sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Estará próximo o fim do Mundo?



Isaltino prestes a ser libertado. (in Público)


Investigação no Brasil aponta Duarte Lima como único suspeito na morte de Rosalina Por Alexandra Lucas Coelho, no Rio de Janeiro Ex-deputado pode ter sido ajudado, mas todos os outros suspeitos foram descartados, de acordo com a investigação a que o PÚBLICO teve acesso.

Título do Sol é - "Brasil pode julgar Duarte Lima à revelia"


««Para as nossas acções e omissões, não é preciso tomar ninguém como modelo, visto que as situações, as circunstâncias e as relações nunca são as mesmas e porque a diversidade dos carácteres também confere um colorido diverso a cada acção. Desse modo, duo cum faciunt idem, non est idem (quando duas pessoas fazem o mesmo, não é o mesmo). Após ponderação madura e raciocínio sério, temos de agir segundo o nosso carácter. Portanto, também em termos práticos, a originalidade é indispensável; caso contrário, o que se faz não combina com o que se é.»»
Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

Mário Rui

Se...


Então e como seria se todas as coisas boas e apetecíveis da vida estivessem mesmo aqui ao nosso alcance sem o mínimo de esforço? Como seria se não nos tivéssemos de esticar todinhos para agarrar aquela oportunidade ou se não tivéssemos de correr no alcance da única coisa pela qual sabemos que vale a pena lutar?


Como seria se a luta e as conquistas constantes da vida não incluíssem o suor e os obstáculos a ela inerente? Como seria se do céu caísse ouro em vez de água ou se tudo aquilo que sempre quisemos estivesse mesmo ali à mão de semear?


Ter tudo de mão beijada é como marcar o golo decisivo em fora de jogo ou como receber os créditos por uma conquista que não se merece. Tem um sabor muito mais amargo do que aquele que inicialmente se julga.


Bom bom é fazer por merecer. É ir à luta e correr até à exaustão no alcance da chance de uma vida, é cavar arduamente o buraco em busca do ouro que desejaríamos encontrar facilmente no quintal da vizinha, é procurar o último pacote de bolachas na despensa em vez de esperar comodamente que a mãe regresse do supermercado com um novo e mais estaladiço, é fazer por merecer o número de telemóvel ou um encontro com a mulher dos nossos sonhos.

Fazer por merecer está no gene daqueles que com suor e lágrimas começam pobres e acabam ricos, para aqueles que jogam descalços na ladeira fria e molhada e acabam jogando no maior clube do mundo, para aqueles que dão humildemente o melhor de si em prol dos outros e para aqueles que contra as ilusões fugazes da vida preferem encarar a sua realidade com um sorriso no rosto.


O valor das conquistas nem sequer está no tempo que duram, mas na intensidade com que as vivemos. O sabor das conquistas não está na sua vitória, mas no esforço que é feito para lá chegar. Já o contrário é o mesmo que passar a usar preguiçosamente a caixa automática dos nossos carros evitando assim o prazer da condução
Rui André

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Entrevista BBC ao DESCARADO alessio rastari

O comendador sem comenda



As duas enormidades que passo a enunciar envolvem verbas diferentes e pessoas diferentes em peso e estatuto. Mas são ambas um impiedoso retrato de como o Estado português é, no limite, apropriável por pessoas particulares.
A primeira, que ainda não está inteiramente fechada, é o aumento da verba que o município de Lisboa – entidade, como sabemos, numa robusta situação financeira – se prepara para votar em benefício da Fundação Mário Soares. Além dos 50 mil euros anuais que resultam do protocolo assinado em 1995, a vereadora da Cultura da câmara propõe uma contribuição adicional de perto de 15 mil euros (Correio da Manhã, 28-9). Aparentemente, ninguém percebe a razão para esta súbita e crescente generosidade do executivo de António Costa. Trata-se de um problema simbólico. Sempre supus que, em época de cortes e contracção, seríamos todos obrigados a viver com menos. Manifestamente, há quem vá acabar por viver com mais. A oeste nada de novo.
O segundo caso é, obviamente, bem mais grave. Fundações privadas financiadas, no essencial, pelo Estado tornaram-se a última e promíscua moda do regime. O caso mais espantoso de desvergonha é o da Fundação Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo, mais conhecido como o Museu Colecção Berardo, que se instalou no Centro Cultural de Belém em Lisboa, em 2006, através da ocupação total do seu centro de exposições.
O negócio da Fundação Berardo foi inconcebível, relembre-se. Num processo em que se envolveu directamente o primeiro-ministro Sócrates, o Estado português albergou na Fundação do CCB a famosa colecção do Sr. Joe Berardo, uma figura que, em Portugal, passa estranhamente por “empresário”, a troco de condições ruinosas para o interesse público. Muita gente protestou na altura. O Presidente da República promulgou contrariado, tornando públicas as suas objecções (e vê-se agora como tinha razão). O deputado João Semedo, do Bloco, chegou a classificar o negócio como um “mecenato ao contrário”: era o Estado que financiava a fundação de Berardo e não o “benemérito” que nos oferecia a sua filantropia.
E, na verdade, analisados os estatutos da fundação, era o horror. Além das despesas de funcionamento da fundação, a contribuição financeira a que o Estado se obrigou envolvia a transferência, através do Ministério da Cultura, de uma verba anual avultada para um fundo de aquisição de obras de arte que só terminará em 2015.
Claro que, depois deste incrível favor, deu-se a troca de poder pelo poder, porque, quando foi preciso que Berardo, através de um financiamento especial que lhe foi concedido pela Caixa Geral de Depósitos, entrasse no golpe da tomada do BCP – hoje um assunto mais do que público -, o especulador declarou-se mais do que presente.
Tudo isto só podia ter um mau epílogo. Hoje, o Sr. Berardo tornou-se um dos mais célebres devedores do banco público. Está com a corda na garganta. Em Janeiro de 2009, o Diário Económico noticiava que Berardo entregou a colecção como garantia aos bancos que o ajudaram na compra de acções do BCP. A mes-ma colecção cujo fundo de aquisição o Estado todos os anos financia. Se pensarmos duas vezes, percebemos a absoluta imoralidade de tudo.
Parece agora que o Sr. Berardo, que volta e meia enxovalha pessoas a quem acusa de crimes e torpezas, não consegue pagar os salários deste mês da sua fundação, pelo que decidiu acusar ontem a fundação do CCB de ter um “saco azul” no estrangeiro, dardejando os membros do conselho de administra-ção do centro com várias “honrarias”. A fundação já respondeu e, é preciso dizer, é bem feito para Mega Ferreira, que ficou mudo em 2006 e agora está a ser atacado com brutalidade..
Porque aquilo que interessa ao Sr. Berardo é isto que ele diz: “Se querem poupar nas despesas das fundações, era melhor a Fundação Berardo e o CCB se juntarem”. Nada mais oportuno. Resolvia-se de uma vez o seu problema. Infelizmente, não se resolvia o nosso, nem o dos bancos, que, numa manobra irresponsável, lhe emprestaram há anos o que agora não têm.
Crónica no Público de hoje
Por Pedro Lomba


Mário Rui

Padre benze fiéis com pistola


O facto parece insólito mas a verdade é que no México, o Padre Juan Rámón Hernández de Acatlán, decidiu dar a benção aos fiéis usando uma pistola com água benta. Tal acto só vem provar que nada é imutável, nem sequer quando estamos em presença de um acto litúrgico ou, se preferirem, num acto espiritual.

Seguramente já tínhamos assistido às mais inverosímeis façanhas, não só na actividade religiosa, mas também em outras áreas. A verdade é que esta prática no seio de uma comunidade religiosa é absoluta novidade e digna de registo. O padre lá saberá da razão, porventura utilitária, do uso da arma ainda que só ‘carregada’ de água.


