quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A refrega irá ser dura e cómica.



A refrega irá ser dura e cómica.

Ora aí está o início de mais uma história, ou antes escaramuça de natureza política e não só, sobre a eventual exploração de petróleo e gás natural ao largo da costa algarvia. É mais um caso sobre o qual vai correr muita tinta e ainda a procissão nem do adro saíu.

Já estou a imaginar os nossos esfaimados empreendedores, os grupos de pressão, os grandes grupos económicos, os políticos, os partidos, os jornalistas e finalmente a Assembleia da República a dissecarem o assunto. Do Presidente da República já nem falo uma vez que ele também pouco fala connosco. E, quando diz alguma cousa, engasga-se sempre, o que o leva a confundir a ‘estrada da beira com a beira da estrada’. Por isso, o melhor mesmo é que, pelo menos mais este, esteja calado. É quando fala mais sabiamente.

Portanto dizia eu que, ou me engano muito, ou vamos ter telenovela mexicana pela certa. O primeiro a vir a terreiro falar sobre a matéria, já aí está. Chama-se Mendes Bota e é deputado pelo PSD, julgo que pelo círculo de Faro. Corrijam-me se estiver enganado. Já temos tantos deputados aos círculos, que também pouco importa mais um ou menos um.
Diz então este deputado que , no dia 21 de Outubro de 2011 (data em que foi assinado o contrato com o consórcio Repsol/RWE), o petróleo ganhou ao Algarve. E eu a pensar que era o Algarve a ganhar com o petróleo. E acrescenta que houve apenas promessas do governo de benefícios para a região, caso seja detectado o tal ouro negro e se avance para a exploração.

Antes que outros se queixem, convirá a este deputado liderar desde já a corrida. Como o Algarve vive da pesca e do turismo, segundo o mesmo, lá se invocam os riscos ambientais que da exploração poderão advir. Do turismo ainda percebo que possa ficar negro com um desastre ambiental. Agora da pesca, gostava que me explicassem onde estão os pescadores no Algarve. Mas nós temos pesca? E zona exclusiva marítima, teremos também? Duvido.

Bom, mas o verdadeiro problema não me parece que seja esse. A julgar por tudo o que temos conquistado e a seguir delapidado, ao longo de vários séculos, não acredito que um bom furo a jorrar petróleo ou gás natural, seja coisa natural em Portugal. Tudo rima e parece bater certo.

A crer no que por aí se diz, o governo terá apenas como contrapatida financeira até 9 por cento sobre o resultado líquido da concessionária, mas só após esta “recuperar os custos da pesquisa e desenvolvimento dos campos petrolíferos, e após descontar os custos operacionais de produção”. Estes de tolos não têm nada!

Agora reparem: não sei se vai ou não brotar “pitrólio” e/ou gás. Os dois ao mesmo tempo era uma taluda demasiado apetecível para muitos. Mas consideremos por agora só uma destas lotarias. Por exemplo o petróleo. Ora 9 por cento do resultado líquido da concessionária, bem feitas as contas, dariam aí para encher a barriga a uma meia dúzia de famélicos, sempre os mesmos, portugueses, já por si bem instalados na vida.

Não, não estou nada de acordo com essa meia dúzia. Reclamemos, no mínimo uma dúzia. É mais redondinho.

Contemplados que estejam estes doze, habitualmente selvagens e frequentemente desagradáveis, voltemo-nos então para o país real. O que sobra? Nada! Então pois se eu ardo há 37 anos por encontrar um homem honesto, político da nossa quadratura do círculo, para ajudar o país a ser país, como posso agora acreditar que os salvados desta exploração petrolífera venham a dar algum lucro a Portugal?

Para que uma doutrina se faça árvore e dê frutos, é necessário que nela se acredite durante um certo tempo. Eles não deixam esse tempo por muito tempo. Encurtam-no sempre de tal modo que, mesmo que quisessemos, jamais o teríamos. As suas satisfações são tão rápidas e tão violentas que nada sobra para os outros.

Mas até é humano querer o que nos é preciso. E às vezes até é humano desejar o que não nos é preciso, mas é para nós desejável. Agora o que é uma doença, comum àquela dezena de cidadãos esfaimados de que vos falei antes, é desejar com igual intensidade o que é preciso e o que é desejável, mas só para eles.

Tapem o furo quanto antes, algarvios. Se preciso for nós daremos uma ajudinha. Os de cá de cima. Mais vale abrir buracos onde nasça água que nos mate a sede do que furos que nos obscureçam ainda mais.

Mário Rui

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desvio colossal na RTP


(Clicar no documento para aumentar)



«Ao invéns, alguns ‘spin doctors’ da nossa educadora praça, fizeram-nos o favor de nos bombardearem com os mais diversos, hilariantes e ao mesmo tempo estúpidos comentários a propósito das tais palavras loucas do nosso primeiro. Jornais, comentadores, oposição ao Governo, historiadores, investigadores de linguística, sociólogos e finalmente vários ‘cientistas sociais’, deram à estampa opiniões para todos os gostos.

