domingo, 23 de dezembro de 2012

Coisas da política








Os gregos, tal como os portugueses, ainda hoje estarão a tentar perceber de que modo é que os políticos em funções, nos respectivos países, já se redimiram dos seus erros governativos. Erros que conduziram os seus povos à penúria e, pior que isso, a um retrocesso civilizacional  que todos vamos sentir brevemente. A procissão ainda só vai no adro. Contudo, o jornal económico alemão Handelsblatt, já conseguiu vislumbrar a mente brilhante de um homem  que percebeu o desafio que tinha pela frente  e lhe respondeu à altura. Esta apreciação feita, pelos vistos, por ‘jornalistas’, até nem me espanta por aí além. Em toda a parte há pessoas que têm como ocupação escrever em periódicos. Mesmo só escrevendo, que não pensando, são capazes das mais vis manobras de diversão só para enganar incautos. Mas a informação, veiculada pelo “Notícias ao Minuto”, diz mais. Então é assim: « O primeiro-ministro grego Antonis Samaras foi considerado o Político Europeu do Ano pelo jornal económico alemão Handelsblatt». Mais adianta: « A escolha coube ao antigo ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Hans Dietrich Genscher».  Boa redacção! Fico sem perceber se a escolha foi do jornal, se do antigo ministro. Também não interessa, o defeito de interpretação deve ser meu. Adiante. Hans Dietrich Genscher remata, dizendo que a clareza das posições de Antonis Samaras e a sua capacidade em reforçá-las lançaram as bases de confiança necessárias para que os parceiros europeus aprovassem o resgate. Concluí-se pois que o primeiro-ministro grego está amnistiado dos errros (ou crimes?) políticos que outrora terá cometido. Indulto assim concedido, e ainda por cima pela mão de alemães, contraria aquela nossa manifestação de dúvida quanto aos germânicos propósitos de solidariedade europeia. E pensávamos nós que eles eram mauzinhos. Moral da história: afinal a desgraça, que humilha a uns, exalta o orgulho de outros. Nem que sejam ex-políticos, actuais políticos ou mesmo alguns escribas da ‘opinião publicada’. É caso para perguntar se não será melhor reabilitar alguns antigos e actuais políticos portugueses, que também perceberam muito bem o que era preciso fazer pelo interesse do país, tal foi, e é, a sua intrepidez face aos desafios que encontraram pelo caminho. É claro que para o efeito convém sempre arranjar outros alemães, mas igualmente mentirosos. Os sérios não estarão p´ra aí virados.  Em suma, de nada vale a celebridade, quando os grandes crimes também a conseguem. E venha então depois outro empréstimo. De honradez!

Mário Rui