Poderíamos pensar que afinal o dito sacerdote só se serve da água benta diferentemente da maior parte dos seus pares de função. Agora de pistola? Poderá estar nisto a essência da crise que a todos os mexicanos, em maior ou menor grau, afecta quando pensamos no narcotráfico que por essas bandas tudo varre em nome do lucro.

Porém, o que deve ser razoável e especialmente no culto católico é, quanto a mim, nunca se cultivar o absoluto nem o excesso.
Isso deveria ser pois a normalidade. No entanto, visto o assunto sob outro ponto de vista, poderemos estar também em presença de um padre cheio de arte.


E, como todos sabemos, o objectivo da arte, na maior parte dos casos é algo incompreensível. E ainda bem que assim é quando não todos éramos artistas.
Podemos igualmente chegar à conclusão que o sacerdote maior não pensa na igreja pela igreja.


É incapaz de se encerrar na relativa repetição do seu acto no templo divino e, então, aí é que entrará o bem supremo da sua vida e da vida dos outros. Ensinar de modo diferenciado a abençoar os fiéis fazendo-os acreditar que a sua actividade não se pode aferir pelos métodos correntes.


Vai daí e lance-se mão de uma outra obrigação para com Deus. Enfim, há tantas coisas no homem que infundem espanto! Não sei se será o caso, mas às vezes as pessoas imaginam que precisamos de chegar a velhos para ficarmos sábios.
Mas eu acho que nem sempre assim é.


Sr. Padre Juan Rámón Hernández esqueça lá a pistola, essa deve ficar sempre no fundo do poço, não vá o Sr. incutir nos seus fiéis o desamor pelo próximo, quando o exemplo não marca a postura é sempre infiel aos bons principios, podendo até levar a sua igreja e os seus actos com a água que benze, a transformá-la, à igreja, em saloon à boa maneira do oeste americano de anos idos.
Pistola com água ou sem água é sempre arma, do mesmo modo que cavalo amarrado também pasta.


Mário Rui

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Das artes e ofícios...


Acabei mesmo agora de assistir, num canal por cabo português, a uns comentários a propósito do jogo hoje disputado entre o Valência e o Chelsea. Não é assunto que me interesse por aí além mas trago-o até aqui só para que possamos ter ideia do verdadeiro "circo mediático" que gira em torno de algum jornalismo que se faz em Portugal. Então não é que depois de terem endeusado Mourinho, como fazendo parte de uma constelação p'ra além do tangível, durante anos a fio, agora aparece-me um comentador, creio que próximo do F.C. do Porto, e nisso não há mal algum se tal não se traduzisse numa espécie de ciumeira que eu não sei a que se ficará a dever , nem me interessa, a afirmar que o Chelsea de hoje nada tem a ver com o tempo em que o clube era treinado por tal personagem. Hoje é que o Chelsea joga muito bem, cavalga a onda com força e determinação porque tem um mister que dá pelo nome de André Villas-Boas. Palavras do dito comentador.
Ora, ora, todas as coisas têm um sentido próprio que devemos tentar perceber antes mesmo de as comunicar. E quando se trata de clubismos, talvez até seja melhor não as comunicarmos sob pena de perdermos espectadores e, pior, de perdermos a nossa própria sensatez/credibilidade. E digo-o com serenidade e convicção porque sou um pouco, ou talvez muito, desalinhado com estes dois treinadores de futebol. E sou também desalinhado com esta forma recreativa e pouco séria de "tentar" fazer jornalismo. Há tantas outras formas de mostrarmos do que somos capazes ... artes e ofícios é o que não nos falta para brilharmos nem que seja por breves minutos.

Mário Rui

Um pássaro d'hoje e coisas de outros tempos.










Mário Rui

Mudam-se os tempos, muda-se o escrito



Segundo noticia o "SOl", a Direcção-Geral do Orçamento (DGO) proibiu todos os organismos da Administração Pública e as empresas públicas de assumirem qualquer despesa se não tiverem dinheiro disponível e reservado para o efeito (cabimentos).
A ordem emitida numa circular, no dia 10 de Setembro, é acompanhada de um aviso: quem não cumprir sofrerá sanções políticas (se for o caso), disciplinares, financeiras, civis e criminais. Esta «responsabilidade pela execução orçamental» será, segundo o documento, aplicada tanto aos titulares de cargos políticos como aos próprios funcionários.
A directiva, apurou o "SOL", está a lançar o caos na Administração Pública, onde, devido à crise, a maioria das entidades já lidava com graves dificuldades financeiras. Muitas compras e pagamentos já estavam em atraso e foram agora suspensos."
Vamos lá ver no que isto vai dar, mas a medida drástica é uma boa medida, a priori.



Já há uns anos atrás assim era, só que na altura, falava-se em «pacotes restritivos» (ver capa do 'Expressso' de então)


Mário Rui

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Anos 60



O mundo das mulheres e da aviação dos anos sessenta. Quem se lembra?

Mário Rui

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Palavras




Hoje é segunda-feira. Afinal bem podia estar a falar de futebol porque, lembram-se?, sempre que se marca um golo o 'mundo pula e avança'. Mas não. Deu-me para falar do Cardeal D.Policarpo, tão-só porque em entrevista ao JN, proferiu umas palavras que me pareceram pouco felizes. Disse ele:


"O nosso ministério é de uma natureza e de uma ordem que pode ficar prejudicado se nós nos metermos na política directa como ela é feita hoje. Ninguém sai de lá com as mãos limpas. E, portanto, nós fugimos disso".

Então, mas já nem a própria Igreja Católica, Apostólica e Romana é pessoa de bem Sr. Cardeal?
Palavras não muito virtuosas, meu bom amigo. Repare que o olhar do escravo é sempre desfavorável às virtudes do poderoso. E o escravo precisa do olhar daquele que dá, nem que seja só fé.

Mário Rui

domingo, 25 de setembro de 2011

Da "silly season".




Dei comigo a magicar o quão curioso é este meu país. País de extremos, do tudo ou nada, onde os portugueses parecem alheados de tudo o que os rodeia, nomeadamente das preocupações latentes que estão aí à porta mas, de repente, como que saídos de um sobressalto de sono intranquilo, apontam então baterias para o mundo que os cerca. E ainda bem que assim é pois tal estado de espírito sempre os mantém mais alerta, mais avisados, mais preparados para o que vai acontecendo na espuma dos dias que se repetem inexoravelmente.

Pois bem. Digo isto relativamente ao português comum, mas é bom que nos recordemos que também há portugueses incomuns, daqueles que normalmente põem as notícias em ordem, em dia, vendo a CNN. Esses são sem margem para dúvidas os mais ávidos quanto ao que se passa no país e no mundo, quantas vezes não para perceberem se a mole humana que habita o nosso planeta vai resisitindo às agruras do nosso tempo, mas antes para perceberem se a sua própria segurança, que lhes é mais importante que a verdade, continua intacta e sem sinais de ataques vindos do exterior.

De repente, no que a nós diz respeito, e já agora acrescento mais uns tantos que por aí fora também têm um mau acordar, tudo parece querer desabar sobre as suas cabeças. Eis que subitamente se transforma este deserto sombrio da nossa cultura cansada em furacão que resolve todas essas coisas abortadas, desmembradas, apodrecidas, e levanta-as num turbilhão de poeira morta, que o vento arrasta para longe. E, então, nasce outro dia de calmaria e lá se regressa à normalidade.

Mas há alturas na vida , períodos do ano, em que verdadeiramente nada acontece. Pois muito bem, meus amigos, mas em Portugal, este ano, não houve a chamada silly season. É facto que registo com algum agrado, não pelos acontecimentos em si que a marcaram, mas mais porque existiu e sobretudo porque pôs o país a pensar, a falar, discutir, enfim a olhar para dentro de si mesmo. Se com algum resultado digno de registo ou não, já é assunto em que deposito dúvidas. No entanto houve de facto matéria mais que suficiente, quer no país quer no estrangeiro, para dissecar. Ora então vamos aos factos que marcadamente nos assolaram o Verão e foram pasto de sobeja para que jornais, televisões e outros que tais, como os bons jornalistas mais os jornalistas-fatela, se alimentassem e assim dessem asas às suas imaginativas imaginações.