Foi um tal vender papel, preencher horas de rádio e de televisão e o contribuinte a pagar. Melhor fora que, quer o primeiro-ministro, quer toda esta onda de contorcionismo jornalístico-político, não tivessem perdido tanto tempo e dinheiro a ocupar-se de assunto que, para o crescimento económico do país vale zero.

Conclusão; um, uns e outros, são todos a mesma e uma só coisa. E se todos eles alguma vez pensaram que disseram ou escreveram algo com virtude, então desenganem-se porque, às vezes, é pelas próprias virtudes que se é mais bem castigado. Nós bem vos entendemos, aos três. Mas os espectadores que ainda vos prestam alguma atenção quando em presença de um ‘não caso’ como o acontecido, também percebem da razão que lhes assiste quando vos ouvem ou vêem.»

Isto foi o que escrevi há uns tempo atrás, a propósito da expressão utilizada pelo primeiro ministro quando, dirigindo-se ao país, se terá referido aos portugueses como sendo “piegas”. Achei e continuo a achar que esteve mal, de resto opinião que deixei bem retratada no que então escrevi.

Mas avisado como sou, também disse e reafirmo que há entre a classe dos jornalistas uns tantos, muitos, que de jornalismo percebem tanto ou menos que eu de lagares de azeite. São os que eu apelido de ‘jornalistas-fatela’. Gente que não respeitando o seu próprio Código Deontológico, quanto mais a ética profissional, como que fazendo jogo baixo, ignóbil, vão dando notícias falsas. Notícias que lhes são trazidas por ventos diabólicos, assim como que ventos que querem tornar falsidades em verdades.

Claro que todos percebem o rumo e o efeito que se espera de tais ventos. Às vezes rumo e efeito que acabam por ser contraproducentes. Foi o caso! Quando meio mundo criticou o que Passos Coelho teria dito, que não disse, a propósito do “desvio colossal” que teria herdade do Governo anterior, este tornou-se o primeiro grande caso político-jornalístico, em 2011, desde que o líder do PSD lidera o Governo.

Afinal, as palavras que lhe atribuíram não foram aquelas que uma agência pública de notícias, a LUSA, que todos nós pagamos para nos informar com isenção, “mandou” cá para fora. Se têm dúvidas, ouçam o que PPC disse, clicando no vídeo. Chegou tarde, mas ainda a horas de separar o trigo do joio. E eu que até critico com toda a veemência os políticos que temos, também sou capaz de reconhecer aqueles que às vezes têm alguma coerência e sobretudo seriedade no que dizem.

Podem dar um trato inconveniente à coisa pública, ou seja a todos nós, mas pior que isso é darmos ouvidos a algumas vozes que mais não querem senão semear tempestades onde elas não existem. É caso para corrigir-me quando, na tal crónica de que vos falei no início, disse: « um, uns e outros, são todos a mesma e uma só coisa». Agora apetece-me dizer: uns e outros , são todos a mesma e uma só coisa.
Amanhã, se for o caso, voltarei a incluir o “um”. Por hoje assim fico.


Mário Rui

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Jean Gabin - Maintenant Je Sais



"Agora eu sei, eu sei que o que nunca soube
A vida, o amor, o dinheiro, os amigos e as rosas
A gente nunca conhece o som nem a cor das coisas
Isso é tudo o que sei! Mas isso, eu SEI"


Mário Rui

Paixões



«Quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa pessoa faz – se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós sabermos sequer se é verdade ou se quer dizer alguma coisa — ela levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta. E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me pela Maria João, da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. Lembro-me porque ainda agora as senti. Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. Ou ontem. Ainda estou a apaixonar-me. Gosto mais de estar com ela a fazer as coisas mais chatas do mundo do que estar sozinho ou com qualquer outra pessoa a fazer as coisas mais divertidas. As coisas continuam a ser chatas mas é estar com ela que é divertido. Não importa onde se está ou o que se está a fazer. O que importa é estar com ela. O amor nunca fica resolvido nem se alcança. Cada pormenor é dramático. De cada um tudo depende. Não é qualquer gesto que pode ser romântico ou trágico. Todos os gestos são. Sempre. É esse o medo. É essa a novidade. É assim o amor. Nunca podemos contar com ele. É por isso que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos. Porque é uma grande, bendita distracção vivermos assim. Com tanta sorte.»


Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público (14 Fev 2012)'


Mário Rui

O virtual e o real




Não que discorde do uso das novas tecnologias no Vaticano. Se a todos estão acessíveis, porque não também ao Papa? É mais fácil, mais rápido e sobretudo chega a muitos mais crentes. A rápida disseminação dos sites colaborativos e das chamadas redes sociais propicia assim uma mais forte aproximação entre pessoas. Por um lado é bom que assim seja, mas nunca perdendo de vista que o "discurso é o rosto do espírito". Uma coisa é o virtual, outra o real. Para o efeito, O Vaticano criou o site http://pope2you.net/. Pena é que não esteja disponível em língua portuguesa. Porque será?



