segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um dia o templo vem abaixo




















Ontem, era em 2015. Hoje, já é em 2018.  Assim vão os subsídios da função pública. Ora vão, ora voltam, mas a consistência desta conversa começa de facto a enfermar de debilidades político-discursivas. Sacrifícios, já todos nós os sentimos e percebemos. Decorrem dos homens impreparados em quem votámos, os que votaram, mal e vezes de mais, e que nos aliciaram com um mar de rosas quando afinal desaguámos num oceano profundo e tenebroso de inverdades. Mentiras. Já chega!  Para nos mentir já bastou o que agora estuda, em Paris,  a maneira filosófica de regressar.  O que diria Aristófanes, em a ‘Vespa’, se hoje discutisse a importância da verdade e seus benefícios, revelando a sua preocupação com a ética. Afinal é disso mesmo que me apetece falar. Da verdade. Até pode ser irremediavelmente certo que só lá para o fim do século XXI, se recuperem estes subsídios. Não me conformo é com patranhas, palavras loucas e incertas. De um momento para o outro, esta miséria disforme de palavras, junta-se e pesa sobre o coração dos que têm casa, filhos, impostos, taxas, obrigações, deveres, e nunca direitos. Alerta! Vem aí mais uma má notícia. Desta feita o famigerado I.M.I., que corresponde ao espaço geográfico que cada uma das nossas casa ocupa no universo celestial (leia-se Céu), só assim o percebo, também vai sofrer alteração. Mais caro. É outra mentira. Então se compro uma habitação própria, compro o terreno onde está implantada, pago a luz, a água, o saneamento, o gás, a televisão, o telefone, a taxa de rádio (à boa maneira salazarista) e, ainda por cima valorizo a terra onde habito, como é possível que mais tenha de desembolsar para aí poder estar?  Assim, mais vale não estar. Mais um imposto oco e que a todos os que o pagam só lhes retira vontade de cidadania e nojo pelo erro de quem pensa que este é o bom processo de tonificar os portugueses. E a nossa vida vai andando sob o signo da impotência. Até um dia... até quando?

Mário Rui

domingo, 29 de abril de 2012

sábado, 28 de abril de 2012

Cartomante


É pena já ter morrido....

Mário Rui

New look






































Mário Rui

Canduras?






































Mário Rui

Voar, voar

















Voar voar voar
descobrir o que há por trás do muro
O presente já é quase passado
Voar para buscar futuro

Mário Rui

Os Donos de Portugal



Uma miséria, a do Estado Novo, nunca vem só. Até tinha ideário. A da pobreza de um povo anafalbeto, inculto e o mais que quiserem. Pouco edificante.

Agora, há uma certa esquerda portuguesa que sabe diagnosticar. Mas também não sejamos ingénuos. Falta-lhe identidade própria para resolver os problemas sem ser da pior maneira. Também a do empobrecimento e da falta de liberdade que não seja a deles.

«Prefiro o Vasques homem meu patrão, que é mais tratável, nas horas difíceis , que todos os patrões abstractos do mundo» – Fernando Pessoa

Quer num caso, quer noutro, toda a obra é genericamente imperfeita. É por isso que sempre convém não pertencer a multidões.

Multidões, e quando politicamente partidárias, sempre tiveram um certo jeito para expulsar a vasta prole que faz a valia do mundo.

Mas, então D.Sebastião. Vens ou não vens?

Mário Rui

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Primavera árabe


















O espanhol Samuel Aranda foi o vencedor do World Press Photo of the Year 2011. A imagem, registada numa mesquita em Sanaa, retrata uma mulher vestida com um véu consolando um parente ferido durante os confrontos no Iémen.

Mário Rui

Artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, acerca de Portugal


















Artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, acerca de Portugal

"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrarem crescentes tensões e consequentes convulsões sociais".

Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da união.

Foi o país onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo.

Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre.

A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário. Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.

Não existe partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre o PS (Partido Socialista) e o PSD (Partido Social Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial abastado. Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica, diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade. À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio. Mais à esquerda, o PC (Partido comunista) menosprezado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais.

Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos.

Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação. Ora e aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à industria e comercio, à banca e com infiltrações accionistas de vários países.

Ora, é bem de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda. Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres.

A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos sociais-democratas, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.

Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia.

Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios.