Aí vêm então os ditos que quebraram pela primeira vez, de há muitos anos a esta parte, a tradicional estação fraca ou, dito de outro modo, o período sem novidades excitantes.
Ora vejam:

Antes de mais, o falecimento do estado-de-graça em que parecia estar o actual governo Quanto a esse estado, entenda-se modo de governação, só nos mostrou impostos, mais impostos e ainda mais impostos. É mau assim. Bem sabemos que a troika assim o determinou, mas das coisas que talvez mais custem a compreender a um homem nobre é terem de ir-lhe ao bolso com tal cadência. E o que se espera é que este atavismo não pegue moda para os vindouros.

Depois, também muito se falou do estado social. Aqui a coisa já muda um pouco de figura porque, coitado, acho que já lhe foi passado o atestado de óbito.

No que toca à nossa relação de amor com a Alemanha, também esta foi fortemente abalada. Tão abalada que, em resultado do nosso défice, que o mesmo é dizer da nossa dívida monumental e da frieza de frau Angela Merkl, até apetece citar Boaventura Sousa Santos, quando afirmou que não temos realmente as contas em ordem mas pelo menos não despachámos seis milhões de judeus. Assim é que é falar. Sem papas na língua.

Outro assunto que encheu páginas e páginas de tudo quanto é jornal revista ou áudio-visual (palavra linda), foram os acontecimentos bárbaros em terras de sua majestade, o Reino (des)Unido. Ficámos a perceber que lá, como no Egipto, independentemente de todos os pontos de vista e da sua utilidade, fez-se sentir uma certa tendência em relação a alguns tipos, muitos, que parece que se tornaram fortes e firmes sob a longa luta com condições essencialmente constantes e desfavoráveis. No tal Reino (des)Unido julgo que sem grande justificação para os actos perpetrados pelos jovens que, não lutando por causa alguma, assim ficaram expostos ao ridículo. A verdade é que, também no velho continente, as coisas já não são como eram. Ainda assim, as forças de segurança, inteligentemente lacónicas e reservadas lá seguraram os motins. Mas que a embrulhada foi séria, lá isso foi. Então não é que aqueles guerreiros sem causa conseguiram fazer mais e pior que os Messerschmitt AG alemães da segunda guerra mundial? Há qualquer coisa que correu mal e cá para mim foi justamente tanta inteligência laconicamente reservada das forças policiais britânicas.

No Egipto e aos olhos dos mais atentos, parece-me que as artes e artimanhas próprias da auto-conservação de um indivíduo, Hosni Mubarak, não o levaram nem à auto-elevação nem à auto-salvação. Benditas pirâmides e faraós que embora mumificados não foram molestados. Não sei se porventura não terão doado uma costela de poder, luxúria e vaidade ao tal Mubarak. Quem sabe? É que existem alguns desejos supremos que, ainda hoje, estão terrivelmente interligados.

Da Noruega chegaram-nos as imagens de um tresloucado com aprumo militar que, não lhe chegando o espaço de uma praça que quase destruiu, resolveu passear-se por verdes campos, julgando-se um profundo norueguês, tornando-se agressivo na esperança de se tornar livre. Sabotador da tranquilidade e da ordem mais não merece que o desprezo da espécie humana. Mas cuidado. Numa crónica qualquer que antes deixei escrita, já disse que os movimentos democráticos se estão a transformar numa espécie de organização política em decadência. E essa decadência está a conduzir à diminuição do homem. Devemos pensar na nossa própria estranheza perante o coro e perante o herói trágico desta tragédia.

Falemos agora do Strauss? Não, não é do génio musical. É do outro. Queria ser presidente da França. Ao que julgo tinha-o sido também do F.M.I. Um dia, ou em vários dias, achou-se certamente com um dominio «ideal» para encantar certas senhoras e lá vai disto. E diziam alguns que o homem era do mais puro e racional que algum dia tinham visto. Viu-se. Nem sempre devemos acreditar nas pessoas sensatas. Havemos de desconfiar sempre de algumas tolices a que se prestam. Sobretudo se essas pessoas sensatas tiverem poder!

Acho que já consegui juntar umas tantas notícias, se é que o foram, que em muito ajudaram a quebrar o tédio de um Verão morno e assim serviram para dar ocupação a quem pouco tinha para fazer. Não obstante, ainda vos deveria falar na indignação pacífica dos acampados em Espanha, da subida da taxa do IVA em Portugal, de toda a arte dos gregos que alguns querem menosprezar esquecendo-se que, os gregos, são para a nossa cultura e para todas as outras como o condutor de um carro: seguram muito bem as rédeas. Não se esqueçam disto que vos digo!

Finalmente gostaria de aludir aos espiões, género 007, como o Ian Fleming iria regozijar-se de tanto argumento para um próximo filme, que se vão passeando por cá em recambolescas histórias que, por não conseguir perceber nada do que se passa, nem delas me quero ocupar.

Será que me esqueci de alguma outra história que tenha traído vilmente a silly season de 2011?. Ah, claro! Como seria possível acabar isto sem vos falar do murro que o árbitro Pedro Proença apanhou, ou levou, no Centro Colombo, em Lisboa. É o velho problema teológico – será ?- da “fé” e do “saber” da “razão” ou da “questão” de se perder ou de se ganhar fora do campo. Paciência Proença. Dá agora a outa face.

E por aqui me fico. Só escrevi o que escrevi porque tenho grandes dificuldades em suportar as ociosidades. Dizia alguém que foi um golpe de mestre do instinto humano tornar os domingos de tal modo aborrecidos que mais vale aspirar inconscientemente ao trabalho da semana. Que grande mentiroso!...



Mário Rui

sábado, 24 de setembro de 2011

A causa das coisas



De todo o tempo que perdem os portugueses, não há eternidade como o tempo que perdem a não-ler. Durante o Verão, o país enche-se de turistas estrangeiros e quase todos – seja na praia, seja no hotel - andam quase permanentemente com um livro na mão. Esta estranha proclividade deixa o português perplexo: «Estes bifes são todos malucos – pagam um balúrdio para cá virem e depois, em vez de aproveitarem, passam o tempo todo a ler… Até usam o livro aberto para marcar os lugares!»
É o facto cultural mais assustador de todos – os portugueses não lêem livros. Em nenhum outro país da Europa é tão raro ver alguém a ler um livro em público. Causa genuína aflição vê-los a não-ler. Na praia, nas salas de espera, nos comboios, enquanto almoçam sozinhos, nos cafés… em toda a parte se vê uma população atarefadamente dedicada à actividade de não-ler. Porque é que não aproveitam estes tempos mortos?
Não se sabe. Uma das causas será o facto do português ter horror à solidão. Esteja onde estiver, e por muito entediada que seja a sua condição, o português prefere estar a olhar para os outros – os tais que, por sua vez (em vez de estarem a ler), estão a olhar para ele.
O Português tem medo de se mergulhar num livro porque isso significa deixar de “estar à coca”. Não pode estar em lado nenhum sem sentir que está de serviço, a controlar a situação. Olha os que entram, os que saem; os que ficam, os que voam e fazem “Bzzzz…”. Nem é só por bisbilhotice – é por desconfiança. Não pegam num livro porque têm medo de apanhar com uma paulada nas costas enquanto estão distraídos. Para um português, ler é estar desprevenido.
Os preconceitos contra a leitura são terríveis. Entre o povo diz-se que faz mal à digestão ler a seguir ao almoço ou ao jantar. A obsessão dos portugueses com a digestão merecia, só por si, uma crónica. Na TV, na campanha do “Há mar e mar”, aconselham um mínimo de três horas! E julga-se que passam essas três ridículas horas a ler?
Os contos de Bruxa não acabam aí! Existe também a noção grosseira de que ler «cansa a vista» porque «faz mal puxar muito pela cabeça». O típico brutamontes defende-se destas acusações dizendo que «ando a trabalhar todo o dia e, quando chego a casa, é para descansar, não é para ler». A realidade é triste mas tem de ser revelada: o português prefere cansar-se a trabalhar (e lembremo-nos que tem a capacidade singular de cansar-se muito a trabalhar pouco) ao descanso que seria ele ler


Miguel Esteves Cardoso



Mário Rui

Diferenças


“O país anda com as baterias contra Alberto João Jardim, mas há muitos à frente dele para sentar no banco dos réus. Nos últimos dez anos, houve uma data de mentirosos a governar. Eu falo muito. Mário Soares também. Só há uma diferença: eu tenho acertado. Mário Soares, não.”


