quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

“Ser de esquerda é, como ser de direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser um imbecil”.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
“Ser de esquerda é, como ser de direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser um imbecil”. Daí que, com ou sem apoio dos EUA, de Cuba, da outrora União Soviética, da Rússia, da China ou de qualquer outro ‘libertador da escravidão moderna’, para mim, sempre que assisto a um aplauso fácil e frequente dirigido a um homem ou a um regime, fica-me a continuada suspeita de que nesse homem ou regime há, eventualmente ao lado de algumas qualidades menos más, alguma faceta extremamente impura e maquiavélica. De resto, uma das razões que me leva a não pender com resto de fervor para um dos dois lados deste estar político é justamente o sempre querer confiar nesta gente mas sempre ter de desconfiar dela. Pode tratar-se de socialismo, comunismo, republicanismo, chavismo, bolivarianismo, parlamentarismo, o que quiserem. Não sendo alguns destes “ismos” formas de regime de governação, senão ideologias, mesmo assim meto-os a todos no mesmo saco já que de modo mais ou menos encapotado eles têm servido só para a praxis do cinismo, da hipocrisia, da demagogia e do desrespeito a todos os valores e princípios da civilização judaico-cristã, e com uma característica comum a todos; a imposição do Estado-Partido e seu regime totalitário. Perguntarão alguns se a democracia norte-americana também entra neste caldo. E porque não? Sob outro prisma tantas vezes tido por humanitário, reclamando valores da cidadania livre, não tem também sido recorrentemente tão subtil quanto violenta a sua singularidade? Tudo piora ainda mais nos países em que o partido único, a ideologia obrigatória, o controlo absoluto dos meios de comunicação social e do ensino, o controlo/monopólio dos meios de produção e de distribuição, o terror e sua ameaça permanente, o duplo fechamento do país tanto para entrada saída de nacionais/estrangeiros, assentam arraiais e de lá não saem! Aí sim, mais tarde ou mais cedo estas tristes experiências levam à vil e desumana submissão da população, especialmente da que não engrossa a fileira da nomenklatura. Eu sei que a crise na Ucrânia faz parte de um cenário mais amplo que o mostrado na televisão e nos jornais. Eu sei que a crise na Venezuela se insere em plano não menos interesseiro e interessante aos olhos de alguns. Só não percebo as críticas de outros tantos sectores opinativos da nossa sociedade quando condenam as manifestações populares nestes dois países só porque acham que os indignados estão a soldo de imperialismos estrangeiros. E será só esta mão do império a desgraçar a vida destes povos? Não há outras mãos e mentes a ajudar à miséria e à angústia? E estes mesmos que assim apregoam, se calhar bem mas infelizmente tendencialmente acolitados, onde estão para se rebelarem contra os ex-soviéticos comunistas que conduziram os ucranianos a um extermínio ainda maior do que o sofrido pelos judeus às mãos dos nazis alemães? E também não deveriam lembrar, ainda hoje, os 65 milhões que pereceram na China? E os 20 milhões que morreram na União Soviética às mãos de ditadores? Um quarto da população total do Camboja foi dizimada em pouco mais de 3 anos por Pol Pot! Convirá lembrá-lo, ou não? Já agora avivem-nos a memória e falem-nos novamente do massacre americano no Vietname. É justo que o façam! E também da invasão do Iraque! E ainda do Panamá! E mais, contem-nos como foi no Chile, mas não se esqueçam de contar-nos ainda a triste sina dos presos políticos em Cuba. Quero crer que os manifestantes ucranianos e venezuelanos terão muitas razões de queixa dos seus governos. Não sei se as oposições serão melhores ou piores. O que sei é que os destinos da Ucrânia e da Venezuela devem ser determinados pelos seus povos. Mesmo que mal acompanhados pelos impérios reinantes, os “tigres de papel” de que falava um outro grande “democrata”. Se se revoltam, alguma razão terão; vivem mal há muitos anos e pelos vistos já não têm muito a perder. Resta-lhes quiçá alguma honra. Não será de direita nem de esquerda ou honra que também já não virá da religião, muito menos do Estado, nem da sociedade, mas antes de cada indivíduo. Tudo mudou, já ninguém quer viver sob o mando de um só senhor. Fascismo e comunismo são variantes de um mesmo totalitarismo. E viva quem disto se consegue libertar! E viva igualmente quem de opiniões dirigidas se consegue libertar! Para se ser livre, vale o esforço!

 
 

Mário Rui

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