Mário Rui

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O futuro já não tem olhar...



Francamente...

Eu não sei se o que este senhor afirma, é ou não verdade. A ser verdade, é de facto lamentável, que não surpresa, o que se passa nestes sectores dos transportes. Convirá no entanto dizer que todos estes acordos principescos não são de agora e seguramente em alguns casos, senão mesmo em muitos, são do tempo em que ele próprio foi governante de um país desgovernado.

É caso para perguntar se só agora se deu conta da existência do Tribunal de Contas. Mas enfim, ainda bem que o disse nesta altura. Apesar de tudo, mais vale tarde que nunca!

Quando atrás referi que nada disto me surpreende, fi-lo na convicção plena de que esta é apenas e só uma pontinha do icebergue. Acreditem caros portugueses honestos, e falo particularmente para estes porque na verdade são os que andam há décadas e décadas a pagar o tributo à classe reinante e obesa de poder e de dinheiro, que tudo o que Marques Mendes afirmou mais não é que a peste obscena, intransponível, em que se foi tornando o país da nossa desgraça e submissão.

Podia igualmente estar aqui horas a fio a discorrer sobre a forma discriminatória como os sindicatos pregam, eles próprios outra fonte de erros e enganos bem pensados, doutrinas civilizacionais e de outras naturezas, que no mais das vezes só têm como alvo apanhar uns quantos desprevenidos e facilmente manipuláveis.

Então, mas já alguém ouviu ou leu o que disseram os dirigintes sindicais sobre este assunto dos trabalhadores desprotegidos e à mercê de um patronato, Estado, que os quer ver morrer à míngua? Nem uma palavra. É de aplaudir quando dos fracos se ocupam mas, quando dos que têm apetite a mais e não fome, não falam, então perante uma postura assim, é sempre demasiado arriscado viver ao lado, ou do lado, destes sindicalistas.

São iguais a grande parte dos políticos que conhecemos. Não devemos partilhar lutas, desejos, vontades, já que na proximidade de tais seres é impossível servir a verdade sem ser esfaqueado pelas costas e enlameado no rosto.

Eu sempre optei pela separação. Não a separação do meu, ou do nosso futuro, mas sempre pela separação do que é nefasto a qualquer cidadão ou cidadania. O que procuro fazer é manter-me capaz de sacrifício em nome da verdadeira e honesta vida. Cada um pautará a sua segundo os princípios em que acredita. Por mim já não acredito em quase nada, para além da honra.

Sei que é preciso coragem para entrar em conflito com todos estes conflitos de regabofe. Se de outra coisa não for capaz, pelo menos continuarei a chamar a quem nos engana, sejam eles políticos, sindicalistas, capitalistas, trabalhadores ricos, exploradores dos incautos, generais de uma guerra que não há, de imberbes, imoralistas e cobardes.

Muito boa gente continua infelizmente enganada quanto à natureza humana desta gente. Por mim, tudo o que posso aconselhar é que, em vez de continuarem a berrar «Viva!» a estes personagens , ou a consentir que qualquer príncipe à pressa ou general de todos os proletários venha esmagar com o seu peso a vossa consciência nacional, deverão, isso sim, opor-lhes a vossa auto-estima e a consciência de uma dignidade que, por muito que eles queiram, sempre há-de ser o farol do vosso destino. Honradez, honradez e mais uma vez HONRADEZ!

Mário Rui


« Ó respeitáveis enganadores que troçais de mim!

Donde brota a vossa política,

Enquanto o mundo for governado por vós?

Das punhaladas e do assassínio»

Charles de Coster

(Des)Acordo ortográfico



O Miguel Sousa Tavares disse que o novo acordo ortográfico é um acto colonial do Brasil sobre Portugal e eu tenho de concordar com ele.

Quando era criança, uma palavra mal escrita, a falta de um acento, de um h, de um c com ou sem cedilha, ou de um nome próprio escrito com letra minúscula custava-me ditados, repreensões e trabalhos de casa.

Hoje, qualquer português que assuma a nova ortografia não só está a trair a sua língua, como está também a sujeitar-se aos ditames de uma regra imposta à bruta e sem qualquer fundamento democrático.

O novo acordo ortográfico viola a moralidade, a dignidade e a identidade de um povo e o respeito pelos que nos precederam. Mais, se um acordo exige reciprocidade e se, neste caso, isso é algo que não se verifica, porque é que nos havemos de sujeitar a ele?

Não se pode considerar “acordo” a uma norma imoral que, desrespeitosamente, não considerou ou consultou os profissionais que trabalham com a língua, como escritores, jornalistas e professores, situação agravada pelo facto de não ter sequer consultado a vontade e a opinião da população portuguesa em geral.

