quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Tecnologia? Empreendedorismo?


Tecnologia? Empreendedorismo? Claro que compreendo, aceito, e se for valor absoluto que possamos dar a todas as contingências desta vida, então tanto melhor. Sou também Gedeão porque “…o sonho comanda a vida” e “…sempre que um homem sonha o mundo pula e avança”. Já ponho algumas reticências é quanto a alguns “progressos” assentes em feiras de vaidades onde em demasiados momentos se podem ver imposturices, intrujices, diversões, recreações, bobos, imitadores e coisas afins. Não fazem falta nenhuma ao avanço. Progresso sim, mas desde que nunca desistamos dos humanos. Lembro apenas quatro dias febris de Web Summit, com aceno de aprovação pelo bem feito, mas já que falei em humanos entendo dever recordar o que não temos feito bem. Em Novembro de 2014, o concelho de Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, foi afectado por um surto de 'legionella', que causou 12 mortes e infectou 375 pessoas com a bactéria. Em Outubro/Novembro de 2017, começámos por ter mais uma dúzia de vítimas. Passou entretanto para 19. Aumentou para 26. Daqui saltou para 30 e não contente a bactéria, são agora 38! Entretanto, 2 pessoas morreram. Exactamente no sítio onde seria improvável tal episódio. Estranho, não é? Mas enfim, não somos de ferro, segundo certas opiniões. Somos fustigados por infortúnios, dependemos frequentemente de múltiplas ajudas, das outras pessoas. Pena é que não estejamos imunes a medos, a tristezas, já agora também a esperanças e desejos. Sim, já que no que toca a estes dois últimos, e no que à ‘Legionella pneumophila’ teria importado, esperanças e desejos foram coisas que não aprendemos com Vila Franca de Xira! Mais um fogo a que demos um diferente tipo de atenção ainda que alguns me possam falar de sucessos. Eu, falo em fracassos. Comprovados, infelizmente. Claro que esses sucessos devem-se aos mesmos de sempre; já os fracassos, evidentemente, dizem eles, devem-se à má sorte. Somos mesmo muito bons a enganar-nos a nós mesmos, sobretudo sobre os nossos próprios “méritos”. Ah, já agora deixem-me corrigir um outro baque, este de linguagem técnica dos entendidos na matéria da bactéria. Ainda que muitos possam não entender o que a seguir digo, na origem da dita não esteve, nem está, nenhuma torre de refrigeração. Teve e tem origem em torres de arrefecimento de água. Fica então a correcção, pois são coisas diferentes. E creiam que este sublinhado que faço não tem tendência para eu aceitar crédito pessoal, apenas serve para vincar mais um insucesso de quem fala sem saber o que diz. Que venha nova Web Summit, por muito satisfeitos que estejamos, precisamos de mais. Mas não sejamos também indiferentes a outras almas que deste mundo se vão por incúria de quem deveria tratar de as salvar. Mesmo que o futuro traga robots, os homens terão de continuar a viver entre os homens. Não esqueçamos isto!
 
Mário Rui
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