quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Das duas às quatro rodas

Chegou de Vespa à tomada de posse do Governo de Passos Coelho, desloca-se agora num Audi topo de gama que custou 86 mil euros

O ministro Pedro Mota Soares, que chegou de Vespa à tomada de posse do Governo de Passos Coelho, desloca-se agora num Audi topo de gama que custou 86 mil euros.
O "Correio da Manhã" escreve que Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e Segurança Social, faz-se transportar num carro de luxo cujo preço de venda ao público ronda os 86 mil euros. Numa altura de cortes nos subsídios de Natal e de férias de funcionários públicos e pensionistas e em que se pede contenção aos portugueses, o ministro que, em Junho, se apresentou na tomada de posse do Governo ao volante de uma Vespa desloca-se agora num carro novo, com matrícula de Julho de 2011.
A viatura, um Audi A7, de três mil cm3 de cilindrada, com o preço de 53 mil euros (a inclusão de equipamento opcional rondou os 46000 euros), foi entregue ao abrigo de um contrato com a SIVA e levantada pelo próprio ministro Pedro Mota Soares, num stand da zona Sul do Parque das Nações, em Lisboa

Bom, a ser verdade, não é nada ético e muito menos responsável por parte do dito governante. Assim, começo a ficar francamente desiludido relativamente ao discurso versus prática deste governo.

E refiro governo porque só alguém com competência hierárquica de peso poderá, digo eu, validar um acto destes. E que me pareça só um estará em condições de o fazer. O chefe do governo. Ou será que lá voltamos ao antigamente , que o mesmo é dizer que esta tirania, esta arbitrariedade, esta rigorosa e grandiosa estupidez, tem a cobertura de quem anda a pedir sacrifícios e mais sacrifícios ao já muito sacrificado cidadão português?

Então meus amigos, repito, se assim for, considere-se sob esse aspecto que tal moral não nos vem educar no sentido da necessidade de horizontes limitados, de vontades mais modestas, como necessárias à vida e ao crescimento do país. Assim posta a coisa., acho bem que não nos iludamos quanto ao tal discurso porque de facto não vai de encontro à digestão mais leve que nos pedem, e à expressão e linguagem de um instinto geral que, segundo os políticos que temos, deve ser escutado e de acordo com a barreira que se nos é imposta em nome da saída da crise.

Estarei porventura enganado, e espero bem que sim, mas o meu amado povo é de uma índole ainda fraca e indefenida e o que mais me dói é que continue a deixar-se esbater, ser apagado por uma raça mais forte, mais rija, que sabe e de que maneira, impor-se, mesmo nas piores condições, até melhor do que em condições favoráveis. Confesso que cada vez mais se afasta de mim algum do ânimo que ainda me resta para enfileirar na coluna que quer ajudar a minha terra a ver-se livre da crise. A ser certo que o ministro, ainda por cima da Solidariedade e Segurança Social, que coincidência bizarra, passou da mota para o carro de luxo, então digamos que o pensador em cuja consciência pesará a responsabilidade pelo futuro da aludida solidariedade, poderá sempre e em todos os projectos que fizer sobre esse futuro jogar mais em seu favor e menos em favor dos que precisam.

Reconheço que sou desconfiado mas também me revejo através das muitas morais, umas mais subtis, outras mais grosseiras, que até agora reinaram ou ainda reinam na Corte Portuguesa. Há nos homens determinadas características que regularmente se repetem. Especialmente as más.

Nós não queremos mais repetições desta natureza. Ansiamos por repetições exemplares que assim nos consagrem como verdadeiros fazedores do que deve ser o exemplo de um país em franco progresso. Nem que seja só de ideias. O resto virá depois.

Mário Rui

Vai uma leitura?



Mário Rui

Ar arlequim



Mário Rui

Massacre na Noruega. Anders Breivik é inimputável, afirmam os psiquiatras | iOnline


Massacre na Noruega. Anders Breivik é inimputável, afirmam os psiquiatras iOnline
«« O estado de pecado no homem não é um facto, senão apenas a interpretação de um facto, a saber: de um mal-estar fisiológico, considerado sob o ponto de vista moral e religioso. O sentir-se alguém «culpado» e «pecador», não prova que na realidade o esteja, como sentir-se alguém bem não prova que na realidade esteja bem. Recordem-se os famosos processos de bruxaria; naquela época os juízes mais humanos acreditavam que havia culpabilidade; as bruxas também acreditavam; contudo, a culpabilidade não existia.»» No caso particular do 'monstro' Anders Breivik, parecia-me oportuno que voltássemos então aos juízes mais humanos e trocávamos, com o devido respeito, os psiquiatras por novas bruxas. Podia até nem haver culpabilidade efectiva mas, no mínimo, todos acreditávamos convictamente que ela existia. Quem sabe se o mundo não seria um lugar mais seguro... ...
Mário Rui

domingo, 27 de novembro de 2011

Relíquias do passado


Mário Rui

Ainda o nuclear



Parlamento iraniano durante sessão em Teerão; irianianos aprovaram projecto de lei que reduz relações diplomáticas com Londres, uma vez que a Inglaterra apoia pressão dos americanos sobre o programa nuclear do Irão.