Mário Rui

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Do 24 e do 25 de Abril














De facto algo teria de mudar. Seria de todo impensável manter o 24 de Abril nas condições de então. Entre muitas outras coisas, a guerra que matava, estropiava, desmoronava sonhos de jovens vidas , não poderia persistir. Um orgulhoso sentimento de estarmos sós também não servia de exemplo a nenhuma geração. O estar calado, ou falando para em seguida pensar atrás das grades, era do mesmo modo inaceitável.

Esforçando-me por perceber o pensamento político de então, só lhe encontro uma substantiva razão para o manter. Burrice ou então, se preferirem, falta de inteligência. Mas porquê? Tão só porque, a meu ver, a classe dirigente dos tão apregoados 48 anos de semi-escuridão, não resultou de qualquer ecplise solar mas antes foi fruto de uma linha de pensamento assustada, encapsulada de medos vindos do exterior, conservadora e sem qualquer rasgo intelectual que nos pudesse abrir uma janela para o desenvolvimento.

Ainda assim quero acreditar que tudo isto era feito em nome de um honorável fim que afinal era Portugal. Com honradez que se lhe colasse e nos fizesse sentir dignos de ostentar uma identidade, uma cultura e uma maneira própria de estar entre os outros. Mas tudo foi feito ao invés do que deveria ser. É essa a razão que me leva a crer que os ‘velhos do restelo’ eram realmente uns pobres de espírito e, pese embora toda a sua perseverança na manutenção duma certa respeitabilidade, acabaram ultrapassados pelo tempo.

A subtileza do seu pudor, derrotou-os. Não foram capazes de entender que, qualquer cidadão, deve prestar provas perante si mesmo a fim de demonstrar que cada um nasceu para a independência e não para o controlo abafador de outros.

Com o 25 de Abril, abriram-se por dias de esperança, novas janelas. Substituíram-se os caixilhos, os vidros, até as dobradiças. Tudo era novo. Até as ideias. Tudo se alterou e o país deu á luz rasgos dispersos de querer avançar na direcção certa. Desenvolvimento, paz social, cidadania de verdade. Cantaram-se loas à liberdade e pintaram o povo de tinta resplandescente. Esqueceram-se foi da primeira demão.

Aquela que dá à pintura a solidez e a fixação que se deseja. Não foi fruto do acaso este esquecimento. Tratou-se de olvidar o essencial, na confusão da euforia, com o propósito de inibriar consciências. É que assim e desde logo, os herdeiros da mais longa, gloriosa e corajosa vitória, o povo, ficaria anestesiado para a severidade que a seguir lhe iria ser servida.

Foi só este o ‘banquete’ que nos serviram ao longo de 38 anos, os novos príncipes reinantes. E mais. Incharam de riquezas mil e deixaram aos desprevenidos, a maioria, não os restos da boda mas, isso sim, a factura do repasto. Estamos a pagá-lo. Por tempo indefinido. O que eles nos cantam há anos, «direitos iguais», a cantiga da «sociedade livre», e «acabem os senhores e os escravos», nada disso nos atrai.

Em resumo, não achamos desejável que venha a fundar-se nesta terra o reino da justiça e da concórdia enquanto os ladrões do templo insistirem no saque. A nós cabe-nos aplaudir todos os que amam o perigo de cada vida sofrida e nunca a prática dos que nos conduziram ao abismo. E para cúmulo de tanto sofrimento, ainda há quem escreva livros ensinando-nos como fazer a “Gestão da Felicidade”. De mim, apodera-se uma perturbação ao estilo guerreiro, quando assisto a este gozo.

Viva o 25 de Abril. Abominem o fervilhante piolhame de gente “culta” e "politicamente dedicada" que se regala com o súor dos heróis.

Mário Rui

Mosaicos





















Mário Rui

Ontem à tarde




















Ontem à tarde um homem das cidades
Falava à porta da estalagem.
Falava comigo também.
Falava da justiça e da luta para haver justiça
E dos operários que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que têm fome,
E dos ricos, que só têm costas para isso.
E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
O ódio que ele sentia, e a compaixão
Que ele dizia que sentia

Alberto Caeiro

Mário Rui

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ontem, como hoje!


Depois de eu comer, não me faltam colheres. Mas como é que estes ilustres economistas não previram isto antes? Há em todos estes discursos uma imperfeição de sentidos que até dói.

