sexta-feira, 14 de outubro de 2011

E assim vamos cantando e rindo.




Mário Rui

Enganem-me que eu gosto.



Meus caros amigos desde já vos aviso que esta espécie de crónica dos maus costumes - os meus – não vai ser nada simpática para alguns ouvidos. Daí que, com a devida vénia agradeço que pessoas mais sensíveis ao terror que aí vem, não a leiam. Certamente que não agradará a muitos, e mesmo os poucos que eventualmente lhe venham a pôr a vista em cima, acharão que estou exagerando na minha leitura e aconselhamento, já tenho idade e maturidade suficientes para tal, quer os meus leitores acreditem ou não. No meu país de brandos costumes, tudo o que diz respeito à cidadania de cada um de nós, soa a falso. Desde logo comungo da opinião daquele que um dia exclamou, e agora o comprendo, “que se o meu e o vosso voto valesse alguma coisa, já há muito teria sido proibido!” Não valeu de nada ao longo destes trinta e sete anos de democracia. Eu dissse democracia? Enganei-me, tem sido tudo menos isso e estamos todos à espera que nos advirtam de ter chegado a hora do nosso declínio final, que o mesmo é dizer estamos à espera que fechem a porta e nos vendam, quais escravos, a uma verdadeira potência. Ainda assim conseguimos ser, na pretensa douta mas sempre em jeito de farsa opinião de alguns, um verdadeiro paraíso.

Vou, por agora, virar a página. Pior que nós estão por exemplo a Suécia que está economicamente de rastos. Só sobrevive o gelo. A Noruega, com petróleo ou sem petróleo, está na banca rota. Só lhe restam os fiordes. A Dinamarca, melhor é nem falar dela. Está endividada até ao pescoço, os seus cidadãos arrastam-se penosamente pelas ruas desertas como se de um filme de Pasolini se tratasse. Reduzida à sodomização entre crentes vikings. A França, a sede da cultura mais refinada, já declarou o fim da República e agora vai enveredar por um Estado sem nome, sem dinheiro, sem sustento para os seus concidadãos e, mais dia menos dia, sossobra. Evapora-se. A Inglaterra, em maior ou menor grau de dificuldade, vai apelar ao Amadis de Gaula para vivenciar de novo o idílio entre esta personagem e Flérida, filha do Imperador de Constantinopla. Assim livrar-se-á da difícil situação económica e amorosa em que está e mantém os seus súbditos minimamente nutridos de modo a que não possam exigir muito. A Alemanha, esse germânico Estado, está pela hora da morte. Agora só lhe falta dar continuidade à caça aos “judeus errantes” para sobreviver. Desta vez vão ser eles o feitiço que se há-de virar contra o feiticeiro.

Voltanto ao meu lugar de origem, Portugal, volto a carregar na tecla do pessimismo, que é o meu. Adoro este país, abomino alguns portugueses. Aqueles que tudo roubaram a quem já pouco tinha para dar, aqueles que dão, ou deram, nascença às singularidades amostras humanas que o pobre povo honra com o nome de alguns políticos, montros de moral que fazem barulho e que fazem história, mas quase sempre pelos piores motivos. É assim este lugar. Nunca ouviram falar do louco que acendia uma lanterna em pleno dia e desatava a correr pela praça pública gritando sem cessar: «Procuro Deus! Procuro Deus!» Mas como os da praça pouco acreditavam em Deus, o grito do louco provocou grande riso. «Ter-se-á perdido como uma criança? Terá embarcado?» Assim gritavam e riam todos ao mesmo tempo. O louco saltou no meio deles trespassou-os com o olhar e disse. »Para onde foi Deus?», exclamou «é o que lhes vou dizer. Matámo-lo... vocês e eu!» Pois bem, somos nós, nós todos, os seus assassinos! No meu lugar assim aconteceu também. Uns delapidaram o nosso querido Deus, leia-se Portugal, outros serviram-se dele para atingir mais altos cumes na esperança que tal façanha lhes trouxesse mais fama, mais notoriedade e sobretudo mais fortuna. E tudo o que conseguiram foi acabar com o bom tempo de outrora. Sim, não me contem mais histórias sórdidas. Houve outrora um tempo bom. Um destes dias contar-vos-ei do Sol, da ética, da solidariedade que abraçava docemente as pessoas. Afinal, todos aqueles países que atrás enunciei com ironia balofa, e ainda hoje dignos da verdadeira designação de Nações, mais não fizeram que vigiar os ladrões e amar os bravos com ética. Só os lerdos do conhecimento se deixaram enganar. Nós! Nunca percebemos que quem nos (des) governou por tanto tempo nunca foi capaz de calar uma boa acção que tenha feito. Pelo contrário. Deram sempre nota de silêncio maquiavélico ao mal que nos estavam a infligir. Não me alongando muito mais, agora, só vejo um caminho.



Oferecer a essa cáfila o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar, que não se limita a ser um simples tratado de equitação; é, antes de mais nada, o elogio caloroso da educação e da vontade.
O Leal Conselheiro é outra obra que lhes recomendo vivamente. É um conjunto de considerações morais e de conselhos de ordem prática com finalidade educativa, sendo igualmente um excelente manual cheio de ensinamentos éticos e mui nobres.
Aí vai finalmente o meu país com vento favorável à usurpação do pão dos pobres para saciar o estômago de quem nos levou à miséria. Já há muito que resolvi voltar as costas aos dominadores imberbes quando vi aquilo a que hoje se chama dominar, e que é fazer tráfico e comércio do poder – traficar com a gentalha.
A tudo isto se chama Portugal e as últimas notas que vos quero deixar como inequívoca do equívoco nacional, é esta espécie de crónica e o mais que se segue;

- Passos anuncia fim dos subsídios de férias e de Natal para salários acima de mil euros
- União Europeia.
- Cavaco Silva ataca eixo franco-alemão
- Estado entra mesmo no capital dos bancos com os 12 mil milhões da troika
- Reformas são “imprescindíveis” mas sociedade só apoiará se “sacrifícios pesados” não forem em vão
- CIP exige plano de emergência para financiamento às empresas
- Agricultura. O principal meio para alimentar e destruir o mundo
- Funcionários Públicos e pensionistas perdem subsídio de férias e de Natal em 2012 e 2013
- Governo regista buraco de 4 mil milhões
- Governo vai alterar subsídio de desemprego PS acusa Governo de divulgar documento por fugas de informação
- Governo só vai atualizar as pensões mais baixas
- Governo corta em 50% pagamento das horas extras
- Funcionários públicos em mobilidade vão ter salário mais reduzido
- Fisco vai multar faltas de pagamento das taxas moderadoras
- €7,4 milhões para salários de presidentes das Juntas de Freguesia
- Congelamento salarial no sector público nos próximos dois anos
- Hotelaria mantém taxa reduzida, restauração sobe para 23%
- Os bancos estão completamente descapitalizados
- Cortes na RTP passam sempre por redução de efectivos
- Governo vai cortar nos feriados e pontes
- Sindicatos de polícia querem levar o Estado a tribunal
- CGTP: sociedade portuguesa pode vir a "recuar muitos e muitos anos"
- Aumento do IVA na hotelaria terá efeito catastrófico nas agências de viagem
- Medidas do Governo agravam problemas do país
Mário Rui