Mário Rui

O nuclear


Casal acampa em linha de caminho de ferro junto com outros manifestantes que tentam impedir a chegada de comboio com resíduos nucleares, na Alemanha.
Mário Rui

Futeboladas incendiárias



Paulo Cristovão – vice-presidente do Sporting – lamentou as «condições pré-históricas» dadas aos adeptos do clube pelo Benfica. E tinha razão: pouco tempo depois, alguns sportinguistas descobriram o fogo. Vamos lá ver quem agora descobrirá a roda.

Mário Rui

Prendas


Talvez uma boa prenda para o Natal.
Mário Rui

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O galo



Não vos falei há uns tempos atrás de um galo que persistentemente insiste em cantar durante a noite? Vá lá eu saber a razão para tal cantoria e a desoras. Alguma razão ele deve ter para se atrever a fazê-lo, de resto motivo pelo qual até não me dá para o mandar calar.

Não me incomoda nada esse cântico nocturno. Bem pelo contrário, como durante o dia não me é possível sentir, do modo como gosto, a marcha inexorável dos rituais campesinos do lugar onde moro, até me dá algum consolo ouvi-lo.

O galo não é meu, mas antes de um vizinho que há relativamente pouco tempo se instalou de armas e bagagens perto de minha casa. Quanto à dita ave, um galo é uma ave? sempre que se põe a cantar, recorda-me os dias da minha infância em que, no quintal de meus avós e vizinhos vários, a sinfonia de bucólicos e pachorrentos dias se fazia destes e de outros sons, sons que vinham da natureza então muito mais limpa e sadia que a que vivemos hoje.

Pode parecer poesia mas a verdade é que a tudo isto se juntava periodicamente o sino da minha aldeia. E digo aldeia, como aliás já o fiz em anterior crónica, porque gosto de chamar lugarejo ao sítio onde vivo. É como que uma espécie de arte deveras considerável que raramente se encontra e à qual eu me orgulho de pertencer.

Vive-se bem no seio de gente simples e do galo que entoa canções de embalar. Ah. Já agora deixem-me que lhes diga que nas grandes cidades, vive-se mal entre os homens. Há-os demasiados com cio.

Mas regressemos então ao galo. Vou deixar que ele continue a cantar ao longo da noite porque eu também quero voltar à natureza. Mas essa volta não significa ir para trás, mas sim para a frente. Admito estes encantatórios e doces sons porque se se tratasse de ruídos então outro galo cantaria.

É que o ruído mata os pensamentos. Dito tudo isto, continuo mesmo assim algo intrigado com a cantata nocturna do meu amigo . Mas julgo perceber uma parte dessa cantata. É que a ave também dança, ou pelo menos assim me parece e aquele que dança é nos dedos dos pés que traz os ouvidos.

Talvez esteja aí a explicação para a tal sinfonia da noite. O galo canta, o galo dança, mas para se ouvir a si próprio é-lhe favorável a escuridão e o maior silêncio que a noite sempre arrasta consigo. Grande galo! Só agora começo a perceber uma coisa.

É que por maior que seja o mal que os maus possam fazer, e o galo não é desses, o mal feito pelos bons é ainda o pior dos males. E este meu amigo, mesmo fazendo com que eu por vezes acorde e depois redurma, faz-me o favor de, com os seus sons, me obrigar a pensar para além do que me conheço. É bom isso.

É uma ilusão do contemplativo mas é também um modo de ver, de ouvir, pensando. Vou procurar continuar a pensar... O galo há-de continuar a cantar. Não serei eu a tirar-lhe esse prazer.


Mário Rui

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Greves



Relativamente à greve que ontem, dia 24, assolou o País, pouco se me oferece dizer em termos da forma de que a dita se revestiu. É um direito que assiste a quem dela quer fazer uma arma, uma luta, uma saída para a crise. Ainda assim, posso, e já agora devo adiantar que, quanto ao conteúdo, tenho muitas dúvidas que esta greve tenha servido para alguma coisa.

O que sempre vejo, ouço e pressinto é que outras tantas que já aconteceram ao longo dos anos, mais não foram que um pretenso assumir de liderança de centrais sindicais que, esvaziadas de conteúdo, mais não querem senão agitar as massas fazendo crer às pessoas que, elas próprias, são o garante da nossa unidade nacional, da nossa independência e sobretudo o escudo salvador dos menos afortunados – os trabalhadores.

Assemelham-se a dezenas de governos incompetentes que nos vão debitando “tretas e letras”, já lá vão 37 anos, sem que a melhoria da qualidade das nossas vidas de trabalhadores tenha sido visível. É isto que sinto, é isto que tenho que afirmar. Bem me podem dizer que este ou aquele governo é, ou foi péssimo, que grande novidade, que sempre se espolia quem menos tem, outra grande novidade, mas a verdade é que o cerne da questão fica sempre por nos ser dito.