Houve épocas em que os juízes mais humanos acreditavam que havia culpabilidade; as bruxas também acreditavam; contudo, a culpabilidade não existia. Ontem, como hoje!

Mário Rui

domingo, 22 de abril de 2012

Magia
















"Isto é magia. É a forma como o mundo é, só que poucas pessoas arranjam tempo para parar e observar."

Mário Rui

Uns governam o mundo, outros são o Mundo.
















Uns governam o mundo, outros são o Mundo.

Mário Rui

O ovo unido jamais será vencido


















Esta semana, as galinhas portuguesas que lêem o i ficaram em pânico. Segundo este jornal, talvez as poedeiras não sobrevivam ao Verão. Não por causa do aquecimento global, mas por exigências da União Europeia sobre o espaço para cada galinha no aviário. Para os galináceos viverem à larga, as regras comunitárias são apertadas. Em alturas de crise como esta, é satisfatório ver as autoridades competentes preocupadas com as condições de sobrevivência de todas as espécies, desde banqueiros a galinhas.

Curiosa é a solução proposta para estes bichos que vivem em condições terríveis – estou a falar das galinhas. Como vivem em espaços exíguos e sem local apropriado para raspar as patas, a UE pede que se aniquilem em massa. Três milhões de mortes são um genocídio. Esta espécie é incrivelmente estúpida e correr depois de ter a cabeça cortada é prova de que o cérebro não lhes faz muita falta. Mesmo assim, as galinhas merecem sorte melhor.

Como estes animais têm pouca capacidade de reivindicar os seus direitos – continuo a falar das galinhas, não dos banqueiros – e a World Wildlife Fund está mais preocupada com os pandas, porque os peluches de ursinhos vendem mais que os de galinhas, alguém tem de pegar nesta causa. Não é necessário dizimar milhões de criaturas. Há soluções. Distribua-se a bicharada. Uma a cada família. Proponho que cada casa portuguesa tenha uma galinha poedeira. Os cidadãos ficam apenas obrigados a manter o bicho vivo e em locais pouco exíguos. Para os citadinos, sugiro um espaço em desuso: o bidé. É arejado, espaçoso e fácil de limpar. O ralo pode servir para chocar os ovos. A União Europeia não teria objecções e os portugueses passariam a ter ovos frescos para o pequeno-almoço.

In " jornal i "
Mário Rui

sábado, 21 de abril de 2012

Génio do pensamento


Crónica de Lobo Antunes na revista Visão de há umas semanas:

Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida. Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento. Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos. Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.

Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade. O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles. Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão. O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros.

E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal. Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito. Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia-miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.

As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.

Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!

Loureiro para o Panteão já!

Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!

Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.

Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram.

Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito. Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca-vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis. Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair. Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar. Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho. Agradeçam a Linha Branca. Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar. Abaixo o Bem-Estar.

Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.

Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos. Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender, o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa. Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.

Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar? O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes.

Crónica de Lobo Antunes

Mário Rui

domingo, 15 de abril de 2012

Fui ver o futuro e ... não funciona



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Mário Rui

Real crise



E se em vez de matar elefantes, o rei procurasse matar o desemprego em Espanha? Ai Juan, Juan, quando a crise bate à porta, "bate" de modo diferente para alguns e sempre igual para outros. Guarda lá a arma e faz alguma coisa com real utilidade.


Mário Rui

Titanic e mais Titanic




Há uma certa imprensa, nacional e estrangeira que, para deliciar o leitor e o espectador, que deseja ter a percepção nítida dos acontecimentos, acentua exageradamente os factos que deram um contributo, bom ou mau, à história mundial. O afundamento do Titanic é disso um bom exemplo. São crónicas, reportagens, evocações, filmes, estudos, respostas e interrogações que, volvidos cem anos, persistem na mente de quem os volta a tornar realidade. Uma realidade sobejamente dissecada pelo que nos dias que correm mais se assemelha já a uma especulação. Deve-se desejar que factos como o então ocorrido sempre fiquem indelevelmente marcados nas páginas dos compêndios de história. É uma boa maneira de aprender com o erro e corrigi-lo no futuro. Bem sei que é complicado encontrar a medida virtuosa para "dar" informação às pessoas. Resultado: é relativamente fácil suceder que uma notícia (evocação no caso) tenha excesso ou, pelo contrário, falta de informação. No caso vertente, parece-me haver excesso de "falatório". Assim, de uma forma mais simples, julgo importante deixar claro que uma notícia com muitas notícias e opiniões, é um provável convite ao espectador ou leitor para o deixar zangado. Por mim já me chega de Titanic, sem no entanto querer subvalorizar o que se passou em 14/15 de Abril de 1912. É que dar tal ampliação a coisa que se separou de nós há um século acaba por perder o direito absoluto à nossa delicadeza para com ela.