O novo acordo é também ele inconstitucional. A actual Constituição da República Portuguesa, aprovada em 1976, está escrita em português anterior a 1990, logo, uma actualização ortográfica não pode ser feita sem que haja uma revisão constitucional segundo as normas do acordo ortográfico.

Para terminar, quer se trate ou não verdadeiramente de um acto dissimulado de colonialismo do Brasil, é bom que os iluminados que agora inventaram este novo acordo compreendam que a lusofonia vai sempre afirmar-se mais pelas relações humanas do que pela escrita que nos querem estupidamente impor.

E para aqueles que a ele se submetem – como se já não bastasse a falta de orgulho de ser português que se apodera de nós todos os dias e o facto de nos deixarmos sempre subjugar pelos interesses dos grandes – eu deixo apenas este recado: o português de Portugal é a língua mãe de uma outra língua que se chama português do Brasil. Perceberam a dica?

Rui André

Uma imagem que vale por mil palavras


"A leitura responsabiliza muito menos que a palestra; e esta menos do que a imagem. Na imagem aparece a lógica do conteúdo com mais intensidade."

Agustina Bessa-Luís



Mário Rui

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

COMPANHEIRA...




A noite trocou-me os sonhos e as mãos

dispersou-me os amigos

tenho o coração confundido e a rua é estreita

estreita em cada passo

as casas engolem-nos

sumimo-nos

estou num quarto só num quarto só

com os sonhos trocados

com toda a vida às avessas a arder num quarto só

Sou um funcionário apagado

um funcionário triste

a minha alma não acompanha a minha mão

Débito e Crédito Débito e Crédito

a minha alma não dança com os números

tento escondê-la envergonhado

o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente

e debitou-me na minha conta de empregado

Sou um funcionário cansado dum dia exemplar

Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?

Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço

Soletro velhas palavras generosas

Flor rapariga amigo menino

irmão beijo namorada mãe estrela música

São as palavras cruzadas do meu sonho

palavras soterradas na prisão da minha vida

isto todas as noites do mundo numa só noite comprida

num quarto só


António Ramos Rosa


Mário Rui

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

25 anos com Zeca Afonso




Há duas espécies de génios: uma que, antes de mais, gera e quer gerar, e outra que prefere ser fecundada e parir. Acho que Zeca Afonso está na lista dos génios que geraram. Que felizes somos por sentirmos ainda a sua voz, a sua música,a sua boa sociedade, o seu entusiasmo terno, a sua delicadeza de coração, o seu desejo do gracioso, a sua fé num Portugal novo. E tudo, tudo isto, gerado e depois arquitectado de uma forma tão humilde, tão simples, que só um ser superior, que nunca tem dúvidas quanto às sílabas decisivas para o ritmo que quer e deve impôr, o sabe fazer. Ainda se chama Zeca Afonso. Sim, porque afinal ainda não encontrei quem se lhe compare. Quer no seu ofício de luta, quer na honradez da sua persistente coerência. E pouco me importa se a saga é ou não em nome de bons princípios. Há homens em quem devemos depositar as nossas esperanças. Ainda que nos pareçam possuídos de princípios que não os nossos. Bem gostaria de conhecer outros assim. Não os há, ou se existem vivem com demasiado cio da ribalta... Ao Zeca, e deixem-me recordar também Adriano Correia de Oliveira, muito deve o meu país. E como foram, e são, ainda hoje, tão maltratados! Honra lhes seja!


Mário Rui

Efemérides




22 de Fevereiro de 1972. Uma data que haveria de fazer toda a diferença no que toca ao mundo de antanho. Um presidente norte-americano, Richard Nixon, apertava a mão a Mao-Tsé-Tung, aquele que, na altura, se dizia o patrono da luta "anti-imperialista" e "anti-capitalista" em todo o planeta. Passam hoje 40 anos sobre essa data.

Ainda estou para perceber, se é que me interessa muito, se lhe deva dirigir uma leve palavra pelo que foi a sua estratégia política, ou se o deva simplesmente condenar pelas suas políticas de terror que entre 1949-1975, provocaram a morte de 50 a 70 milhões de pessoas. Seus compatriotas.

Afinal todas as coisas «boas» de hoje foram noutro tempo más, terríveis. Após ponderação madura e raciocínio sério, tenho de agir segundo o meu carácter. Podemos perdoar-lhe esse sacrifício humano, tal como a Hitler ou a qualquer outro monstro. O que não podemos é esquecê-los, pelas piores razões.


Mário Rui

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Outra vez, Sr.Dominique Strauss-Kahn?



No novo escândalo, ele estará, segundo a imprensa, envolvido na realização de orgias em hotéis de luxo em Lille. Durante vários meses, jornais franceses relataram a suposta ligação entre o ex-director do FMI e o fornecimento de garotas de programa, num caso apelidado de "Carlton" devido ao nome do hotel onde clientes receberiam prostitutas. De acordo com as investigações, DSK terá usado bens corporativos da empresa de construção Eiffage para o pagamento de festas sexuais em hotéis, nas quais participavam prostitutas.