O que os dirigentes dessas centrais sindicais proclamam é, e também foi sempre, o que qualquer vulgar comentador ou espectador atento a estes assuntos sempre disse. Pelo menos no meu País: carestia do nível de vida, acréscimo de dificuldades para os mais pobres, anúncio permanente da inutilidade de taxas ou impostos criados pelos sucessivos governos, tanto faz que sejam de esquerda, de direita, do centro, de baixo, de cima ou dos lados. Eu também sou trabalhador, mas seguramente que a mim não me “caçam” com um ideário tão balofo, tão sem recheio.

A conflitualidade social que eventualmente possa resultar do paupérrimo estado a que chegámos, não se resolve com a “ajuda” de rua que nos é oferecida por esta espécie de sindicatos. Afinal há 37 anos que vos ouço dizer as mesmas coisas, o mesmo discurso, sem que daí resulte a resolução do cerne da questão. Enriquecer o País.

Que há gatunos com nomes e endereços próprios que toda a vida roubaram a própria Pátria, e assim a deixaram depenada, é verdade. O que se torna a meu ver curioso é que as centrais sindicais não convoquem greves, essas sim, para demonstrar a esses monstros que o povo bem os percebe e lhes vai dar a resposta devida.

O que verdadeiramente me agradaria era que, em vez de andarem a contabilizar quantos aderiram, ou não, me dissessem como sair da crise. Como compensam os que nada tendo contra tantas e tantas greves, perdem o dia, ou dias de salário, para se arregimentarem a estas colunas sindicais que, a meu ver, não disponibilizam um tostão, e aqui ressalvo raríssimas excepções, para ajudarem os mais fracos os mais desamparados que fazem a vossa bandeira.

Que convoquem greves que nos conduzam à porta dos verdadeiros malfeitores para que, aí sim, possamos vociferar contra eles e neles depositarmos toda a nossa justa desconfiança, eu apoio. Isso é que não me é dado a conhecer. Quero lá saber se foram cem ou um milhão que aderiu ao protesto. Muito gostaria, e aí louvaria a vossa atitude, se nos convocassem para a solução do problema de que padecemos, se nos ajudassem a encontrar a solução ética para acabar de vez com tal problema. Um crepúsculo semelhante a esse cobriria toda a construção do nosso drama e daria especial significação ao coro.

Eu, trabalhador, nessas condições, juntar-me-ia a esse coro. De outro modo não me apelem aos meus direitos perdidos e roubados porque eu, e certamente muitos outros, pouca crença temos nas sentenças sindicais que nos vão impinjindo. Se essas sentenças, essas prelecções, de uma e outra central sindical, introduzissem na alma dos portugueses desfavorecidos todo um mundo de sentimentos, esperanças, paixões, assim como um coro quase invisível mas altamente eficaz, então todos nós que trabalhamos nos sentaríamos nos bancos dos vossos teatros para endurecer a nossa força com a reconfortadora certeza que melhores dias se aproximariam.

Infelizmente assim não acontece ainda. Vamos ter que dar resposta a este enigma, mas sem a vossa colaboração e muito menos sem a colaboração daqueles militares descontentes, quem não está, que querem refundar um 25 de Abril mas com armas carregadas de munições.

Tudo isto é lirismo que está tão dependente do espírito da música que nos querem dar como a própria música está independente da imagem e do conceito que nos querem meter na cabeça. De posse da nossa plena liberdade, nós os trabalhadores, não precisamos nem de uns nem de outros, apenas os toleramos ao nosso lado.

Para acabar, creio não afirmar uma falsidade ao dizer que o problema de Portugal nunca foi seriamente enunciado e, por conseguinte, muito menos resolvido, por mais numerosas que tenham sido as aparições de sindicatos, governos e outros que tais. Mas isto há-de ter forçosamente governação.

Deixemo-nos, e agora digo nós e vós, de doutrinas estéticas e assumamos o nosso destino. Dar guerra quando de guerra se precisa, mas dar tréguas quando de tréguas necessitamos. E por agora parece-me que é altura de conceder algumas tréguas a quem quer pôr o comboio no carril. Mas atenção já que o povo tem sempre razão quando julga as extravagâncias e as divagações dos que querem ser reis!


Mário Rui

Memórias curtas


"Não podemos saudar democraticamente a chamada rua árabe e temer as nossas próprias ruas e praças. (...) Apelamos à participação política e cívica e à sua mobilização na construção de um novo paradigma". Em duas frases, este grupo de homens de esquerda liderado por Mário Soares apela aos que se opõem "a políticas de austeridade que acrescentam desemprego e recessão, sufocando a recuperação da economia" de forma a travar "a imposição da política de privatizações num calendário adverso" e o "recuo civilizacional na prestação de serviços públicos essenciais" como é o caso da saúde, a educação, a protecção social e a dignidade no trabalho."