Mário Rui

Peregrinações de impotência



O foguetão, o míssel, ou lá o que era, caíu estrondosamente. Como vai caíndo tudo o que é império mais importante que o homem. Não há quem o não saiba. Todas estas peregrinações, todo este ascender às montanhas do infinito, às vezes não são mais que enganar a nossa própria impotência. Mas Kim Jong I ainda é um líder que grita "hasta la victoria final". Bem pode ele lançar mais um fogacho, ou mil fogachos, porque a afirmação do essencial furta-se sempre a toda a vontade violenta. Lá há-de vir o dia em que, por força de um espírito fechado, Kim se arriscará a ser enganado pelos seus actos e pelas suas próprias palavras. Bom, mas cai um símbolo, ergam-se outros dois. Como se todos os ídolos não tivessem pés de barro!


Mário Rui

Outras maneiras de pensar




Estranha e bizarra forma de transformar um país decadente na implacável atomização de um povo. Tudo isto é uma doença incurável.



Mário Rui

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Europa - Portugal




Todos os meus direitos , agora, se mudam repentinamente em pretensões de outros, que não tardarão, por sua vez, em fazer figura de usurpações. E a velha Europa sorri já sardonicamente...


Mário Rui

A fé e a crença


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Sob o império das ideias religiosas ganhou-se o hábito de conceber um «outro mundo» e, no dia em que a quimera se desmorona, experimenta-se um vazio angustiante, uma privação. No entanto, tal não significa que se devam abandonar as crenças que abençoam e ajudam à felicidade de cada um por si. A fé, não se discute. É! Só a que discute a vida em favor da morte deve ser repensada.



Mário Rui

Incêndio no Porto de Leixões


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Um trabalhador morreu esta manhã no incêndio, precedido de uma grande explosão, que deflagrou no molhe sul do porto de Leixões, em Matosinhos. O acidente provocou ainda um ferido grave, já transportado para o Hospital de S. João, no Porto, e um número indeterminado de feridos ligeiros.

Segundo o presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos, António Parada, estes feridos são operários em estado de choque e de qualquer forma traumatizados pela primeira explosão, que foi seguida por outras três menos violentas. O incêndio teve origem na queda de uma peça do guindaste Titã, que está a ser desmantelado desde o dia 3, sobre o "pipeline" de gás que liga o local de atracagem dos petroleiros a um depósito de armazenamento de combustível da Repsol, já na cidade de Matosinhos.

Uma faísca terá provocado a explosão e consequente incêndio. Uma grua que apoiava a desmontagem do Titã, uma enorme estrutura de arqueologia industrial que a administração portuária decidiu recuperar e mudar de local de implantação, terá também tombado.

A vítima mortal é um funcionário da empresa contratada pela Adminisração dos Portos do Douro e Leixões para o desmantelamento do Titã. Informações do Hospital de S. João indicam que o ferido grave apresenta queimaduras dos 2.º e 3.º graus e que será submetido nesta quinta-feira à tarde a operações cirúrgicas. Um ferido ligeiro já teve alta e fará medicação em casa. Há informações de que havia outros feridos ligeiros, mas esses não terão passado por nenhum dos hospitais da área.

O local do acidente é referido pela Protecção Civil Nacional como a Doca 1, uma zona onde decorrem também as obras de construção do edifício de acolhimento do novo terminal de cruzeiros de Leixões. O alerta surgiu às 12h18 e foi extinto nem cerca de meia-hora. Às 13h, a espessa coluna de fumo negro que era bem visível no litoral do Grande Porto já desaparecera, sugerindo que a situação estaria controlada.

O incêndio foi combatido por um total de 73 homens, das corporações de bombeiros de Matosinhos-Leça, Leixões, Voluntários Portuenses, Leça do Balio e Aguda.