Mário Rui

Submarinos, para que vos quero?


Uma das palavras que mais maltratadas têm sido, no entendimento que há delas, é a palavra oportunidade. Julgam muitos que por oportunidade se entende um presente ou favor do Destino, análogo a oferecerem-nos o bilhete que há-de ter a sorte grande. Algumas vezes assim é. Na realidade quotidiana, porém, oportunidade não quer dizer isto, nem o aproveitar-se dela significa o simplesmente aceitá-la. Oportunidade, para o homem consciente e prático, é aquele fenómeno exterior que pode ser transformado em consequências vantajosas por meio de um isolamento nele, pela inteligência, de certo elemento ou elementos, e a coordenação, pela vontade, da utilização desse ou desses. Tudo mais é herdar do tio brasileiro ou não estar onde caiu a granada.
Fernando Pessoa, in 'Teoria e Prática do Comércio'

Mário Rui


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A norma e o país.


A imprensa de hoje faz o favor de informar o País que 30 figuras de topo tiveram conhecimento dos factos que configuram indícios de um crime público que agora virá a ser investigado formalmente. A mim, fica-me a sensação de que se trata de um inquérito que surge, aparentemente, dada a pressão mediática que por aí anda, mesmo depois de se já ter percebido que apresenta todas as possibilidades de não conduzir a qualquer acusação e muito menos a qualquer condenação.

Se de facto assim não é, então eu, e muitos como eu, perguntarão porque razão não foram abertos outros inquéritos que igualmente se impunham por maioria de razão e por factos idênticos e de natureza ainda mais grave. É caso para perguntar a quem de direito, leia-se o M.ºP.º, qual a razão da escolha deste caso e não de todos os semelhantes que por aí campeiam? Estou a falar de igualdade de todos perante a lei, que é assunto arredado da justiça portuguesa. O circo mediático que se vai espraiando no Portugal de hoje, é sintoma de um país que ainda não percebeu, via jornalistas, que, como diria Eça de Queirós «o jornal é o fole que assopra a vaidade humana. Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as acções» menos as boas digo eu.


E com esta reflexão, não pretendo passar um esponja e apagar o que de pouco ético foi feito na Madeira. Quero só lembrar que a superioridade dos povos e das nações, a superioridade que há-de acabar por triunfar, consiste no maior número de espíritos que são capazes de optar pela norma quando ela se encontra em conflito com a vida. Mas antes de tudo é preciso que exista norma. Se assim não acontecer, então nem há norma nem há país!
Mário Rui

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Em Portugal, tudo é uma questão de "buraco".



De facto começo a dar razão a um amigo que, reiteradamente, e especialmente nos jantares que nos unem às sextas-feiras, sempre me disse: 'tudo gira em torno do buraco. O resto são cantigas'.

Ora vejam:
Um antigo juiz do Tribunal de Contas diz não perceber o alarido que rodeia a questão do buraco orçamental do Madeira, depois de terem surgido outras dívidas do género em Portugal.


«Este coro, diria de virgens enganadas, que agora surge a apontar o caso excepcional da Madeira, mais não é do que as antigas virgens que, duma forma habilidosa, esperta e dissimulada, criaram outras dívidas que têm custado imensos sacríficos aos portugueses», disse Carlos Moreno.
Em declarações à TSF, este ex-juiz do Tribunal de Contas, que exerceu funções nesta instituição durante 15 anos, disse ainda que não ficará surpreendido se aparecerem outros buracos orçamentais em Portugal.»


Mário Rui

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A bancarrota da democracia


Por muito que me custe falar repetidamente sobre o estado moribundo em que se encontra o meu País, é justamente para aí que sempre me viro quando penso na terra que me viu nascer. Perdoem-me os mais incrédulos, mas realmente tudo me leva a crer que mais ano menos ano, deixaremos de ter lugar que seja o nosso e, então, passaremos a habitar numa qualquer colónia pertença de usurpador de Nações. Não sei exactamente qual será, mas convictamente não auguro nada de bom.

Quase estava virado para deixar aqui uma infindável cronologia de factos que durante os últimos 37 anos denegriram a nossa imagem. Dirão alguns: ‘pois, mas também avançámos em direcção a um melhor modo de vida, a melhores condições sociais’. Será assim tão verdade? Em Abril de 74, e não querendo, nem por sombras, saudar a governação perniciosa que antecedeu essa data, a verdade é que Portugal não estava falido! Tinha em mãos, já o disse algures, uma estúpida guerra colonial em três frentes, uma péssima imagem no exterior, governantes de vistas curtas e quando mais abertas só serviam para amedrontar o povo.

Mas a verdade é que a democracia também era uma esperança. E mais. Só para usar um termo de comparação não sei se, não obstante toda essa noite escura do Estado Novo, mesmo assim ainda pergunto se não seria mais democrática do que, por exemplo, Angola dos nossos dias. A tal democracia angolana que os democratas de pacotilha de hoje evitam denunciar, vá-se lá saber porquê.

Quem levou Portugal à falência? Muitos, sobretudo as forças políticas dominantes e os seus arregimentados que em mais de 35 anos de poder de lá nunca saíram. Mas há outros que se enquadram perfeitamente nesta triste realidade em que hoje vivemos. O velho e nunca definitivamente gasto problema da moral. A falta de personalidade vinga-se por toda a parte; personalidade enfraquecida, frágil, apagada, que se nega e se renega a si própria deixa de valer seja o que for, sobretudo para o Pais sonhado com Abril. Uma corrupção endémica sugou o pouco que tínhamos.

Mas é absolutamente necessário que, se mais não nos for possível ou se a tanto não conseguirmos chegar, pelo menos que tenhamos memória fresca e lucidez de espírito. E afirmo-o desta maneira porque a mentira que nos andam a contar há muitos anos, por exemplo, sobre a ilha da Madeira e seu vice-rei, ou rei? já não sei, não está muito bem contada. Sendo certo que insularidade significa mais solidariedade, nos dias que correm esta solidariedade já mudou de significado, agora deve ler-se dinheiro, dinheiro e mais dinheiro, também não é menos verdade que lá vivem cerca de 200 000 pessoas que precisam de governação. Precisam de condições dignas para o fazer e, lá nisso, com muitos ou poucos gastos, seguramente com arrogância e estupidez em excesso, o tal vice-rei lá foi tornando melhor e mais feliz o modo de vida dos madeirenses.

E digo mais. Agora foi descoberto um buraco orçamental na ilha. Dizem que estava escondido. Talvez seja verdade. Quem o escondeu? Quem permitiu que se chegasse a tal estado? Talvez o vice-rei da ilha seja um incompetente, um aldrabão e sei lá mais o quê. Mas não se esqueçam que o "buraco"da Madeira talvez venha a servir para esquecer os que temos no Continente.Só no Metro de Lisboa há um "buracão" de um valor superior ao da ilha. Sabem por certo o que é o Metro de Lisboa! Aquelas linhazitas férreas, não muitas, que por cima e por baixo atravessam a capital. Então o que têm andado a fazer o Banco de Portugal e o Tribunal de Contas? Quais são então, em última análise, as verdades deste e de outros homens? São os seus erros irrefutáveis!