In 'Económico'

Mário Soares que deveria estar na reforma e calado, pelo que fez e não fez ao país que somos, pela profunda vergonha que isso representa, ainda anda por aí a incendiar " a rua" e a apelar à revolta e indignação popular.Em 1985, este político que nos entalou de modo grave e entregou às mãos do FMI por duas vezes, era governante porque era o "amigo dos pobrezinhos" e como socialista convencia os papalvos a acreditar que iria solucionar politicamente os nossos problemas. A realidade impôs-se-lhe por mais que uma vez, mostrando-lhe os erros graves, mas nada aprendeu e pelos vistos ainda nada esqueceu. Por isso mesmo, para lhe lembrar o que dizia em 1985, perante uma situação de crise grave, fica aqui, a entrevista que concedeu à Grande Reportagem. Nenhum jornalista o vai confrontar com estes ditos antigos porque, como habitualmente, em Portugal o jornalismo, na maior parte das vezes, é do tipo "fatela" e Mário Soares sabe muito bem que assim é porque é a prova viva de que a mediocridade compensa. Ou será que já nem os jornalistas se dispõem a dar notícias que de modo didático elucidem e promovam a verdadeira cidadania junto deste luso-povo.

Mário Rui

terça-feira, 22 de novembro de 2011

sábado, 19 de novembro de 2011

Ilusões


Às vezes desapareço. Toda a gente que me conhece sabe isso, convive com isso. Levo sumiço, não dou notícia, não respondo ao mundo. Sou um perito do «disappearing act», um Houdini sem espectáculo. Às vezes é uma fuga. Outras, um cansaço. Outras, um hiato. E às vezes é porque celebro em recato uma alegria incompreensível e inesperada.

Houdini

A natureza das coisas



Na minha santa e pura ignorância a propósito de muitíssimos assuntos que sempre acompanham o meu dia-a-dia, há um que, há já algum tempo, me vem assaltando o espírito. Não porque me cause prejuízo próprio, julgo eu, mas porque se trata de matéria a que nunca dei grande importância, mas que desde sempre me intrigou a ponto de forçosamente me levar a ler algo sobre a mesma.

E essa minha curiosidade assume um papel de maior relevo na justa medida em que se trate de assunto que por si só se auto-denomine de secreto.
Eu bem sei que a ignorância é o estado mais puro da felicidade mas, mesmo assim, às vezes dá-me para ser infeliz em resultado da busca, da procura de respostas para perceber certas coisas.

No caso vertente, deu-me para tentar entender o que é isso da Maçonaria em Portugal.
Não me interessa aprofundar muito o assunto mas apenas tentar compreender, qual a química, a composição intrínseca do mesmo, seus efeitos e já agora as suas propriedades.

Pois bem, de tudo o que consegui reunir à volta do tema, e não me apeteceu ler o Diário de Notícias que, sobre a matéria, consagrou várias páginas a este fenómeno social, em algumas das suas últimas edições , ficou-me a ideia que afinal Maçonaria significa qualquer coisa como sendo de universal, ritualista – como odeio o culto de certos rituais- fraterna, filosófica e progressista, tendo por objectivo primeiro o desenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária.

Que grandes e sublimes propósitos, digo eu e porventura alguns outros, blindam esta corrente que , como então escreveu Eça de Queirós, “a Nação é a escola presente para a Super-Nação futura. Amar a Pátria e a Humanidade é um dos deveres dos Maçons”. Aí está outro bonito pensamento que, dito por quem foi, até me poderia levar a acreditar em tais altruístas fins a que se propõe a Maçonaria.

Mas alto! Atenção que a coisa assim dita até me faz lembrar um poeta que, diz-se, era o poeta do regime nazi. Mas passemos à frente. Talvez não valha a pena dissecar muito sobre aquele enunciado de valores que fiquei a conhecer como sendo as referências que norteiam, ou procuram nortear esta tal Sociedade Secreta. É altura de acrescentar que, ao que a mim diz respeito, sociedades secretas sempre me deram volta à cabeça e, quem sabe, não estará aí a razão para de quando em vez ter de tomar uns comprimidos para as minhas angústias, depressões e desilusões.

Bom, mas cada um é como cada qual. Como facilmente se perceberá, já estou a desconversar a propósito do tema da crónica de hoje, não porque não a queira perceber, mas tão só porque de facto começo a vislumbrar que a bota não bate com a perdigota. Quando assim é, cria-se em mim uma certa peregrinação de desconfianças e interrogações para as quais não tenho solução a dar quanto mais respostas.

Fico-me então pelas interrogações e comentários que, como disse no início, se fundem na minha santa e pura ignorância, senão mesmo estúpidez.
Assim sendo, eu acho que estas e outras sociedades secretas acabam resultando num conjunto de homens ditos nobres – serão?- que separam de si os seres nos quais se manifesta o contrário destes estados de alma elevados e altivos.

