sábado, 5 de junho de 2010

Operário em Construção

Jacques Brel - Ne Me Quitte Pas

The Bee Gees- 'Massachusetts'

Pois é. Estes eram os anos de ouro da música do século XX. Uns gostavam, outros nem por isso. Nem nos vinha à ideia o desaparecimento de Charles de Gaulle, os assassinatos de J.F. Kennedy e Robert Kennedy, os que morriam numa estúpida guerra colonial, a ida à Lua, a guerra do Vietnam, o primeiro transplante de coração -lembram-se do prof. Christian Barnard? - enfim às vezes a ignorância é o estado mais puro da felicidade. Ou não?

Seal-It's a man's world

John Lee Hooker - Don't Look Back (PÉROLAS I)

O País menos católico do Mundo

A visita do Papa a Portugal veio revelar uma série de coisas que eu um dia terei todo o gosto em partilhar convosco. Mas, para os mais curiosos, posso já partilhar uma ou duas: o Papa é do Benfica e não concorda com a convocatória de Carlos Queiroz para o Mundial. E para os mais cépticos, era este verdadeiramente o terceiro segredo de Fátima. Obrigado irmã Lúcia!
Enquanto cá esteve, o Papa Bento XVI disse que Portugal está cheio de humanismo e de cristianismo. Pois bem, eu cá acho que Portugal é o país menos católico do mundo. Que raio, das 80 mil pessoas que estiveram no Terreiro do Paço, das 500 mil que estiveram em Fátima e das 50 mil que estiveram nos Aliados, nenhuma tem realmente fé na salvação económica de Portugal, o que é o mesmo que dizer que ninguém acredita nos dotes governativos de Sócrates. Mas o que vem a ser isto? Isto são maneiras de receber o Santo Padre? Dez ave-maria e dez pai-nosso, imediatamente, que é para aprenderem.
Mas se somos o país menos católico do mundo, podemos, no entanto, pular de alegria por termos sido o primeiro país a ultrapassar a crise económica… pelo menos assim foi durante a visita Papal. Durante as comemorações do 13 de Maio, alguém ouviu falar do défice, do desemprego, dos cortes do 13º mês, ou das minhas chaves do carro que as perdi? É óbvio que não. E porquê? Porque é preciso o Papa cá vir para sucederem duas coisas que deixam os portugueses extremamente felizes: o fim da crise económica e o Benfica campeão. E reparem também como a primeira é resultado da segunda. Fantástico!
Conclusão: com as comemorações Benfiquistas e com a visita do Santo Padre, só lá para Setembro é que vamos ter novamente tempo para pensar na crise económica. Até lá, podemos dar-nos ao luxo de suspender o trabalho sempre que uma figura importante nos venha cá visitar. Quem é a próxima?!
Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

Avós e netos.

Caros amigos (reparem que a palavra ‘amigos’ é aqui propositadamente utilizada para evitar represálias futuras, se se vier a confirmar que não concordam com uma palavra do que eu aqui disse), receio que o assunto que hoje tenho para vocês, vos entristeça fortemente. Mas cá vai: as avós não gostam dos netos! Bem sei que este é um balde de água fria e um choque que ninguém merece, mas não havia outra forma de o dizer.
O que se passa é o seguinte: as nossas avós só gostam de nós quando não faltamos às aulas e quando vamos lá a casa almoçar com ela porque “o teu avô foi para a tertúlia com os amigos”. No fundo, as nossas avós só gostam de nós quando somos bons meninos ou meninas e quando, ao sábado à noite, nos deitamos antes das 21h30.
Ainda não estão convencidos, pois não? Deixem-me então arregaçar as mangas, se faz favor. Ora bem, as nossas avós não gostam dos nossos dotes de condução – “oh rapaz, tu anda devagar na estrada”. E esta, hein? Não gostam da nossa aparência física – “oh André, faz a barba que ficas mais lindinho”. Querem mais, querem? “Credo, que cabelo é esse, filho?”. E mais: “Puxa as calças para cima que pareces um gandulo”. E “ai que tatuagem é essa?” e “não acredito que furaste a orelha! Que desgosto”. As coisas começam a ficar mais claras, agora? Bem me parecia!
Mas atenção. Apesar de nos irritar profundamente, não quer isto dizer que os netos não gostem das respectivas avós. Muito pelo contrário. Por sabermos que a verdade magoa, e uma vez que não queremos magoar uma pessoa de quem gostamos muito, não nos atrevemos a dizer “Porra velhota, já pintavas esse cabelo”, ou “Por amor de Deus ‘vó, esse casaco é mais velho que o Papa, ”. Ou, se quiséssemos mesmo ser desagradáveis como elas às vezes são, “oh ‘vó, que buço é esse?”, o que equivale a um “não vás para o mar que está bravo hoje” de avó para neto.
Mas afinal, de que é que elas gostam em nós? O que é que elas gostam que façamos? Bom, é por estas e por outras razões – “tu estuda, rapaz” (eu estudo, caraças!) – que me entristece esta nova relação avó e neto. Antigamente é que era: davam-nos 25 tostões para irmos compras guloseimas. Agora que crescemos, dão-nos 5€ e, embora não nos digam que destino dar ao dinheiro, todos sabemos que o seu desejo é que o gastemos no cabeleireiro quando o cabelo está grande.
E é também por todas estas razões que, apesar de tudo, eu adoro as minhas queridas avós.
Bem, e agora, se me permitem, vou andando que tenho de ir ali à minha avó perguntar se ela gosta do meu novo corte de cabelo e do aileron que meti no carro. Um bem haja a todos!
Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

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