Mário Rui

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Como se mede o valor das coisas pelo prazer do insólito




Alegrem-se os sem abrigo, presumo que os de Barcelos, pois o presidente do clube de futebol local, Gil Vicente, promete-lhes uma semana de bebida, da boa, Moet & Chandon, se a equipa vencer a Taça da Liga. A propaganda salazarista afirmava que “o vinho dá de comer a um milhão de portugueses.” Os de agora prometem enganar os estômagos dos esfomeados com álcool. Expliquem-me se há alguma diferença evolutiva quanto ao pensamento português de antanho e de agora. Pobre de espírito, este presidente. Melhor seria estar calado. Até o pai do teatro português, o verdadeiro Gil, cuja obra é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, ficaria abismado com tal eloquência desta novilíngua que desestrutura a mente e os actos de alguns. Diria ele: “mas afinal porque razão perdi eu tempo e paciência com a peça «O velho da horta’, em que revelei um perfeito domínio do diálogo e grande poder de lidar com personagens e acções que se aproximaram da comicidade? Afinal há-de vir um qualquer Fiúza para me pôr de rastos».


É Portugal no seu melhor! Valerá realmente a pena lutar pela elevação moral e pelas liberdades de espírito de mentecaptos feitos presidentes da bola? Piedade para com este país e para com gente desta.

Mário Rui

terça-feira, 10 de abril de 2012

Civilidade



Disseram-me estes passarinhos: para que serve a civilidade entre iguais? A civilidade entre iguais é mais necessária do que se pensa. Serve para conservar em seus justos limites a familiaridade, tantas vezes disposta a tomar certas liberdades que podem degenerar em insolência ou grosseria, e cujo primeiro mal é ocasionar o desprezo ou a desconsideração.


Mário Rui

Uma ocasional vontade de se ser estúpido




Agora já só a grosseria vale para qualificar estes actos de gestão. Se por um lado sucessivos governos nos deixaram este legado, há outro que agora parece querer dar-lhes continuidade. Nem à troika parece ter lembrado pedir tanto sacrifício. Quanto ao Sr. Silva, também pode ir às malvas com as suas avançadas filosofias mentais. Quando lhe tocou no bolso, ele falou. Mas falou dele, por ele, e nunca pelos outros. Estamos agora a ver que espécie de lixo há dentro deste patriota bem pensante. Creio que a escravidão ... é um acumular de forças ... de forças ... contra quem escraviza. Há-de chegar o dia da libertação dos novos escravos, e o Povo, com as mãos ensanguentadas, há-de abandonar os cadáveres dos que nos oprimiram, saquearam, apunhalaram, nos deixaram na mais selectiva pobreza medieval. Tudo se paga neste Mundo! A suprema razão dos esfomeados, que o pão do incrível ainda vai alimentando, um dia vai dar cabo do medo, da passividade e, nesse mesmo dia vai ser o bom e o bonito... Vai ser essa a paga pelo rareamento de pessoas exemplares que nunca nos deram mais que promessas vãs. O futuro que nos contaram foi sempre uma história fantástica que nem para adormecer crianças serviu.


Foram «razões de interesse nacional» que levaram o Presidente da República a promulgar o diploma que congela as reformas antecipadas. Cavaco Silva justifica-se assim, mas lembra que a promulgação não significa o acordo do chefe de Estado a todas as normas.«Pedi informações ao Governo, ele forneceu-me todas as informações que foram solicitadas e, face às razões de interesse nacional que me apresentou, entendi que não devia obstar à entrada em vigor do diploma», afirmou o Presidente da República, em declarações aos jornalistas no final da inauguração da nova sede da Microsoft em Portugal.Lembrando que já promulgou mais de 200 diplomas do actual executivo, «a quem compete conduzir a política geral do país», Cavaco notou, contudo, que é reconhecido que o acto da promulgação não significa acordo com todas as normas dos diplomas.«Todos os constitucionalistas reconhecem que o acto de promulgação não significa o acordo do Presidente em relação a todas as normas de um diploma», cita a Lusa.Porém, insistiu, face às explicações que o Governo apresentou, o Presidente entendeu que não deveriam ser colocados entraves à entrada em vigor do diploma.«São razões de interesse nacional que o Governo me apresentou por escrito e entendi que não devia obstar à entrada em vigor», reforçou.Questionado sobre o «secretismo» à volta desta decisão, já que apenas foi anunciada quando foi publicada em Diário da República, o Presidente da República referiu apenas que é «ao Governo é que compete divulgar as medidas que aprova».Sobre a reposição dos subsídios de férias e de Natal só acontecer, gradualmente, a partir de 2015, Cavaco disse que essa discussão é «prematura». Já sobre a sua própria reforma do Banco de Portugal, Cavaco Silva foi categórico: «Nunca mais» falará do assunto.