Devo estar enganado, mas então qual a razão substantiva para tanto secretismo que a envolve? Dos anos de vida que já levo, e relativamente a tais pretensas bondosas acções, quer-me parecer que qualquer tipo de homem nobre sente-se a si próprio como determinador de valores, valores que procura disseminar e que nunca os idealiza ou põe em prática de modo secreto.

Homens nobres e valentes são os que pensam assim e que, com profundo respeito pelos outros não tão dotados, lhes oferecem desinteressada e abertamente os seus préstimos. E, estes préstimos, podem e devem ir desde a ajuda aos violados, aos oprimidos, aos sofredores, aos não livres, aos incertos de si próprios e até aos ignorantes como eu.

Do que li e apreendi no regaço da minha ignorância, e desculpem os Maçons, a Maçonaria de hoje não tem os valores e os princípios do espírito Maçónico que, incialmente, me pareciam ser as regras fundamentais de tal Sociedade. Não o sinto e, portanto, assim o denuncio.

Quanto ao secreto, sinto que as portas assim fechadas são de facto o melhor meio para dominar o Poder, para o subverter em proveito próprio. Seja na Justiça, na Saúde, na Educação e no mais que lhe queiram acrescentar. Será aí, nesse diabo desses secretos actos, que algum dia assentou a prosperidade de Portugal? Será por isso que sempre fomos a cauda do pelotão?

Que me tenha sido dado conhecimento do progresso do meu país e dos meus concidadãos com a acção filantrópica da Maçonaria, das duas, uma: ou eu nunca descobri tal desiderato só porque sou burro e mal sei ler, ou então essas Sociedades Secretas são tão, mas tão secretas, que até nem sabem que existem.

Mas concedo-vos o benefício da dúvida e então tudo o que para trás deixei escrito não passou de uma hora de efervescência minha, de aflição patriótica ou então de uma espécie de inundação sentimental. E ao divagar sobre esta última possibilidade, acontece-me pensar que já são poucos os que se querem preocupar com assuntos sérios. Prostam-se de barriga para baixo perante tudo o que é maçudo e difícil de compreender. Hoje, é a era das massas! Dos que por tudo e por nada protestam mas sempre sem acção que conduza!
Mário Rui

domingo, 13 de novembro de 2011

Assim vai o mundo!


Assim vai o mundo. Que a vergonha apodreça as faces que não se iluminaram ante esta chama de liberdade! Nenhum vencedor acredita no acaso, sr. pré-candidato a Presidente. Cai o pano e é o fim do 1.º acto!...
Mário Rui

sábado, 12 de novembro de 2011

Noite sexta



"Sinto-me arrebatado e a minha alma dança. Ancorei agora."

Mário Rui

Noite quinta


"Vinde, vinde, vinde! Partamos agora. Partamos através da noite!"
Mário Rui

Noite quarta



"Tinhas esquecido o caminho, e agora eis que esqueceste também como se segue o rasto"


Mário Rui

Noite terceira



"O orvalho cai sobre a água no mais profundo silêncio das noites"

Mário Rui

Noite segunda




"Habito no sopé do meu próprio cume. A que altitude se elevam os meus cumes? Ninguém mo disse ainda".

Mário Rui

Noite primeira



"Ao vê-los, a esses melhores, fui sacudido por um arrepio de medo; e nasceram-me asas para voar em direcção aos longínquos futuros. Como é bonita a noite."


Mário Rui

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Vamos por onde?


