quarta-feira, 21 de maio de 2014

Estarei enganado?























 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
Estarei enganado? (VER AQUI)

 
Se eu gostava de viver noutro país? À pergunta que não raras vezes faço a mim mesmo, a resposta é simplesmente não! Foi este que me viu nascer e foi com ele que me vesti, cresci e vivi, razões mais que suficientes para não me retrair de pregar sobre ele. E se isto é assim, ninguém me pode estranhar a atenção que lhe dedico uma vez que condenável seria a desatenção que certamente só dissimularia uma ignóbil doutrina cada vez mais ouvida e declamada por esses púlpitos de tão fracos oradores. Desligado pois, não sou. Não sei o que se passa quanto ao restante auditório que acompanha a autoridade de tantas pessoas hoje pensadas imaculadas e amanhã reveladas, no mínimo, manchadas. Vale-me a quase certeza de não estar a produzir fábula que encante um qualquer alegre entretido pois que a mesa abundante de iguarias onde alguns se sentam é tão farta de privilégios que, resistir-lhes judiciosamente, já se tornou uma miragem, que não excesso a evitar. São casos, ou se calhar rapinas, em tal número e correndo de um modo tão veloz que só me deixam incrédulo relativamente ao modo fácil como vão acontecendo, ou seja, como é simples no meu país tomar o alheio contra a vontade dos seus senhorios. Que suplício continuado é este, terreno fértil onde cada buraco é minhoca que assoma na pá do cavador? Será defeito dos que têm parte em resoluções, conselhos e medidas  dissuasoras que erradiquem de vez este ser e estar ou, pelo contrário, será mesmo fatalidade nacional a que estamos votados? Se nesta obrigação de restituir ordem e ética tudo se vê perdido, então o que fazer? Terão os que não falsificam de pagar os ‘dons’ aos que insistem em artes e ofícios que subtraem valor? Onde está a regra e a prudência que faça destas personagens assim vividas seres mais atentos às suas responsabilidades? Que desgraça é esta meu Portugal, lugar onde os que entram pela porta poderão vir a ser ladrões, mas os que ainda por ela não passaram já o são? Continuo a gostar de viver aqui mas que jamais se me escapem os imperfeitos que me consomem. Pelo menos enquanto lhes dedicar atenção, merecem-na, condenação, também lhes é devida, mas jamais abdicação do direito de clamar por mais justa, mais útil e mais necessária consciência, bens que finalmente lhes escapam e que bem lhes ficavam . Enquanto achar que as violências à natureza dos outros permanecem, fico arranhando sempre, e não temendo nunca.
 
Mário Rui
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