Em 17 de Setembro de 2011, a propósito do outro escândalo envolvendo este senhor, escrevia eu o seguinte:

«Era só o que nos faltava. Numa Europa conturbada, sem rumo, onde os povos não querem o federalismo como solução possível para o renascimento do continente, e lá saberão porquê, numa Europa que precisa tanto de líderes como o pobre de pão para a boca, só necessitávamos agora de um presidente francês de modo a que a culpa de um, fosse a pena de todos. Será que esta desistência, feliz ideia, quer significar que a culpa afinal mede-se pelo arrependimento? Parece que sim. Boa viagem, senhor Strauss!!!

Não o conheço pessoalmente, como é óbvio, e ainda bem. Também não gostaria até porque nunca confiei na cara deste indivíduo. Mal por mal, deixem lá estar o Sarkozy...

Mário Rui

Basófias




O jornal Público de ontem, dia 20 de Fevereiro, brinda-nos com uma primeira página onde o destaque vai todo para Eduardo Catroga, esse eminente economista que, a par de outras mentes brilhantes da nossa economia, nos salvou da insolvência enquanto País. De resto, o jornal, dá-se ao cuidado de titular: “o homem que fez um governo e ficou de fora”.

Francamente esperava, não muito mais, mas ainda assim um tudo-nada de independência jornalística e respeito pelos poucos leitores que este periódico, senão já pasquim, vai tendo. É quase uma primeira página para um exemplo que de político imaculado e norteador do rumo de um povo, nada tem a dizer. Só posso encontrar uma explicação para este destaque.

Ou o jornal está pelas ruas da amargura ou então enveredou pela vulgaridade do que titula e escreve, e assim não lhe auguro grande futuro. Quanto ao artigo em si, logo perdi a vontade de o ler tão-só porque a capa elucidou-me quanto ao teor que adivinho pobre. São apenas sinais jornalísticos, ou plásticos?, para conceitos de alguns articulistas que se acham como fazendo parte de grupos de sensações que se repetem e juntam frequentemente.

Qual será verdadeiramente o objectivo de tão ilustre escrita em relação a tão sublime político que , somado a outros cuja cintilância arde ainda hoje no céu da nossa cultura europeia? Só pode tratar-se de perturbação, de pequenos acessos de tentativa de estupidificação em relação aos leitores.

É que estamos, ou está o Público, a falar de alguém que foi candidato a ministro e que, com 70 anos de idade continua agarrado à coisa político-partidária, agraciado com 45 mil euros mensais na EDP, somados a uma reforma doirada, para não dizer milionária, de que não abdica. Isto roça a raia do pornográfico. Talvez tenha a ver com a história dos “pentelhos” e com a sua nomeaçao para a presidência do Conselho Geral de Supervisão da EDP.

Agora do que eu não tenho dúvidas é que esta operação jornalística só pode, a aduzir às outras razões antes apontadas, ser como que uma espécie de sabonária que tudo lava. Até a imagem daqueles que mais e melhor beneficiaram com a mudança de Governo.

Na verdade, uma coisa que se explica, deixa de nos interessar. Piedade para com todos. O jornal e o homem. Observamos mal a vida se não tivermos também visto a mão que, de uma maneira especialmente enganosa como a do Público, nos ludibria, e a do homem que por amor narcísico pouco tem a ensinar-nos.

O narcisismo é uma barbaridade: porque se exerce à custa de todos os outros. Acabo já! Deixem-me apenas acrescentar o que diz o suplemento do P2 a propósito do economista: “Competente, dinâmico, empenhado, impulsionador, independente.” Eu insisto na necessidade de deixarmos de vez de confundir ética com basófias. Que dose de cretinice tudo isto.. ...

Mário Rui

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Carnavais



"A atracção do vazio explica a sedução das mulheres."


Mário Rui

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Desmascaradas




"Que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram. No Carnaval desmascaram-se. E ainda bem".


Mário Rui

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

É Carnaval mas nós levamos a mal



Não somos a Grécia? Pois não.! A Grécia ou República Helénica , é um país europeu localizado na parte meridional dos Balcãs e confina a norte com a República da Macedónia, com a Bulgária, e com a Albânia, a leste com a Turquia, quer em fronteira terrestre, quer com fronteira marítima no mar Egeu, a sul com o mar Mediterrâneoo e a oeste com o mar Jónico, pelo qual tem ligação com a Itália.

A Grécia é o berço do nascimento da democraciaa, da filosofia ocidental, dos Jogos Olímpicos, da Literatura ocidental e da historiografia, bem como da ciência política, e dos mais importantes princípios matemáticos, e também o berço de nascimento do teatro ocidental, incluindo os géneros do drama, tragédia e o da comédia.

A Grécia é um país desenvolvido com graves problemas de ordem económica. É membro da União Europeia desde 1981, membro da União Económica e Monetária da União Europeia desde 2001, NATO desde 1952, OCDE desde 1961, UEO desde 1995, membro fundador da Organização de Cooperação Económica do Mar Negro e membro da AEE desde 2005. Atenas é a capital; outras importantes cidades do país são Salónica, Pátras, Iráclio, Lárissa, Vólos, Ioannina, Cavala e Rhodes.