Otelo. Golpe militar seria agora mais fácil do que em 74

Otelo Saraiva de Carvalho é contra manifestações de militares, mas defende que, se forem ultrapassados os limites, com perda de mais direitos, a resposta pode ser um golpe militar, mais fácil do que em 1974."Para mim, a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo", defendeu Otelo, em entrevista à Agência Lusa, num comentário à “manifestação da família militar”, no sábado, em Lisboa. “Não gosto de militares fardados a manifestarem-se na rua. Os militares têm um poder e uma força e não é em manifestações coletivas que devem pedir e exigir coisas”, disse. Mas diz compreender as suas razões e considera que as mesmas podem conduzir a “um novo 25 de abril”. “Os militares têm a tendência para estabelecer um determinado limite à atuação da classe política”. Esse limite, considerou, foi ultrapassado em 1974 e culminou com a “revolução dos cravos".Hoje, Portugal está “a atingir o limite”, disse, corroborando o que há seis meses dissera à Lusa: “Se soubesse o que sei hoje não teria possivelmente feito o 25 de abril”.O coronel na reserva acredita que há condições para os militares tomarem o poder e vai mais longe: “bastam 800 homens”. Em comparação com o golpe de 1974 – do qual afirma ser um “orgulhoso protagonista” –, Otelo considera que um próximo seria até mais fácil, pois “há menos quartéis, logo menos hipóteses de existirem inimigos” da revolução.Questionado sobre a real possibilidade dos militares tomarem o poder, como há 37 anos, Otelo responde perentório: “Não tenho dúvida nenhuma que sim”.“Os militares têm sempre essa capacidade, porque têm armas. É o último bastião do poder instituído”, afirmou.“Estou convicto que, em qualquer altura, se os militares estiverem dispostos a isso, podem avançar sempre para uma tomada de poder”, adiantou.O estratega do golpe do 25 de abril faz uma análise crítica dos últimos 37 anos: “Se eu adivinhasse que o país ia gerar uma classe política igual à que está no poder, e que está a passar a certidão de óbito ao 25 de abril, eu não teria assumido a responsabilidade de dar essa alvorada de esperança ao povo”. “Estabelecemos com o povo português um compromisso muito forte que era o de criar condições para um acesso a nível cultural, social e económico de um povo que tinha vivido 48 anos debaixo de ditadura”, acrescentou.“Assumimos esse compromisso, não o cumprimos e não o estamos a cumprir porque entregámos o poder a uma classe política que, desde o 25 de abril, tem vindo a piorar”, afirmou.Otelo considera mesmo que, à medida que o tempo corre, tem-se registado “um retrocesso enorme”.“Gozamos da liberdade de reunião, de manifestação e de expressão, mas começa a haver um caminho para trás”, frisou. Para Otelo Saraiva de Carvalho, a revolução “está agonizante” e há quem disso beneficie.“A classe política – sobretudo o que podemos abstratamente chamar de direita – está a retomar subtilmente tudo aquilo que eram as suas prerrogativas antes do 25 de abril e a passar a certidão de óbito" à revolução.“A minha mágoa é essa”, adiantou, sem esconder o pessimismo em relação ao futuro: “Perdemos o compasso da história”.As associações sócio-profissionais de militares têm marcada para sábado uma concentração nacional em protesto contra as "medidas duríssimas" apresentadas pelo Governo na proposta do Orçamento para 2012, nomeadamente a redução de remunerações e pensões, cortes nos subsídios de férias e de Natal e o aumento generalizado dos impostos.




Por Agência Lusa, publicado em 9 Nov 2011 - 17:28


Antes de mais é meu dever informar os meus leitores que as opiniões deixadas pelo senhor Otelo e atrás transcritas via imprensa de hoje, não o Otelo, o Mouro de Veneza da obra de William Shakespeare, mas antes o Saraiva de Carvalho, tiveram de ser condensadas, isto é, linhas muito apertadinhas já que de outro modo, tanta sabedoria e supremacia militar, seguramente estariam votadas a um desatento e ligeiro passar de olhos a quem eventualmente por elas se interessasse, tal era o comprimento de onda parlapatória dita por esta personagem.


Pois bem, a mim só me apetece comentar uma meia dúzia de opinões, se é que de opiniões podemos falar, a propósito de mais umas charlatanices deste militar perpotente. De facto o 25 de Abril foi muito bom e bonito. Mas o 26 de Abril de 74 já começou por não ser exactamente o dia e a madrugada que eu esperava, o dia inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do silêncio e livres habitamos a substância do tempo, tal como poetisou Sophia de Mello Breyner e eu aqui adultero em forma de prosa.


Saberá o senhor porquê? Pela muito simples razão de que, mesmo na bafiente era salazarista, Portugal não era propriamente a Espanha de Franco, a Argentina de Péron ou, se quiser e se lhe agradar, a Cuba de Fulgêncio Batista. Era um pouco mais digna essa era , mais elevada nos princípios, mais eticamente fundada. Se mesmo assim estava mal, estava! Mas não foi com toda a certeza, pesem embora todas as patranhas que o senhor e outros como o senhor nos impinjiram, que estiveram na génese “dessa manifestação da família militar”, citação sua, e muito menos vos deu, ou vos dará algum dia a tal “tendência para estabelecer um determinado limite à actuação da classe política.


Isso é, infelizmente, prática corrrente, mas no Uganda, na Somália, no Sudão, na Etiópia e por aí fora. Sendo Portugal o que é, pobre e desavindo com quem nos (des)governa, não é mais este povo que, a pessoas, militares ou não, dará cobertura aos actos que o senhor defende – “há menos quartéis, logo menos hipóteses de existirem inimigos”. Tome atenção porque o que ontem foi verdade no seio de um povo embrutecido e analfabeto, hoje é mentira no seio de um povo que, apesar de ter evoluído pouco, mesmo assim, sabe o que quer e o que sofre.


Neste capítulo quer-me parecer que bem pode o senhor e os seus militares, sentarem-se à sombra de uma grande pedra e por aí ficarem a apanhar moscas. Quando afirma que “os militares tem sempre essa capacidade, porque têm armas e são o último bastião do poder instituído”, volta a enganar-se e reprovavelmente a enganar os outros que lutam por um amanhã melhor, mas sempre lançando mão de outras armas que não as suas pistolas que terrivelmente abateram alguns bons portugueses que por cá tínhamos. Lembra-se?