Tudo isto é triste, tudo isto é fado!!! Não quero fazer moral, mas dou o conselho seguinte àqueles que a fazem: se quereis tirar às melhores coisas todo o prestígio e todo o valor, continuai a falar delas como o fazeis. Assim o nosso ouro há-de tornar-se em chumbo. Há aneiras de espírito que, mesmo naqueles que o têm grande, acusam a plebe de onde saíram: são o ritmo andrajoso e a marcha dos seus pensamentos que os traem.

Depois de tanto pensar e escrever, peço-vos que leiam o que disse o presidente da Jerónimo Martins, quando nos alertou dizendo não ter dúvidas de que Portugal é hoje um País falido.

"Estamos falidos e quando se está falido, está-se falido. Não vale a pena andar-se a discutir. A única coisa a fazer, todos em conjunto, é não assistir a este espectáculo triste de nos estarmos sempre a queixar na televisão, mas darmos as mãos e recuperarmos o país a trabalhar", argumentou hoje Alexandre Soares dos Santos durante uma conferência promovida pela AEP, em Lisboa.”


E o profeta da desgraça sou eu?

Mário Rui

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Se conhecerem, avisem-me p.f. ...




A Lei 34/87, de 16 de Julho, está em vigor há duas dúzias de anos. Alguém conhece algum titular de cargo político que tenha sido acusado (já nem digo condenado) pela prática deste crime?


Artigo 14.º


Violação de normas de execução orçamental

O titular de cargo político a quem, por dever do seu cargo, incumba dar cumprimento a normas de execução orçamental e conscientemente as viole:
a) Contraindo encargos não permitidos por lei;
b) Autorizando pagamentos sem o visto do Tribunal de Contas legalmente exigido;
c) Autorizando ou promovendo operações de tesouraria ou alterações orçamentais proibidas por lei;
d) Utilizando dotações ou fundos secretos, com violação das regras da universalidade e especificação legalmente previstas;será punido com prisão até um ano.


Mário Rui

Este não é o DSK. Também é Strauss, mas antes tem Johann. Muito mais bonito que Dominique...


Os maiores génios são os que mais tarde se compreendem.

Mário Rui

Strauss-Khan desiste de corrida às presidenciais francesas de 2012



Dominique Strauss-Kahn afirmou hoje que queria anteriormente "ser candidato" às eleições presidenciais francesas de 2012, mas ressalvou que neste momento, depois do escândalo sexual que levou à sua prisão, “evidentemente não”. (in jornal i)


Era só o que nos faltava. Numa Europa conturbada, sem rumo, onde os povos não querem o federalismo como solução possível para o renascimento do continente, e lá saberão porquê, numa Europa que precisa tanto de líderes como o pobre de pão para a boca, só necessitávamos agora de um presidente francês de modo a que a culpa de um, fosse a pena de todos. Será que esta desistência, feliz ideia, quer significar que a culpa afinal mede-se pelo arrependimento? Parece que sim. Boa viagem, senhor Strauss!!!

Mário Rui



sábado, 17 de setembro de 2011

A história de todos os dias. Assim vai o Mundo




Strauss-Khan admite ter tentado beijar jornalista (in 'Diário de Notícias')





Esconder contas só vale 25 mil euros de multa a Jardim (in 'Diário de N0tícias')


Traço ao redor de mim, círculos e recintos cada vez mais sagrados; cada vez mais raros se tornam aqueles que escalam comigo montes cada vez mais altos. E eu hei-de construir um maciço, composto de cumes cada vez mais inacessíveis a uma certa raça de homens. Estou cansado, saturado, farto de alguns. E, onde quer que ainda assim chegueis a subir comigo, meus amigos?, vede que não venha mais um parasita convosco.
Vós mentis, mentis, mentis! Os pensamentos de uns dispersam-se em ruminações sexuais. A verdade é que, quando saudáveis, os devem tornar homens felizes. Quando agressivos e persistentes, o tempo passa sem castigo, e então tornam-se galinhas cacarejantes. E querem que percebamos isto? Só quero destruir os ideais que alguns congeminam à custa de ignorarem o seu próprio bom-senso, a sua própria capacidade mental.
Se me apetecer, porque me apetece mesmo, falar dos devaneios de outro e ainda que de natureza diferente, também aproveito para lhe dizer; Jardim, tu não és o povo, pobre juiz de província. Faz parte do meu respeito e do meu amor-próprio pelas pessoas de bem expor-me ao perigo e dizer-lhes as verdades. Vejam se as entendem Povo.
Mário Rui

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Berrlusconi ‘called Merkel an unfuckable lard-arse’




O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, terá sido apanhado numa escuta telefónica em que se refere à chanceler alemã, Angela Merkel, em termos insultuosos. Após os rumores que circulavam nos media há ja álguns dias, o presidente da União dos Democratas-Cristãos e Democratas de Centro (UDC), levantou a questão no Parlamento.
Segundo a versão que circula nas redes sociais, Berlusconi referiu-se a Merkel como «gorda que ninguém quer f...». Na mesma conversa, o chefe do Governo italiano refere-se a Itália como sendo um «país merdoso».

As escutas terão sido efetuadas no âmbito de uma investigação a um caso de corrupção.

Berlusconi, um autêntico «campeão de gaffes», mantém uma relação tensa e por vezes mesmo conflituosa com Merkel.

Buttiglione disse no Parlamento que a expressão usada por Berlusconi é «indizível, impronunciável e inaceitável».


Eu diria que, o intelecto humano de alguns políticos, e não só políticos, quando assente numa "cisma" dificilmente se afasta dela. Da cisma e das mulheres, é disso que estamos a falar...


Mário Rui

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Viva a reputação feita!



Quanto ao que os ricos têm, não faço ideia. Imagino que terão muito dinheiro, algum poder e certamente alguma , pouca pelos vistos, vontade para que se deixem taxar de modo mais gravoso que a maior parte dos portugueses. E digo a ‘maior parte’ porque é sabido que de facto somos um país pobre, de fracos recursos e ainda por cima sempre muito relutante quanto ao pagamento de impostos. Sobretudo aqueles que, numa análise feita muito pela rama, são realmente injustos, dos que ninguém percebe para que servem ou a quem servem.


É evidente que parte desses impostos, os justos somados aos injustos, deveriam sustentar e alicerçar algum bem-estar a outros tantos portugueses e, se assim acontecesse, não me parece que daí viesse grande mal ao mundo. Se os ricos os devem pagar mais ‘caros’ que o comum do cidadão, é assunto que tenho alguma dificuldade em percepcionar.


Em todo o caso, sempre achei, porque sempre ouvi o mesmo discurso, que os mais ricos se acham muito generosos e sensíveis quando se debruçam sobre a classe inferior que lhes cria a riqueza. Seja o empresário empreendedor, seja o patrão que subiu a pulso na vida, seja o que da dinastia muito herdou e quer preservar. Habitualmente traduzem em linguagem adamada o que desta classe ‘inferior’ julgam perceber. Mas realmente não percebem.


Bom, mas tudo o que já disse, prende-se no essencial com o facto de terem vindo recentemente à estampa algumas declarações daquele que dizem ser o português mais rico do país, Américo Amorim de seu nome.


Tão vago foi no que disse, que até fez um esforço, inglório, digo eu, para informar Portugal que afinal não era um homem rico. Deste lado já ficámos conversados e a perceber que da sua parte não virá outra contribuiçáo para cobranças que não a aplicada aos restantes compatriotas.


Claro que o dinheiro é dele e fará do mesmo o que muito bem entender. E quanto a impostos deverá igualmente pagar os que lhe são devidos e não mais que isso, a menos que, generosamente, reconheça ser seu dever fazê-lo por excesso, ou até por causas mais nobres, o que de resto e ao que julgo saber, até tem levado em conta relativamente a pessoas e instituições.


