terça-feira, 15 de maio de 2012

De que é que se fazem as notícias?

















Lá vou eu voltar à vaca fria. Mas nem sequer quero falar de devoções, esperanças ou fé. Já o fiz noutra altura. Só quero relembrar que  no passado dia 13 de Maio estiveram reunidas em Fátima, em peregrinação e oração, cerca de 300 mil pessoas. Certamente que sabiam bem o que lá faziam.

No Brasil, imagem em cima, eram cerca de 100 mil e pelo mesmo motivo. Estou certo que também sabiam bem o que os movia.

Entre uns e outros, quase meio milhão. Realmente despiciendo. Tanto ou tão pouco que a imprensa escrita portuguesa quase votou ao desprezo o acontecimento.

O jornal Público (cada vez mais inofensivo) dá-lhe o relevo de uma insignificante página interior e, ainda por cima, com um título meio sórdido. Nem me interessa referi-lo. 

O jornal i dedica ao assunto seis folhas e com uma notícia de primeira página com o relevo merecido. Faz toda a diferença. Mas de facto foi o único!

Ai isto não é povo? Não é merecedor de relato? É povo, como alguns jornalistas dizem e escrevem com suprema intelectualidade, ignorante, boçal e pouco culto?  Esta pobre imprensa pensa sempre a curto prazo. Notícia é o homem que se atirou do lameiro, o político que faltou à reunião do partido, o sindicalista que abomina o patrão, o relâmpago que atinge o avião do presidente. Já nem o homem que morde o cão serve de caixa ao periódico nacional. Bonito!

Pois é este mesmo povo, "pobre povo que lavas no rio", que senta nos cadeirões do poder, qualquer que ele seja, o director do jornal, o político, o fazedor de leis, o catedrático, o comissário.  Nessas alturas há notícias! Tudo novas granjeadas pela tal mole humana inculta. 

Vão-se catar jornais e jornalistas com a vossa moralidade. Para que mude de opinião a vosso respeito, leia-se dos socialmente imorais e hostis, será necessário que me dêm provas. O mesmo tipo de provas que se exigem dum construtor civil: a casa tem de ser visível e habitável. Se deixarem de usar cobardemente aquilo que mais vos interessa, em proveito de quem quer que seja, ainda sou capaz de vos estimar e de me preocupar com o vosso destino. De outro modo, ficaremos longinquamente distantes.

E já agora retenham esta ideia: povo é o conteúdo de habitantes que irá formar uma Nação, e Nação por sua vez será o resultado encontrado no conteúdo formado pelo seu Povo. O culto e o inculto. Gozam do mesmo estatuto, que se chama dignidade.

Mário Rui

Ser RP

















A profissão de Relações Públicas em Portugal goza de uma infeliz e errada interpretação que prejudica e desconsidera os verdadeiros profissionais da actividade.

Ser Relações Públicas em Portugal é muito mais do que a actividade a que está ligada a personalidade das festas ou quem as organiza. Esta é, aliás, uma visão redutora e infeliz, porque a maioria dessas pessoas não conhece sequer as mais elementares práticas e conceitos do mundo das RP, como por exemplo um press-release ou um press kit.

Ser Relações Públicas é muito mais do que isso, porque, acima de tudo, a profissão tem como objectivo principal o de criar ou manter o equilíbrio entre a identidade e a imagem de uma organização através de um esforço deliberado e planeado. Por outras palavras, interessa ao profissional de RP construir uma relação e compreensão mútuas entre uma Instituição e os seus demais públicos, internos ou externos.

Um RP é, portanto e antes de mais, um especialista em comunicação que se serve dela para criar dinâmica e influenciar a opinião pública. Significa isso que um bom RP tem a intuição certa e um conjunto de ferramentas e capacidades que lhe permite estabelecer relações frutíferas entre os públicos (internos e externos), empresas, grupos, meios de comunicação e, não menos importante, os próprios jornalistas, apesar da relação de desconfiança que paira sobre os dois. Um bom RP cria, gere ou modifica os meios e os canais de comunicação necessários para esse objectivo.

Posto isto, parece-me que a actividade de Relações Públicas está francamente turva na mente de grande parte dos portugueses. E, mais grave ainda, parece-me que o valor, o reconhecimento e o impacto que a profissão pode gerar – no retorno das empresas e na mente dos actuais e potenciais clientes - são muitas vezes descurados pelos responsáveis empresariais.

É hoje difícil ultrapassar o estigma que vê o profissional de RP como o anfitrião de festas e outros eventos. E é uma pena que uma profissão com tremendo potencial e uma área tão fulcral no seio das instituições, como é a Comunicação, continue a ser relegada para um plano inferior em quase todas as grandes e pequenas áreas de negócio.

Rui André  (in http://achobem.tumblr.com/)