A classe política – sobretudo o que podemos abstratamente chamar de direita – está a tornar-se subtilmente ... ... ... ... “ Até nisto o senhor Otelo se equivoca. Qual classe política? A que classe é que se refere? Já não há classe neste país, homem. Exceptuando o povo que ainda anima com lume brando, pudera, o nosso país, depois já só restam pessoas sem classe. E essa velha e rela história da direita e do centro e da esquerda, já nos foi contada tantas ou tão-poucas vezes, que nós já nem lhe damos confiança alguma.


Quanto à sua preferida e amada revolucionária esquerda, a essa eu quero que lhe seja introduzida pelo meio alguma matemática. Não devia, mas mesmo assim vou explicar-lhe porquê; é que queremos, até onde for possível, introduzir a subtileza e o rigor das matemáticas em todas as ciências, até na política; não que imaginemos, com isso, chegar a conhecer bem as coisas; queremos tão só estabelecer a nossa relação com elas e sobretudo o meio de melhor conhecermos com quem não devemos andar e aplaudir.


Não queremos um país de pistolas e de revolucionários. Preferimos uma terra de pensamentos, palavras sensatas, gente de bem e com alguma categoria, categoria q.b., onde a acção só se pode tornar realidade que conduza a nação a alguma, também nao pedimos muita, noção do real. Quanto ao resto, para nos rirmos, vamos ao circo!

Mário Rui

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Alguém importante




Há uns anos, uma ministra levou o telemóvel para uma audiência com a Rainha. Deixou-o ligado. E a certa altura, fatalmente, o telemóvel tocou. Então, a Rainha disse com brandura: «Atenda, querida. Pode ser alguém importante».

Há de facto pessoas importantes no reino de sua majestade.

Mário Rui

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O orvalho tomba e a hora chega.






Afinal disseram-me que "o luxo arruína repúblicas, a pobreza monarquias". Digam-me lá se tudo é vão, se tudo é igual, se tudo já foi feito. Fizemos a nossa colheita: mas porque ficaram podres e amarelos todos os frutos? O orvalho tomba e a hora chega. Como iremos nós inventar novas e saudáveis sociedades?


Mário Rui

sábado, 5 de novembro de 2011

" O Jornal "



Não é tanto pelo recado que o Presidente deixa na capa, mas antes por considerar ter sido este velhinho jornal o que mais marcou a minha fase de adolescente e jovem. Certamente que não será hoje o que era para mim há cerca de 40/45 anos, mas a verdade é que, por essa época, era um periódico de referência. Vicissitudes de ordem vária terão feito dele um jornal com menos leitores, mas nem por isso menos respeitado no que a mim me toca. Como companheiro diário, quantas vezes o esperei arremessado pelo ardina por cima do muro de minha casa, quantas vezes o folheei na ânsia de saber das novas que iam marcando o país e o mundo.

Aberto no corredor da minha habitação, umas vezes lia-o deitado no chão, outras em cima da mesa ou ao sol que se fixava docemente no quintal, foi através dele que encontrei determinadas características que, como pessoa, ainda hoje preservo e me marcaram indelevelmente. Às vezes aprendia mais nas suas linhas escritas do que nos próprios manuais escolares. Numa espécie de peregrinação das muitas morais e muitas outras consciências impuras que necessariamente lá vinham escritas, era o mundo de antanho, deleitava-me a sua leitura. Nem que de uma leitura mais fugidía se tratasse.

Não me recordo exactamente do nome dos bons articulistas que davam forma e conteúdo ao que lá vinha expresso, mas tenho bem presente o modo como este jornal me ensinou a perceber o que era a guerra colonial portuguesa, a luta da França na Argélia, o pensamento dos grandes líderes mundiais de então, o que significava a América e as suas fratricidas guerras travadas no Vietname, o que diferenciava monarquia e república, o que para nós portugueses de cá queria dizer emigração e dificuldades vividas com esse êxodo. Li e apreendi o pensamento de Charles de Gaulle, muitas vezes me pareceu ser John F. Kennedy o homem certo para um mundo que na altura já se revelava algo confuso e frio, e do qual o meu avô materno me falava, ele que chegado dessa América promissora me ajudava a melhor compreender essas leituras. Baía dos Porcos (conhecida como La Batalla de Girón em Cuba), a crise dos mísseis cubanos e Nikita Krutchev.

Enfim, estaria aqui horas a falar do "Primeiro de Janeiro", não porque me pareça que a outros tal assunto interesse mas sobretudo porque a memória é coisa que, tanto quanto nos for possível, deve ser mantida e às vezes relembrada. E é curioso porque se a leitura diária deste jornal me deu muitos prazeres - dispenso por agora falar sobre os descontentamentos que algumas notícias naturalmente me causavam - também é justo que faça jus à memória de um pequenino livro que minha avó paterna me ofereceu, aí pelos meus seis anos, e que se chamava "A vida de Thomas Alva Edison". Não é minha intenção dar ares de erudito precoce, porque nunca o fui, mas apenas falar-vos um pouco, como atrás já disse, do que preencheu a minha meninice, adolescência e juventude, quanto ao que se escrevia e publicava nessas épocas. Sou o que sou, e por vezes ouço dizer que a necessidade cria a coisa mas eu acho que , na maior parte das vezes, é a coisa que cria a necessidade.