Tudo isto é a Grécia e o que seria de mim sem a Wikipédia. País soberano mas que, fruto das muitas contradições dos seus governantes e do seu próprio povo caíu em desgraça. Tal e qual como Portugal ainda que alguns o não queiram dizer apesar de acreditarem piamente na similitude. Mas não lhes convém apregoá-lo!

É por essa mesma razão que eu bem percebo a contradição de alguns indivíduos que, na desgraça do povo helénico, mostram agora solidariedade com este país. Muitas das contradições gregas foram e são as mesmas destes indivíduos que, de uma forma ou de outra, também conduziram a pátria de Camões, Pessoa, Egas Moniz e tantos outros insígnes portugueses, ao estado em que está. Não muito diferente da Grécia.

Estou farto destes solidários portugueses. Para eles sempre foi coisa assente o que havia de resultar como produto do seu pensar mais agudo. Esse arbitrário pensar tudo o que conseguiu foi levar a grandiosidade de Portugal à grandiosa estupidez do que somos hoje. Estamos todos muito gratos quanto à vossa preciosa colaboração para esse altruísta e nobre efeito.
Mário Rui

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Manifestações



Semi-nus, mexicanos fazem manifestação contra as touradas no país.

Mário Rui

Resistências






O senhor de idade que vêm na foto, tem 89 anos, grego, de seu nome Glezos, e esteve na primeira linha dos protestos contra o FMI e a União Europeia. Trata-se de um verdadeiro guerreiro que só foi silenciado com gás lacrimogéneo, e o po­lícia que o lançou ainda não tinha nas­cido e já Glezos fora con­de­nado à morte por ousar de­sa­fiar a di­ta­dura do Re­gime dos Co­ro­néis, que go­vernou o país até 1974. A sen­tença não foi exe­cu­tada de­vido à forte pressão da opi­nião pú­blica in­ter­na­ci­onal. A 30 de Maio de 1941, aos 18 anos, trepou ao mo­nu­mento da Acro­polis com um amigo da Re­sis­tência Grega, Apos­tolos Santas. Ali fi­zeram em pe­daços a ban­deira nazi que a Wehr­macht has­teara aquando da ocu­pação do país, em Abril desse ano.Ao todo, Glezos passou 11 anos e quatro meses da sua vida preso, e mais 4 anos e seis meses no exílio. Foi tor­tu­rado pelos nazis e pelas forças fas­cistas de Mus­so­lini.E no passado dia 12 de Fe­ve­reiro de 2011, ali es­tava ele: o maior sím­bolo vivo da re­sis­tência grega.

Nestes, eu acredito verdadeiramente no toca à força que os impele à resistência contra os ricos e contra as todos os que provocaram a queda do império grego. Afinal o berço da democracia! Tudo tem um limite. Pena é que muitos portugueses, mesmo de idade proveta, assim não façam.


Mário Rui

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Frank Sinatra, My Way, With Lyrics



E agora, o fim está próximo
e finalmente enfrento a cortina final.
Meu amigo, vou dizer-te claramente,
vou expor-te a minha vida, o que sei.

Vivi uma vida cheia.
Viajei por todos os caminhos;
Mas mais, muito mais do que isto
Fi-lo à minha maneira.

Arrependimentos... tive uns quantos;
Mas, afinal, muito poucos para relatar.
Fiz o que tinha de fazer
e percorri tudo sem hesitações.

Planeei todos os meus caminhos;
Cada passo cuidadosamente no caminho,
Mas mais, muito mais do que isto,
Fi-lo à minha maneira.

Sim, existiram momentos, tenho a certeza que sabias
Quando eu mordi mais do que o que podia
Mas ao longo do caminho, quando havia dúvida,
Eu engolia, cuspia.
Enfrentei tudo, e mantive-me erguido;
E fi-lo à minha maneira.

Amei, ri-me e chorei.
Tive a minha dose, o meu quinhão de perda.
E agora, quando as lágrimas abrandam
Acho tudo tão divertido

E pensar que fiz tudo isso;
E posso dizê-lo - não de uma forma tímida,
"Não, oh, não eu,
Eu fi-lo à minha maneira".


Frank Sinatra

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Mais um adeus



Mais um adeus...

Mário Rui

A liberdade sois vós?



Em boa verdade desconheço se este garboso mancebo é originário da I.U.R.D ou das "Novas Oportunidades Socráticas".

