. E falo-vos também dos balõezinhos e dos moinhos de vento que vos sopram na cabeça fazendo-a andar à roda. É por isso que depois flutua na atmosfera um aroma bilioso e jactante, com um cheirete pegadiço encharcado de essências pataqueiras. A idade viçosa tem disto, acolhe sempre os “grandes” concertos de pássaros cantantes. E por cima de mim são tantas destas as aves que voam desafinadas que, cantigas delas, leva-as o vento. Assim, nunca mais te vais verde mocidade. E não te vais só por causa do espírito servil de imitação, característico dos temperamentos juvenis e muito mais das educações rudimentares. Hoje, o vento está forte, e os espíritos aéreos são os que têm a sua morada essencialmente no ar.



Mário Rui
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Jim Morrison, 49 anos depois


Jim Morrison, 49 anos depois (3 de Julho de 19719

Morreu em Paris a 3 de Julho de 1971, na banheira, aos 27 anos de idade. Muitos fãs e biógrafos especularam sobre a causa da morte, se teria sido por overdose, pois embora Jim não fosse conhecido por consumir heroína, Pamela Susan, companheira de longos anos de Jim Morrison, fazia-o (morreu de overdose em 1973) e é sabido que nesse Verão correu Paris à procura de heroína de uma pureza invulgar. Outra hipótese seria um assassinato planeado pelas próprias autoridades do governo americano. Jim Morrison foi referido como sendo o nº 4 a morrer misteriosamente, tendo sido os três primeiros Jimi Hendrix, Janis Joplin e Brian Jones (todos mortos com 27 anos). O relatório oficial diz que foi "ataque de coração" a causa da sua morte. Está sepultado no famoso cemitério do Père-Lachaise em Paris. Devido a actos de vandalismo de alguns fãs, por diversas vezes a associação de amigos do cemitério sugeriu que o corpo fosse transferido para outra necrópole. Em Abril de 2010, foi lançado o documentário When You're Strange de Tom DiCillo, que conta a história do grupo The Doors. O documentário é narrado pelo ator Johnny Depp. É sempre bom recordar quem nos fez sonhar e nos embalou em música que para uns foi uma espécie de Zen, para outros foi puro enlevo. Os homens dotados e que invariavelmente não compreendemos, distinguem-se dos outros devido a uma faculdade infinitamente maior de ver, de ouvir, de sentir. Às vezes "até na loucura há razões que a própria razão desconhece".



Mário Rui
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