Em resumo e quanto a este homem “pobre de rico”, parece-me que as palavras que deixou a quem as quis ouvir, mais não foram que um certo egoísmo, mas um egoísmo que se sente como a imagem da virtude de quem adquiriu riqueza de uma forma insaciável mas muito esforçada. Não me horrorizei, como alguns articulistas da nossa praça, quanto ao que foi dito por este personagem.


A mim, o que me envergonha, é saber que há outros portugueses, também eles muito ricos de dinheiro, porque há os ricos de vaidade, de tesouros, de jóias, de avidez e até há os ricos em egoísmo indigente, que nunca mostraram a ninguém a imagem da sua improvável virtude, porque sempre obrigaram as coisas a vir até eles, e a ficarem neles próprios.


Nunca acenaram à multidão porque em verdade, nunca tiveram a força e a virtude de entesourar na alma do próximo um pouco que fosse dos seus tesouros. Mas enfim, assim se vive num século que parece nada ter aprendido quanto ao avanço do corpo e do espírito, quanto à qualidade de uma espécie, a humana, em direcção a um ser superior no que às virtudes diz respeito.


Fica-me a impressão, quando não certeza, de que estes são os espíritos degenerados que dizem: «tudo para mim». É por tudo isto que ainda hoje não percebi muito bem o que é a ditadura e a democracia. Defeito meu, admito-o.


Mas é também meu dever acrescentar que, de ditadura, eu ainda aprendi um pouco. É feia, porca e má. Da democracia cozinhada à portuguesa, acho tratar-se de um movimento dito por alguns de libertador, democrático, mas ao mesmo tempo e sobretudo isso, de uma forma de decadência da organização política, mas uma forma de decadência que se traduz na diminuição do homem, do retrato da sua desvalorização e na afirmação da sua mediocridade.


Viva a reputação feita. É o que eu penso!


Mário Rui

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dos tais loucos que nos habitam.




Então este é o tal comissário europeu alemão Gunther Oettinger que defendeu que as bandeiras dos "pecadores da dívida”, deveriam ser postas a meia haste. De facto, em cada um de nós há sempre um pouco de loucura e, às vezes, até na loucura há razão. Mas não é com toda a garantia o caso deste alemão louco que, com ironia, estupidez, frio de indiferença, descuidado na voz do que diz, mais se parece com alguém que todos nós conhecemos em tempos idos. O que parece haver de certo no discurso deste sargento-ajudante, comissário ou lá o que o for, é que ele quase se militariza na entoação do que disse. Não o conheço de lado algum, o que de resto também se aplicará a ele quanto à minha pessoa. Também sei que o que lhe vou ensinar, no que à minha bandeira, a portuguesa, diz respeito, de pouco lhe servirá por duas razões distintas. A primeira resulta da sua própria ignorância quanto à língua de Camões, para entender o que quer que seja do que lhe quero gritar ao ouvido. A segunda razão, porque nunca mais lá chegaria, ao dito entendimento, é porque não há quase nenhum discurso de político alemão, mesmo quando se faz ouvir por meio da sua imperial porta-voz, que não seja marcado por um acento que fere a sensibilidade de um estrangeiro e lhe inspira repugnância. Não obstante assim postos os dados do problema , eu explico-lhe o que é uma bandeira. Depois dir-lhe-ei o que, para nós portugueses, significa a meia-haste.
Então vamos lá: pode o Sr. Gunther entender que o meu país soçobra , no fundo, em tudo o que quer, ou inicia. Até pode achar que este é um pequeno lugar do planeta cheio de nódoas negras. Agora quanto à nossa bandeira, ela concede-nos há centenas de anos o símbolo da Pátria, a nossa independência, a nossa integridade e especialmente o seu culto entre todos os portugueses. Nunca a vimos ser queimada ou sequer enxovalhada. Quanto à sua bandeira, tenho dúvidas de que possa dizer o mesmo.
Relativamente aos “pecadores da dívida”, que deveriam segundo a sua imbecil opinião colocar a bandeira a meia-haste, primeiro vamos lá saber se o Sr. alguma vez percebeu o que é um “pecador de dívidas”. Um “pecador de dívidas” é, no mais das vezes, alguém que quer escapar à sua própria miséria, alguém a quem as estrelas lhe parecem demasiado longínquas e pouco amigáveis. Mas olhe que a miséria de que lhe falo, não foi gerada pelo próprio, mas antes por mentes carregadas de cio, de ódios e invejas, de voluptuosidades. Assim chegámos ao estado do nosso Estado e também por sua culpa. Germânico que é! Pese embora este triste modo de estarmos, nunca se esqueça que a alma de um português é uma importante parte de si mesmo. É como a bandeira da nossa Nação.
Quanto à meia-haste, nem pelas razões que o Sr. aponta, nós portugueses, alguma vez haveremos de a içar de modo tão incompleto. Por regra, que ainda não foi e nem será revogada, nós os lusitanos só a içaremos pelo meio do mastro sempre, só e quando entendermos que cousa alguma ou facto de respeito a tanto nos convoque. É por isso também que, nós os portugueses, sempre achámos que mais vale dever do que pagar com uma moeda que não traz a nossa efígie! Asim o quer a nossa soberania e por muito que nos custe pagar, e custa, pelo que o nosso povo e a nossa bandeira não fizeram, mesmo assim, um dia alcançaremos o nosso fim e, depois, com o nosso orgulho, ensinaremos a si Sr. Gunther e aos demais da sua estirpe, que muitos ignoram a sua imensa riqueza até ao dia em que aprendem a das pessoas que ela tornou ladrões. Ocupe-se lá de outras originalidades que tanta falta fazem ao seu próprio país pois nós ja estamos enojados da sua sabedoria.


Mário Rui

domingo, 11 de setembro de 2011

Depressão pós Verão



Com o final do Verão vêm sempre as inquietações de um novo ciclo e as tristezas do regresso à rotina. É chato isto de ver os dias de cão chegarem ao fim. Mais chato é saber que crescemos e esses dias dificilmente virão outra vez.


Quanto a mim, este foi provavelmente o último Verão gozado à séria. E quando digo à séria, falo mesmo a sério. Este final de Verão significa um novo ciclo para mim. Agora só há lugar para trabalhar. E como se isso não bastasse, será um trabalho bem longe daqui e dos que me são queridos. Ou seja, de vocês!

É pena ter de admitir que compreendo agora perfeitamente os que sentem a falta dos famosos três meses de férias, dos dias quentes sem fazer nenhum, dos sonos e das horas trocadas, da falta de preocupações e do habitual convívio com os amigos. Agora estou convosco!


O final do Verão significa também voltar àquela escrita que nos sai agora esquisita, própria de quem não abre um sumário há meses, àquele friozinho na barriga natural do primeiro dia de aulas ou de trabalho, àquele formalismo do costume e àquela rotina que nos consome.


Mas nem tudo é mau. Com o final do Verão vêm também coisas positivas. Eu apenas não sei quais, ainda. É como saber que estudar faz bem, mas só percebermos isso uns anos depois. Ou como comer chocolate, sabendo que engorda, mas só nos apercebermos disso quando nos inscrevem no Peso Certo.


Enfim, é tão triste isto de crescer e ter responsabilidades acrescidas, como ter de continuar a tirar a areia que ficou esquecida no bolso das calças.

Rui André

Mentira



Viver sob o signo de uma mentira não é fácil. Primeiro, porque na maior parte das vezes não nos queremos conformar com a veracidade dos factos, mesmo quando eles estão à nossa frente. Algumas pessoas chamam a isso estupidez, outras ingenuidade. Depois, porque uma mentira repetida muitas vezes jamais se torna uma verdade.


Mas há mentiras boas e mentiras más. As boas pressupõem uma surpresa agradável ao homem ou à mulher da nossa vida, uma partida ao melhor amigo ou um “eu não sei de nada!” que nos protege de qualquer inconveniência da qual não fizemos parte.


