quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Filantropia ou desprezo pelo semelhante




Austrália, Janeiro de 2013. Um aceno de agradecimento para alguém que resgatou estas crianças ao fogo assassino. Também ele irracional!
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As redes sociais, e não só, multiplicam esforços no sentido de evitar o abate do cão pitbull cruzado que recentemente matou uma criança em Beja. Não critico de todo quem apoio esta medida. Critico é quem, embuído de tão altruísta gesto, engrossando as fileiras de tal defesa, esquece a vítima, essa sim a verdadeira perda irreparável a registar. Também gosto de animais irracionais, mas apesar do carácter absurdo de muitos racionais, mesmo assim, aposto nestes últimos. Fico-me então pelo preito devido a quem tinha uma vida pela frente e da mesma ficou privada. Irremediavelmente! Claro que não me vou embora sem antes acrescentar que a abstracção humana criou, classificou e permitiu que assassinos habitassem o nosso próprio espaço. Racionais, ou não. E então? Mas será que a celebridade dos grandes crimes é obrigada a perpetuar a sua infâmia e execração? Tenhamos juízo. Morreu um humano, porra! Chega sempre um momento na nossa vida em que é necessário dizer não. Separar o trigo do jóio, acabar com as benevolentes indiferenças, o perigoso desprendimento na avaliação do que é filantropia ou desprezo pelo semelhante.

Mário Rui