De todo o modo, se tiverem paciência, ouçam o que ele diz. É que eu não sei bem se o discurso é doutrinário ou tão-só de fé incontida. Já a Natália Correia dizia «... está escrito que estes 'prodígios' assinalam a vinda do nosso Salvador. Mergulhemos a alma neste esperançoso nevoeiro. Sonhar é ter razão. Nisso somos impávidos e livres. Ouçam-me! Sou o licenciado Belchior do Amaral. Em Montepelier aprendi que a Terra anda à volta do Sol. Esta descoberta revolucionária prova-nos que tudo se move para sobeviver. Ela anuncia a era dos levantamentos populares. Em marcha! Em nome da razão, pegai em armas! Enquanto aguardais o fantasma da vossa demência, sois a besta de carga dos tiranos...»

Seria ela também de alguma seita religiosa, bolchevique ou anarco-sindicalista? Seja como for, escutem lá o que o rapaz diz e formulem a vossa própria opinião. Esta, ainda não é taxada.


Mário Rui

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Interrogações




Há assuntos que verdadeiramente me preocupam a ponto de, sobre os mesmos, depositar muitas das minhas interrogações. São vários e de entre todos, eu destacaria, se me dão licença, uma meia dúzia.

Começaria então por enumerar o primeiro: porque razão as galinhas não têm dentes? A segunda, que me impressiona, tem a ver com o facto de, no Google, não haver nenhuma fotografia da morte do Imperador César Augusto. Para mim, ele odiava ser fotografado. Pronto, para esta ainda encontro resposta.

Outra interrogação que apoquenta o meu viver é não perceber o motivo pelo qual, em Portugal, há duas justiças. Uma para os pobres, outra para os ricos. Então, mas uma só não chegava? Não compreendo.

Já citei três! Vamos então à quarta: o corvo crocita e o peru gruguja. Mas porque carga de água não poderia ser ao contrário? Bem, adiante. Querem a quinta, não é? Desde 1143 que há violência doméstica em Portugal. D.Afonso Henriques batia na mãe. O homem era tolo, ou fazia-se?

Agora e por último vem a sexta grande dúvida. A empresa brasileira Petrobras acredita que há petróleo em Portugal. E apronta-se para saber em que sítio. Alguém encontra explicação para isto? Nós até gostávamos que fosse verdade embora eu acredite só um pouquinho nesta hipótese.

Porém, pensando melhor, não posso fazê-lo! Havia de ser o bom e o bonito. O meu país com ouro negro. Se estamos mal, iríamos por certo ficar pior. Já estão a ver os famélicos, os esfaimados de sempre, a tudo controlarem e a encherem os bolsos com fortunas de notas? Não estão a ver? Não me façam rir.

Assim tem sido desde há tantos e tantos anos, qualquer dia meio século de democracia com falhas, que até acho que o que temos é uma falha com pouca democracia. Não, não. Não queremos petróleo nenhum! A refrega iria ser dura e cómica. Ter cá fora o petróleo haveria de ser uma coisa diversamente feita pela inveja, pela intriga, pela frivolidade e pelo interesse de alguns.

Ora aí está a minha sexta interrogação. Petróleo, para que te quero? Ouro negro por ouro negro, prefiro o “Duo Ouro Negro”. Os que cantavam. Ainda os posso ouvir em vinil e de lá não brota nenhuma miragem. Que se suma o buraco. Era só mais um a moer a carteira dos portugueses piegas. Prefiro que não me forneçam a explicação para a minha sexta interrogação. Quanto à mesma, fico feliz como estou.


Mário Rui

Ocidentalizações




Não estou a gostar mesmo nada do ar do senhor Mahmoud Ahmadinejad. Não que me pareça estar magro, o que muito me sobressaltaria, nem mesmo pálido. O que me preocupa são os óculos de sol. Ou estaria de facto um raio solar a incomodá-lo, o que facilmente seria resolúvel, ou então, e esta será provavelmente a razão, está a ocidentalizar-se. Vai-lhe fazer mal essa ocidentalização. Ai vai, vai. Entre este efeito artístico e a nascente viva da sua verdadeira natureza vai uma distância tão longa que não dá para perceber o que lá fazem as 'cangalhas'.

Mário Rui

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sociedades



Numa Sociedade Decadente a Arte Reflecte Decadência


Mário Rui

Ou vai, ou racha



Carnavais, pieguices, queixinhas manhosos iOnline

Continuem que vão muito longe. Continuem a disfarçar, a assobiar para o lado, a inventar polémicas sobre tudo e sobre nada que a realidade, essa, não muda por milagre e vai cair violentamente em cima das vossas cabecinhas, quer queiram quer não. Vale a pena recordar uma coisa importante antes da discussão suprema sobre a terça-feira de Carnaval. A dívida de Portugal é a terceira maior da União Europeia e atingiu no final do ano passado 110% do PIB. Agora sim, vale a pena chorar e muito, não só sobre esta obscenidade mas também a fazer contas aos muitos milhões de milhões que esta calamidade irá custar a esta e à outra geração de lusitanos que teve a desgraçada infelicidade de nascer em Portugal.

iOnline
Mário Rui

Entrudo cancelado




Mário Rui

Intimação ao Professor Malaca



Intimação ao Professor Malaca - Opinião - DN


CIRCULOU e, muito provavelmente, ainda circula na net um pequeno texto (meia dúzia de linhas) que evidencia algumas das situações anedóticas, e até ridículas, do famigerado acordo ortográfico que, em minha modesta opinião, nos envergonha pela menoridade e estupidez de quem aqui o aceitou adaptar a exigências externas e pela subserviência de quem o colocou em letra de lei.