As más, pelo contrário, não são agradáveis, antes corroem o espírito de quem engana e de quem é enganado e deixam ao descoberto a mesquinhez e a falsidade de quem as alimenta.
As mentiras más são isso mesmo. Más. Mesquinhas. Vis. Não importa quem as inventa, quem as diz ou quem as sustenta. Não importa a sua forma, cor ou conteúdo. Não importa sequer a raça, o credo ou a religião de quem as produz.


Depois existem as mentiras grandes e as mentiras pequenas. As mentiras óbvias e as mais discretas. As dos que nos governam e as dos que nos querem governar. As dos casais e as dos solteiros. As dos assistentes de vendas e as das empregadas de limpeza. As dos vizinhos e as dos desconhecidos. As dos pequenos e também as dos mais crescidos.


Seja como for, uma mentira má é sempre condenável. Por isso, por muito tentadora que seja, não nos devemos nunca sujeitar a ela. Fuja-se que ela é um mal que arde por dentro e incendeia a alma dos que gozam com ela e dos que com ela sofrem.

E apesar de curta, a mentira dói sempre mais do que a verdade porque nela vive a única coisa que precisa de ser provada: o incerto.

Rui André

sábado, 10 de setembro de 2011

Dos loucos que nos habitam


O comissário europeu alemão Gunther Oettinger defendeu que as bandeiras dos "pecadores da dívida deveria ser postas a meia haste.

Hoje já é um pouco tarde para responder a esta pecadora e bafienta provocação. Amanhã falaremos Sr. Gunther.

Mário Rui

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Das relações que se mantêm com as virtudes e defeitos



Não que desgoste inteiramente do homem, do político. Mesmo assim, começo a achar que já são intervenções a mais, até no seio da política que não se coaduna, segundo o senhor, com o seu ideal socialista. Criam-me sempre confusão estas associações. O diálogo, o respeito pelo maquinista que a certa altura guiou a carruagem, quantas vezes bem, outras tantas tão mal, não lho nego. Ainda assim, já começam a ser excessivamente pardas e iguais a tantas outras, as suas palavras, como se de um verdadeiro profeta se tratasse. E não acho que seja o caso. Enquanto a razão não der o assentimento e não gerar nele a evidência necessária, entendo que será melhor Sr. Dr. Mário Soares, não lançar mais gasolina para a fogueira. Fogueira, que de resto, também contou com o combustível que a seu tempo o Sr. Dr. para lá lançou. Já nessa altura havia gente a viver muito mal e gente a viver muito bem. Todas as virtudes e defeitos têm a sua época ...


Mário Rui

A Laurentina



Moçambique acordou ontem com um outdoor que se veio a revelar um desastre de Public Relations.
Organizações feministas, mas não só, revoltaram-se contra a imagem e o slogan que consideram insultuoso para a dignidade humana.
A utilização do corpo da mulher é assunto eternamente polémico e continuamente popular, porque está provado que vende (não só aos homens, mas também às mulheres). O problema é que há sempre aguém que acha que África ainda é um colonato europeu, mas a mulher africana, afinal, também tem os seus direitos. Quer se chame Laurentina , Florentina ou até Marcolina.

Mário Rui

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Do fundo da décima primeira solidão de Setembro. A não olvidar!




Este mundo que nos diz respeito no seio do qual nós temos que temer e que amar, este mundo quase invisível, inaudível, do mandar delicado, do obedecer delicado, um mundo do "quase" em todos os apectos, escabroso, capcioso, pontiagudo, terno: sim, está bem defendido de espectadores gosseiros mas convirá nunca esquecer que estamos enfiados numa rede e numa camisa-de-forças, de deveres e, por vezes, não podemos libertar-nos. Hoje é a era das massas e cuidado porque algumas, pensando receberem um grande «dom», levam a nossa existência ao caos, ao labirinto. Prudência e vigilância é o que se aconselha, porque de outro modo, assim pode começar o nosso declínio. Disse! A vermelho!


Mário Rui

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Oriente nada de novo



«No momento em que escrevo, manda a praxe dizer, a propósito da Líbia, que ainda não sabemos ao certo como é que tudo vai acabar. Muito mais curioso, porém, é o facto de, após vários meses de encarniçamento noticioso e analítico, ainda não sabermos ao certo como é que tudo começou. Ninguém esperava esta “Primavera Árabe”. E a primeira inclinação foi para interpretar as insurreições à medida das modas ocidentais. Tivemos assim a “revolução do Facebook”. Vamos agora, que a ofensiva militar anglo-francesa fez cair Tripoli, falar da “revolução da Nato”?
Não quero estragar entusiasmos, mas a verdade é que nada do que estamos a ver é historicamente novo. A década de 1950 também teve a sua vaga de regimes em queda no Médio Oriente. Massas de gente nas ruas e praças, a maldizer os tiranos em desgraça, são uma faceta clássica das transições políticas nas autocracias da região. Já foi assim no Egipto, em 1919. Quando um poder se esgota e cai nestas sociedades segmentadas, tudo tende a regressar ao caos originário, até emergir um novo poder. Com sorte, o intervalo poderá compreender fases de guerra civil “suspensa”, como no Líbano ou no Iraque de hoje. Se quiserem, chamem-lhes “democracias”. Com a islamização em curso, não serão provavelmente seculares — o que não quer dizer que tenham de ser “jihadistas”.
Desde o século XIX, estas transições suscitaram por vezes promessas e expectativas de eleições e parlamentos (a primeira constituição da Tunísia é de 1861 e a do Egipto de 1923). Desta vez, a referência democrática tem mais esta razão de ser: os rebeldes perceberam a importância do patrocínio das potências ocidentais, cuja linguagem, por isso, precisam de falar. Daí, aliás, o esforço dos islamistas para passarem despercebidos. A mão do Ocidente, através da Nato, tem sido muito visível na Líbia. Mas a Líbia não é uma excepção. Até agora, os regimes derrubados foram os mais vulneráveis, pela sua dependência financeira e militar, à pressão ocidental (caso do Egipto). Os manifestantes da Praça Tahrir, tal como os guerrilheiros de Benghazi, resistiram e avançaram à sombra do Ocidente. Aquilo que fez a diferença no Irão em 2009 e o que distingue a Síria hoje é a improbabilidade de, nesses casos, o Ocidente ser efectivo ou esforçado.
Em suma, uma época de transição entre “sultões” no Médio Oriente conjugou-se com uma recaída do intervencionismo “humanitário” inaugurado por Clinton na década de 1990 e continuado por Bush em versão neo-conservadora. A questão é esta: porque é que o ataque da Nato contra a Líbia não mereceu as polémicas da guerra do Iraque? Em termos de “comunidade internacional”, esta intervenção também dividiu (a Alemanha escusou-se) e não foi menos “ilegal” (o “mandato” da ONU só serviu para ser abusado). Mas não vimos a esquerda marchar contra um “novo Vietname”, nem a direita mobilizar-se para um “choque de civilizações”. Porque Obama não é Bush? Porque não há infantaria americana no terreno? Porque o povo de Benghazi parecia em perigo, como os kosovars em 1999? Talvez. Voltámos assim, politica e militarmente, à época das campanhas da Nato contra a Sérvia. Enfim, nada de novo.»