Agradeço pois ao jornal e ao inventor que citei, o facto de me terem ensinado que a decisão cristã de por vezes achar o mundo feio e mau, não corresponder verdadeiramente a um mundo feio e mau. Já não podemos argumentar desse modo.


Mário Rui

Arte



Porque afinal a arte humaniza-nos!

Mário Rui

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Televisão e Justiça



Já há uns dias o tinha visto na TV e confesso que não lhe dei muito importância, sobretudo pelo que lá se dizia, ou discutia, sendo que, ainda assim, fiquei acordado até ao fim para aquilatar do interesse que eventualmente aquele programa poderia ter para os portugueses em geral. E digo portugueses em geral já que é suposto que tal incursão pela televisão estatal sempre seja vista e ouvida por umas centenas, senão milhares de cidadãos interessados do e no assunto.

Então é asim: o programa chama-se “Justiça Cega”, o que logo à partida até parece ter sido um nome cirurgicamente escolhido para o que lá se diz ou não diz. Seguindo esta linha de racíocinio, e se eu mandasse na televisão que todos pagamos, a primeira alteração que faria seria mudar esse nome para “A Justiça é Cega”. Não porque condene ou absolva de modo errado os contenciosos que pelas salas dos tribunais vão sendo avaliados, nessa matéria confesso-me um ignorante atento, mas antes porque de facto aquilo que vi há uns tempo atrás, bem assim como o que ontem mesmo voltei a ver, é confrangedor.

Confrangedor desde logo porque eu entendo que a metamorfose que há já algum tempo se tem vindo a verificar com os juízes, que por tudo e por nada se expôem publicamente e assim se assemelham ao vulgar cidadão que sobre qualquer causa ou cousa alvitra opinião, não deveria acontecer. O juíz, a quem está confiada a tarefa de julgar o próximo, não é com toda a certeza um ser dotado de poderes sobrenaturais e por isso mesmo não tem de se esconder atrás do biombo.

Mas tanta exposição, tanta conversa , no meio da dita comunicação social, não lhe fica bem. E sabem porquê? É que na praça pública ninguém acredita nos homens e mulheres cuja função é administrar a justiça. Não, não e não três vezes! E, na praça pública, é sempre com gestos que se persuadem as gentes. Se o juíz quer subir lá acima, que o faça serenamente no seio e no meio da sua gente. Esse será certamente o lugar certo para que se elevem os que pronunciam sentenças.

Afinal o que nós procuramos são maiores certezas, e para isso recorremos ao juíz na expectativa de que nos dê menores incertezas. E a este constante (des)aparecimento público que se pede, não se chama coartar de liberdade, mas antes a assumpção de uma digna profissão que exige recato em tudo o que se diz e faz. Já uma vez o disse e repito: não é ao redor dos inventores de novas algazarras, como a que vi ontem, que a justiça se eleva ou dignifica. É ao redor dos inventores de valores novos , que o mundo gravita.

No referido programa de ontem, ao que parece de modo residente, está também o bastonário da ordem dos advogados e um criminologista. Quanto ao primeiro, eu, ignorante como sou, repito, bem percebo a polémica e a permanente luta interior que o move. A polémica é-lhe vantajosa. Se discutir com aquele que comete o acto de questionar e quantas vezes de refutar as suas “verdades”, mais não faz que recusar a sentença de quem por direito próprio assume esse papel. E enquanto verdades e mentiras se misturam, lá se vai ganhando tempo e dinheiro.

Bom, já discorri sobremaneira sobre o assunto e sobre o papel que a cada um cabe.
O programa de televisão a que assisti ontem, nada mais foi que uma discussão mole, redonda, em torno do vencimento que uns e outros auferem.
Eis pois chegado o momento do criminologista e ao mesmo tempo presidente de câmara, se achar no direito de informar os portugueses do seu parco pecúlio mensal. Nada mais havia para dizer e então aproveite-se a discussão para mais uma lamúria a propósito daquilo que merece ganhar, por desempenhar tão democrático papel na autarquia que governa. Com programas destes e com personagens que no mais das vezes discutem o acessório, esquecendo o essencial, não vamos lá. Pois então, o que vos peço é que se calem todos mas, em compensação, respeitá-los-ei.

Meus caros amigos a melhor e única maneira de fundar o futuro é pensar o presente. O que ontem se debateu não foi uma coisa ,nem outra. Foi tão sómente um acumular de cinzas que já vêm sopradas pelo vento agreste de outras bandas. E finalmente voltámos a ficar mais pobres.

Mário Rui