segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Votos obedientes


As eleições legislativas gregas de ontem deverão ficar para a história como as menos concorridas desde a II Guerra Mundial
Num país onde o voto é obrigatório, mas ninguém é sancionado se faltar, a abstenção rondou os 43,3 % o que parece querer dizer, digo eu, que não é a “obrigação” que impede que o direito à cidadania não deva ficar à mercê da liberdade de cada um, sendo isto talvez verdade para a Grécia como para qualquer outro país. É por isso mesmo que também não me parece, contrariamente à opinião dos que gostavam de ver a abstenção definitivamente abolida, que seja dever de qualquer cidadão devotar-se a essa injustiça abolitiva. Por muito que me tentem convencer do contrário, somente a vontade de quem afirma a sua própria liberdade não a deixa à mercê do acaso. Não é a praia, o sol, a chuva, o comodismo e muito menos o desinteresse cívico, quem engrossa o abstencionismo. Ele só se faz caudaloso porque a maior parte dessa abstenção consiste justamente na necessidade de os eventuais votantes verificarem se com o voto expresso não estarão a prestar um bem ao mal que condenam, ou seja, a política como ela tem sido feita: sem muito respeito e sem muito carinho por quem vota e então depois lá vem a expressão da pouca satisfação que se chama abstenção. Pelo menos por cá, por todos os votos – expressos, nulos e brancos -todos eles, pagamos a triplicar, pois começam por nos cobrar a subvenção destinada aos partidos concorrentes, depois é mais uma nota por cada voto posto na urna e finalmente ainda vem a terceira parte que é a dos colectores de impostos quando em funções de mando governativo. Já me convenci que afinal é com políticos que brigo, não com votos nem com abstenções, razão pela qual respeito de igual modo quem vota mas também quem se abstém. Aceito opiniões diferentes desde que me provem haver uma melhor condição de superar estes obstáculos, em especial o de frequentes vezes darmos o nosso voto inteiro e a seguir nos sentirmos diminuídos.
 

Mário Rui
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Francisco em Cuba


Afinal em Cuba, a Igreja Católica é referência para crentes e não-crentes. Ou estarei enganado? Responde-lhes tu, grande Francisco!
Segundo as estatísticas há mais de 6,7 milhões de católicos em Cuba, correspondendo a 60,5% da população total da ilha. Mas se não chegar a tanto, trata-se no mínimo de uma repetida e surpreendente “coincidência”. Considerado o grande articulador da reaproximação entre Cuba e EUA, o Papa Francisco deve ser recebido com entusiasmo também por não católicos, que destacam o carácter político da sua visita.

Mário Rui
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Três vezes em nove meses...


A certa altura deixei de falar sobre a Grécia tal era a minha odisseia de dúvidas e muito cepticismo em torno do estado e do mistério dessa relíquia, berço de toda a civilização ocidental. Preferi deixar que fossem os entendidos do tudo e do nada a dar pistas para solucionar o mistério que se abatera sobre a pátria helénica. Acabei por ficar muito esclarecido quanto às soluções então propostas pelos ditos uma vez que, de facto, por alguma estranha iluminação, conseguiram para esse país uma muito convincente recuperação e que até culminou com a marcação de novas eleições. De resto, a confiança dos gregos subiu em flecha com esse aporte trazido por gente tão sabedora, de lá, mas sobretudo a de cá. E a provar que esse contributo solidário foi importante, amanhã será a terceira vez que os gregos vão às urnas, em nove meses! Só tenho pena que esses mesmos tão sabedores ainda não tenham dito ou escrito uma linha a lembrar aos demais o que vai acontecer amanhã na Grécia. Eleições Legislativas, caramba! Esqueceram-se ou deixaram de ser solidários?
 
 
Mário Rui
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