domingo, 30 de junho de 2013

Paixões





Havia o lado mais turbulento, “roqueiro”, que nos distraía consentidamente o pensamento. Depois fazíamos chegar os instantes de reflexão, pelo menos convinha simulá-la, pois que a fase romântica a tanto apelava e aquele minuto, essa passagem Zen, não nos podia escapar. Afinal era a afirmação da nossa colorida e quantas vezes difícil conquista. Pelo meio não esquecíamos de pedir ao amigo dos discos “A whiter shade of pale”, depois “Samba pa ti”, ainda Cat Stevens e por aí fora, até que as horas de limbo se eternizassem e, nessa fase, já tudo estava perfeitamente arrebatado com o delírio do que verdadeiramente toca corações e almas sensíveis. Era tão fácil encarnar a felicidade dos verdes anos e das meladas tardes de sons e imagens diversas que, não raras vezes, nos interrogávamos; «mas há guerras e ódios no mundo?» Então mas não podia ser só um quadro de pequeninas maravilhas? Claro que podia! E acontecia tantas vezes que só nos restava o suave sabor dos delicados tons que nos impregnavam o ego. Foi, foi assim, e bem sei que apesar de tudo há que continuar a lutar pelos mesmos desígnios. Por mim, e por se me ter entranhado na escola das felizes relações a doçura de amigas e amigos, não tenho de me queixar de nenhuma ingratidão por parte deles. Dançámos, sentimos , vivemos e sorvemos as mesmas músicas, os mesmos copos, as mesmas tardes e noites. Como estes espaços tocaram profundamente todos os nossos corpos próximos, a nossa própria ambição abrangeu todas as nossas paixões. Quase a uma só voz e sentir. É por isso que recordo lá no canto mais escondido de mim as canções, os nomes chegados, mas de particular modo as amizades acasteladas e que jamais quero perder. E que nenhum século censure o outro século e que nenhuma idade condene a outra idade!

Mário Rui

Vergonha de a escrever - a minha ideia



Aí está mais um que provou não olhar a meios para atingir fins. Agora, vem a terreiro falar do perigo em que Portugal se encontra como se de político imaculado se tratasse. Até parece que não andou por cá todo este tempo e, portanto, deve ter concluído deste modo após 38 anos de actividade cívica em Marte! Mas, registe-se, sem culpas no cartório. Passou por cima de toda a sua história politica de direita, e por cima de valores ético-morais até desembarcar no seu feroz inimigo dos idos de 70/80. A julgar pela escassez que campeia lá para os lados do Rato, percebe-se a colagem a Sócrates. Dava jeito a um e a outro. Como entretanto sofria das costas, saíu mais cedo mas o “amor” à causa pública é tal que o “chamamento” interior o convoca pela enésima vez ao palco da política. Perante este cenário, o antigo candidato à Presidência da República em 1986, defende que o actual chefe de Estado não pode correr o risco de promover eleições antecipadas sem a garantia de uma solução melhor. E, ou me engano muito ou essa garantia de solução melhor, pois claro, há-de vir quando esta figura de retórica charla se voltar a candidatar ao Palácio de Belém . Lá para 2016 e, como ‘convictus’ socialista que sempre foi, levará o manto protector do PS. Interrogar-se-ão alguns; - como é possível compreender o processo actual de desaparecimento de convicções profundas que têm levado tanto pseudo-político à insurreição tenaz das suas próprias singularidades? Eu tenho uma ideia para explicar isto. Acontece que não a exponho por vergonha de a escrever!
Mário Rui

Verão quente - 2013




















Mário Rui