Mário Rui

domingo, 8 de abril de 2012

Antes do degelo




O cofre do banco continha apenas dinheiro. Frustar-se-á quem pensar que agora nele encontrará riquezas. Como tudo se derreteu. Com a elevação da temperatura política os calotes nacionais (podiam ser as calotes polares, mas não são) deixaram que voltássemos à subjugação estrangeira. Quem nos levou tão longe? Por quem somos afinal?


Mário Rui

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Feira cabisbaixa



País pobrete e nada alegrete,
baú fechado com um aloquete,
que entre dois sudários não contém senão
a triste maçã do coração.


Um país maluco de andorinhas
tesourando as nossas cabecinhas
de enfermiços meninos, roda-viva
em que entrássemos de corpo e alegria!


Hexágono de papel que o meu pai pôs no ar,
já o passo a meu filho, cansado de o olhar...

Alexandre O´Neill

Mário Rui

Uma reputação que vai e vem a 199 km/h



A reputação é como a confiança: adquire-se em anos e destrói-se em segundos. Por essa razão não é difícil perceber que ocupar cargos que exigem responsabilidade, competência e imparcialidade devia ser só para aqueles com moral, carácter e sentido de liderança. Ocupar semelhantes cargos significa também a imediata morte do artista ao mínimo erro ou descuido. A opinião pública não perdoa! E ainda bem…

O Correio da Manhã avançou ontem que o antigo Presidente da República Mário Soares foi apanhado na A8 a 199 km/h numa viatura oficial. Como se não bastasse, terá dito aos agentes da GNR que será o Estado a pagar a multa. Se me é permitido dizer, vá este senhor brincar com o cara…ças!

Ou habituamo-nos a acreditar que estamos perante reformas miseráveis (?) de Presidentes e ex-Presidentes da República que não lhes permitem suportar as suas próprias despesas - e multas de trânsito -, ou trata-se aqui de uma falta grave de carácter e arrogância que mancha a imagem de uma pessoa por cujas mãos já passaram as decisões sobre o nosso país e o nosso povo.

Se me permitem, é também nesta falta de humildade e arrogância pura que reside o grande mal do nosso país. E é esta falta de bons exemplos, de carácter e de um pretensiosismo nojento e excessivo que nos arrasta para as decisões políticas, económicas e socialmente prejudiciais e vergonhosas.

E no meu país eu exijo, no mínimo, competência, moralidade e bom senso por parte de quem nos governa ou governou, porque só assim se poderá exigir da nossa parte o mesmo. E é também com os bons exemplos que uma sociedade avança.

Posto isto, mandam-nos a nós apertar a cinto sem saber que não o podemos fazer enquanto baixamos as calças ao mesmo tempo. Depois venham-me dizer que não é por gente assim que o país está como está. Mandasse eu nisto e teria este senhor que responder publicamente por isto e ver-lhe anuladas todas as regalias de que actualmente dispõe.

Percebe-se, assim, que é mais fácil manter uma reputação do que recuperá-la. E no caso do Dr. Mário Soares essa será uma tarefa muito difícil.
Rui André

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Futeboladas a arbitrariedades



Chelsea vs. Benfica. Já percebi a "mecânica" deste jogo. Bastou-me chegar ao intervalo. Um árbitro que julga consciências em vez de actos, define por si só o que é um jogo de futebol!!! Grande UEFA e grande nomeação. E querem incutir aos outros o que não conseguem provar quanto a si mesmos?

Mário Rui

"Senhor guarda: desapareça!"



