quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O circo voltou a descer à cidade




O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apelou aos portugueses para serem “mais exigentes”, “menos complacentes” e “menos piegas”, sublinhando ser essa a fórmula mágica para Portugal ganhar credibilidade e criar condições para superar a crise.

Diz quem sabe - o dicionário - que "piegas" equivale a "quem é muito sensível ou assustadiço". Revela também que é um termo de "origem obscura" e que tem valor "depreciativo". Assim sendo, não foi realmente terminologia adequada para falar aos martirizados que continuam a dar o que têm e o que não têm, na expectativa de que o país não sucumba perante tantos males de que padece.

Até porque, antes de dizermos as coisas que nos vêm à cabeça, é imperativo que nos demoremos por um momento a lembrar a impressão que podemos causar ao espectador. E desta vez, a impressão que nos ficou foi a de um primeiro-ministro a falar para mentecaptos. Não que me espante que possamos de facto ser uns néscios que para aqui andamos já que, se assim não fosse, este governante teria pensado antes de dizer. O problema dele é que disse antes de pensar.

Muitos o fazem e só a nós o devem agradecer. Quando fizermos sentir à classe política que afinal não somos uns ‘pacóvios’, talvez a coisa mude de figura. Em todo a caso convirá acrescentar que, quem ainda “rejubila” na fogueira, jamais triunfará sobre a dor, mas sobre o facto de não sentir dor onde esperava. Nos cidadãos portugueses. Seguramente que estes últimos, apesar de insatisfeitos com o dito, nem por isso lhe ligaram muito. É que para conversas loucas, orelhas moucas.

Ao invéns, alguns ‘spin doctors’ da nossa educadora praça, fizeram-nos o favor de nos bombardearem com os mais diversos, hilariantes e ao mesmo tempo estúpidos comentários a propósito das tais palavras loucas do nosso primeiro. Jornais, comentadores, oposição ao Governo, historiadores, investigadores de linguística, sociólogos e finalmente vários ‘cientistas sociais’, deram à estampa opiniões para todos os gostos. Foi um tal vender papel, preencher horas de rádio e de televisão e o contribuinte a pagar. Melhor fora que, quer o primeiro-ministro, quer toda esta onda de contorcionismo jornalístico-político, não tivessem perdido tanto tempo e dinheiro a ocupar-se de assunto que, para o crescimento económico do país vale zero.

Conclusão; um, uns e outros, são todos a mesma e uma só coisa. E se todos eles alguma vez pensaram que disseram ou escreveram algo com virtude, então desenganem-se porque, às vezes, é pelas próprias virtudes que se é mais bem castigado. Nós bem vos entendemos, aos três. Mas os espectadores que ainda vos prestam alguma atenção quando em presença de um ‘não caso’ como o acontecido, também percebem da razão que lhes assiste quando vos ouvem ou vêem.

Quando o pobre come frango, um dos dois está doente! E eu acho que não é quem ainda vos continua a prestar atenção!
Mário Rui