quinta-feira, 14 de julho de 2011

Missão e profissão


O Presidente executivo da Mota-Engil respondeu, durante uma hora e meia, a todas as perguntas do Negócios. Disse que ser governante é uma "missão e não uma profissão" e revelou que esteve quase a lançar um jornal antes de aceitar o convite para liderar a Mota-Engil. Sem falsas modéstias, diz que foi o "salvador" da SIC e da TVI.Uma realidade que as pessoas esqueceram.
In "Jornal Negócios"


Só me faltava mais este! Então segundo o mesmo, «ser governante é uma "missão e não uma profissão". Bonito. O salvador da SIC e da TVI, que nos tornaram seres mais felizes e abastados, o mesmo que no dia em que caíu a ponte em Castelo de Paiva, sem culpa alguma que lhe queira apontar a propósito dessa tragédia, resolveu demitir-se do cargo que ocupava no Governo. Mas porquê? Então esse não era o momento certo para exercer a tal "missão"? Ou estaria no momento em fase de "profissão"? Oh Dr. Jorge Coelho, quando se está verdadeira e profundamente ocupado numa "missão", está-se sempre acima de qualquer embaraço.

MárioRui

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Liberdade 21


Não sei como era a vida antes do 25 de Abril e às vezes não sei sequer como é a de agora. Pelo menos a minha. O que eu sei é que as coisas mudaram um bocadinho. Se para melhor ou pior, nos dirão os mais velhos.

Sei também, por aquilo que dizem os livros de História, que com o 25 de Abril se conquistou a liberdade em Portugal e que isso foi muito bonito porque nos garantiu coisas tão banais – veja-se só - como a democratização do país, reflectida nas primeiras eleições livres de 1975, a descolonização, a extinção da polícia política e da Censura, o regresso de líderes políticos da oposição no exílio e uma outra série de mudanças político-sociais que as gerações de agora preferem não tomar como exemplo.

A luta pela liberdade de então era o espelho de um povo aguerrido, ciente do que podia e devia fazer e, sobretudo, daquilo que não podia tolerar dos ditames vindos do alto pedestal do poder. Neste caso, digamos que os bons exemplos vieram de baixo, porque o povo, em pleno da sua consciência e em nome da mais alta justiça, será sempre quem mais ordena.

Infelizmente, a luta pela liberdade de hoje em nada se compara ao espírito corajoso, audaz e destemido de outrora e por isso digno de constar nos livros de História. Compara-se, isso sim, a uma luta amorfa e apática, uma luta de braços cruzados e bandeira branca hasteada, perfilhando o caminho de uma derrota que, inevitavelmente, damos como certa todos os dias.

Mas atenção que não foi isso que a História nos ensinou! Por isso, às agências de rating, aos sucessivos governos e às demais autoridades públicas deste país, tenham cuidado, porque se há lição valiosa que a nossa História nos deixou é que a liberdade e a justiça se alcançam com suor e lágrimas. Ensinou-nos que a luta se pronuncia em nome das exigências, das carências e da infelicidade de um povo que, infelizmente, ano após ano, tem de levar com a incompetência daqueles que nos (des)governam. A História ensinou-nos também que o adiamento da defesa das nossas causas favorece quem lucra com o poder e quem lá se mantém. E ensinou-nos que nenhuma conquista pelo bem-estar do povo é fácil… mas ensinou-nos que vale a pena. E ainda há quem se lembre disso!

Por isso, não esqueçamos que as conquistas de outrora só foram possíveis porque alguém as fez por nós. E as próximas? Fazemo-las nós ou esperamos que outra geração resolva o mundo?
Rui André
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