Os radares da GNR de Leiria apanharam o carro onde seguia Mário Soares, conduzido pelo seu motorista, a 199 km/hora na A8, avança o Correio da Manhã.
O ex-presidente da República viu o seu motorista ficar com a carta de condução apreendida e sujeito a uma multa de 300 euros, como explica o CM. Mas, segundo fonte da GNR ao jornal, Mário Soares reagiu mal e chegou a afirmar que «o Estado é que vai pagar a multa».
O carro, um Mercedes-Benz S350 4 Matic, é propriedade da Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças e seguia no sentido sul-norte quando foi mandado parar numa estação de serviço. Os guardas garantiram ao CM que o histórico socialista foi «bastante mal-educado».

in SOL

Isto vai ficar assim?! A que propósito é que este indivíduo se faz transportar num carro do Estado e com motorista? A notícia ainda conta que o indivíduo "reagiu mal". Esqueceu que já não é presidente da República e que o estatuto de ex não lhe permite ordenar aos guardas que "desapareçam!" como fez em tempos, assumindo o papel de chefe de polícia.

Tendo, como tem, o jornalismo português no bolso do politicamente correcto, isto vai dar em nada. Logo, as tv´s nem no assunto falarão. Vai uma aposta?
Por outro lado, só num país atrasado e pindérico, o mais pobre da Europa, com a maior crise da Europa e com um desemprego galopante, se tolera isto que se vê: um ex-presidente da República, com uma série de mordomias absolutamente injustificáveis em termos de democracia simples e correcta.

Na altura em que saiu de presidente da República foi muito publicitado que tinha adquirido um BMW 523i para uso pessoal, pressupondo-se que teriam acabado essas mordomias.A última vez que antes tinha sido visto com um carro pessoal era um mini, dos antigos.
Pelos vistos as mordomias foram repristinadas, não se sabe muito bem por quem. Jorge Sampaio, o da revolta estudantil de 62 também tem carro destes? E motorista? Tem. Parece que tem. Este e com motorista e guarda-costas ( coitado, ficou-lhe o trauma de 62...):

É intolerável que o Estado falido pague as despesas de deslocação destes indivíduos que foram presidentes da República e cuja função foi a de servir o país e não servir-se do país. É intolerável que sejamos nós a pagar ( como aquele bem disse ao guarda) todas as despesas pessoais deste género de coisas.

Carro de superluxo e de empreiteiro pato-bravo, a que nem sequer os grandes capitalistas se dão ao luxo corrente porque uma boa parte deles disse prescinde desse aparato.
Evidentemente que ainda mais intolerável é haver na Assembleia da República uns certos senadores ( Manuel Alegre por exemplo) com mordomias idênticas. Intolerável! E a mim ninguém me cala!

Gasolina ou gasóleo por conta de todos nós e a imprensa calada que nem ratos no largo.

in 'portadaloja'

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Desilusões



Será que em Estarreja, no que ao desemprego respeita, estamos no princípio do fim? Pairam por aí más notícias que apontam para o fecho de uma unidade industrial do concelho. São mais despedimentos que se auguram e naturalmente são mais aflições para quem se vê sem trabalho.

Quer sejam poucos ou muitos, o desemprego diminui as pessoas. Tudo o que desejamos é perceber a realidade e nunca conseguimos lá chegar. Trabalhamos, lutamos, cansamo-nos, esquecemo-nos de quem somos e, de repente, tudo se esfuma. Mas estas coisas podem-se ver de vários ângulos.

Quanto à previsão do futuro (não é redundância, não) poderíamos, todos nós, ter ido mais longe se a seu tempo tivéssemos dominado esse conjunto disperso de realidades, na quase totalidade das vezes de ordem política, e tomado consciência dessa inclinação que nos vai arrastando para o fundo. Por isso eu digo que a inclinação, muito embora formulável através da linguagem, é bem mais poderosa que a razão.

Apesar de tudo, ainda bem que nos basta olhar para vermos! O que este país precisa é de mais políticos desempregados. Ganhariam os sem trabalho e os que o têm de modo periclitante e esforçado. E são tantos, infelizmente.

Depois consolam-nos, dizendo-nos; «o degrau de uma escada não serve simplesmente para que alguém permaneça em cima dele, destina-se a sustentar o pé de um homem pelo tempo suficiente para que ele coloque o outro um pouco mais alto.» Mas começa a faltar o longe e a distância, "Jonathan Livingston Seagull — a story" e, quando assim é, até a gaivota desanima, perde o pé, as asas, e finalmente morre na praia.

Mário Rui