Rui Ramos in Expresso

Freddie Mercury - The voice (a de Sinatra vem depois)


Nasceu a 5 de Setembro de 1946 na colónia britânica de Zanzibar. Os pais deram-lhe o nome de Farrokh Bulsara, mas foi como Freddie Mercury que conquistou o mundo. Sempre carismático e extravagante, Mercury conheceu os colegas da banda quando se mudou para Inglaterra com os pais aos 17 anos. Na faculdade partilhou o quarto com Tim Staffell, que tinha uma banda com Brian May e Roger Taylor. Não imaginaria Freddie Mercury que aqueles passariam a ser os seus maiores parceiros de aventuras e que, depois da saída de Tim Staffell, aquela banda, de nome Queen, formada sob os seus comandos, chegaria aos tops mundiais e tornar-se-ia numa das maiores da história da música, com mais de 300 milhões de discos vendidos em todo o mundo - superando os Beatles.Com um estilo inconfundível, Freddie Mercury tornou cada concerto num momento único, carregado de encenações teatrais, com cenários e roupas espalhafatosas. Sem vergonha e com muito carisma, Freddie Mercury tornou-se no símbolo da banda.Considerado por muitos como a melhor voz de sempre do mundo da música, o vocalista dos Quenn imortalizou temas como "Barcelona", "We are the champions", Under Pressure”, “Will Will Rock You”, “Love Of My Life”, “Somebody To Love” ou “Don’t Stop me now”. Músicas que ainda hoje passam nas rádios e televisões de todo o mundo. Músicas que se mantêm actuais e que continuam a inspirar gerações de músicos.Entre os Queen e colaborações com outros artistas, Freddie Mercury teve ainda tempo para lançar dois álbuns a solo, aclamados pela crítica e pelos fãs, mas longe dos mega-sucessos da banda em si.Em 1991, com Freddie Mercury muito doente, surgiram rumores de que o cantor tinha sida, o que se confirmou numa declaração feita pelo mesmo a 23 de Novembro, apenas um dia antes de morrer. Freddie Mercury morreu na noite de 24 de Novembro de 1991, na sua casa, chamada de Garden Lodge, que ainda hoje atrai as atenções dos milhões de fãs. Continuam a deixar flores, mensagens e lembranças à porta da mansão, Freddie Mercury continua a ser lembrado. Como foi cremado, o músico não tem uma sepultura e por isso os sítios por onde passou, como a sua casa, tornaram-se autênticos memoriais. O local onde as suas cinzas foram lançadas não é oficialmente conhecido, mas segundo algumas fontes, apenas Mary Austin, ex-namorada de Mercury, saberá o verdadeiro paradeiro, acreditando-se que terão sido lançadas num rio na Suíça, país adoptado pelo músico, onde conta também com uma estátua em sua lembrança, inaugurada em Novembro de 1992.Mas mais do que a sua morte, hoje o Google, à semelhança do que tem acontecido com algumas datas simbólicas, comemora a vida de Freddie Mercury com uma animação musical.Para assinalar o aniversário do cantor, os Queen vão disponibilizar, pela primeira vez, o “Live at Wembley Stadium” na íntegra, no Youtube. O concerto realizado em Julho 1986 em Londres, um dos últimos espetáculos dos Queen, é considerado histórico na carreira da banda e será lançado também numa edição especial em DVD. Assinalando a data, também o canal Biography Channel se associa à homenagem transmitindo hoje, às 22h25, um documentário que sublinha "o papel único que Mercury desempenhou como músico que revolucionou o rock britânico".



Mário Rui

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Cobradores de impostos


Começo a ficar deveras farto, poderia dizer cansado mas até essa fase já passou, sendo que é aos burros, mamíferos solípedes, perissodáctilos, menos corpulentos que o cavalo e de orelhas compridas, espero que tenham percebido bem a caracterização simples da espécie a que me refiro, que se costuma, quando de barriga bem nutrida, dizer que estão fartos. Se quiserem chamem-me de burro também, eu não vos levo a mal, mas a verdade é que cada vez percebo menos do que por aí vai no que aos impostos diz respeito. E haverá por esse país fora muitos mais burros que, como eu, perplexos ou só revoltados, começam também a desconfiar se toda esta vassalagem e cobrança, não vai dar em nada no que toca ao país que um dia sonhámos para os nossos filhos.

Ou me engano muito ou isto vai ser vendido a talhões. Vendido? Desculpem, talvez oferecido e ainda assim leva jeitos de que ninguém lhe pegue. Oferecido já é muito caro. Perdoem-me se belisco minimamente o patriótico-orgulho de alguém mas, se assim pensam, estão enganados. Sou tão português quanto qualquer outro lusitano, eventualmente apenas com uma pequenina diferença. Essa diferença tem a ver com o facto de achar, há muitos anos, que o corpo se purifica pelo saber e eleva-se por tentativas conscientes.

Ora, de há 37 anos a esta parte, nem o corpo se tem purificado pelo saber nem as tentativas conscientes para o elevar têm surtido efeito. Triste sina a minha. Triste sina a nossa. É desumano que abençoemos quem nos amaldiçoou. Por mim ando muito, mas mesmo muito magoado com esta gente que levou o meu país à falência. Magoado, por me terem mentido durante tantos anos, mas sobretudo por não poder voltar a acreditar nessa mesma gente.

E agora reparem. Já não chega o que o triunvirato, leia-se associação de três cidadãos, cá para nós entidades poderosas para açambarcar toda a autoridade, cá veio fazer, e parece que para ficar por muito, muito tempo, impondo como condição para não morrermos à mìngua, que nos dispamos de todas as nossas vaidades, rendas e orgulhos e, ainda por cima, aquilo que me chega aos ouvidos a cada dia que passa, são novas lusitanas vozes a clamarem – é este o termo certo – por mais impostos.

Do governo, embora contrariado já eu sabia que assim ia ser. A corrupção, como expressão de uma ameaça, a anarquia nos instintos de alguns, afectou gravemente o fundamento dos afectos a que se chama “vida”. Foi esta péssima pseudo-aristocracia que nos levou ao fundo. Uma pseudo-aristocracia que deveria ter tido como ideal não uma função mas antes um sentido. O de elevar a populaça à condição de seres iguais e não à exploração, ao sacrifício de inúmeros homens que, incautos e julgando servir uma boa causa, acabaram oprimidos e reduzidos a homens incompletos, a simples instrumentos.

Pode isto parecer o discurso do descrente, do desanimado, mas o que é certo é que tudo o que é de hoje tomba e sucumbe. Indignem-se os puros do modo que muito bem entenderem. Mas indignem-se! E nunca esqueçam que para os puros, tudo é puro. Para os porcos tudo é porco.

Agora, de outras bandas, tão portuguesas quanto a minha, é que não esperava sinceramente mais um clamor. Um dos últimos, quiçá o derradeiro apelo, veio directamente do bastonário dos médicos que defende a criação de um imposto, mais um, sobre a fast-food. Ora Sr. Dr., trate lá dos doentes e deixe os que ainda são bravos na governança no desempenho tranquilo e, espero, pela última vez, sério, do trabalho que têm pela frente. A fast-food Sr. Dr. é a broa e o caldo quente da minha gente. E com a sua pretensão fica-me a ideia de que o Sr. quer taxar outra coisa qualquer. Será a comida rápida, porque escassa, de quem tem que ir à sopa dos pobres? Também é fast-food mas só a come quem às vezes nem prato tem para a aquecer.

Com tanta parda eminência a ditar “faladura”, há-de chegar o dia, e não demorará muito, que a gota de água se achará rio. Nessa altura, o pastor, o marceneiro ou o mendigo hão-de revelar maior génio do que todos os lógicos que nos arrastaram para este abismo.

Mário Rui

Sorrisos - Manufacturamos realidades




Mário Rui

FazDebook


Se acha a cultura cara, então experimente a ignorância.

Mário Rui (Parte II)

Mais do mesmo



O dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Loução, voltou a dizer, ontem num comício, que "precisamos de um 25 de Abril na Economia para proteger o que é nosso". Deve estar esquecido do 11 de Março de 1975. E se as pessoas que o ouviram soubessem o que representou essa data e o que significaram as nacionalizações que se lhe seguiram, tinham fugido a sete pés do dito comício. É que é sempre bom não ter a memória curta. E parlapatões políticos já os temos aos montes. Falar é fácil. Difícil é fazer.



Mário Rui