Mário Rui

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O circo voltou a descer à cidade




O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apelou aos portugueses para serem “mais exigentes”, “menos complacentes” e “menos piegas”, sublinhando ser essa a fórmula mágica para Portugal ganhar credibilidade e criar condições para superar a crise.

Diz quem sabe - o dicionário - que "piegas" equivale a "quem é muito sensível ou assustadiço". Revela também que é um termo de "origem obscura" e que tem valor "depreciativo". Assim sendo, não foi realmente terminologia adequada para falar aos martirizados que continuam a dar o que têm e o que não têm, na expectativa de que o país não sucumba perante tantos males de que padece.

Até porque, antes de dizermos as coisas que nos vêm à cabeça, é imperativo que nos demoremos por um momento a lembrar a impressão que podemos causar ao espectador. E desta vez, a impressão que nos ficou foi a de um primeiro-ministro a falar para mentecaptos. Não que me espante que possamos de facto ser uns néscios que para aqui andamos já que, se assim não fosse, este governante teria pensado antes de dizer. O problema dele é que disse antes de pensar.

Muitos o fazem e só a nós o devem agradecer. Quando fizermos sentir à classe política que afinal não somos uns ‘pacóvios’, talvez a coisa mude de figura. Em todo a caso convirá acrescentar que, quem ainda “rejubila” na fogueira, jamais triunfará sobre a dor, mas sobre o facto de não sentir dor onde esperava. Nos cidadãos portugueses. Seguramente que estes últimos, apesar de insatisfeitos com o dito, nem por isso lhe ligaram muito. É que para conversas loucas, orelhas moucas.

Ao invéns, alguns ‘spin doctors’ da nossa educadora praça, fizeram-nos o favor de nos bombardearem com os mais diversos, hilariantes e ao mesmo tempo estúpidos comentários a propósito das tais palavras loucas do nosso primeiro. Jornais, comentadores, oposição ao Governo, historiadores, investigadores de linguística, sociólogos e finalmente vários ‘cientistas sociais’, deram à estampa opiniões para todos os gostos. Foi um tal vender papel, preencher horas de rádio e de televisão e o contribuinte a pagar. Melhor fora que, quer o primeiro-ministro, quer toda esta onda de contorcionismo jornalístico-político, não tivessem perdido tanto tempo e dinheiro a ocupar-se de assunto que, para o crescimento económico do país vale zero.

Conclusão; um, uns e outros, são todos a mesma e uma só coisa. E se todos eles alguma vez pensaram que disseram ou escreveram algo com virtude, então desenganem-se porque, às vezes, é pelas próprias virtudes que se é mais bem castigado. Nós bem vos entendemos, aos três. Mas os espectadores que ainda vos prestam alguma atenção quando em presença de um ‘não caso’ como o acontecido, também percebem da razão que lhes assiste quando vos ouvem ou vêem.

Quando o pobre come frango, um dos dois está doente! E eu acho que não é quem ainda vos continua a prestar atenção!
Mário Rui

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Esta merda tem de acabar - Jacques Fresco

Carnaval



Qualquer pessoa dirá que não há nada como o Carnaval da sua própria cidade – se for o caso – e eu digo o mesmo.

Fazer parte do Carnaval da terra é como ser adepto ferrenho de um clube. Dizemos que o nosso é sempre o melhor, mesmo que saibamos que lutamos pela manutenção. Neste caso, o Carnaval de Estarreja joga a Liga dos Campeões de todos os carnavais do país e nunca nos deixa ficar mal.

O Carnaval de Estarreja é como um grande derby que apaixona grandes e pequenos e que nos aproxima das pessoas que raramente vemos no resto do ano. Digam o que disserem – e essa é uma das vantagens de viver nas pequenas cidades - há qualquer coisa de familiar e modesto naquele desfile e nas pessoas que o compõem, nas festas de apresentação dos grupos e na música brasileira que só ouvimos nesta altura.

Fazer parte do Carnaval de Estarreja – do dia e da noite – faz-me sentir em casa, com a manta nas pernas e a lareira acesa. Tudo o que a ele diz respeito é tomado como nosso e não precisamos sequer de pedir licença para nos sentarmos no sofá ou para nos descalçarmos. Nem sequer nos preocupamos com as cerimónias à mesa.

O Carnaval de Estarreja não é especial só porque sim. É especial porque dele faz parte um longo ano de sangue, suor e lágrimas; é especial porque não precisamos de nos esforçar a explicar a ninguém porque é que cá começamos o Carnaval em Outubro – como se os outros fossem perceber; é especial porque não há nada nele que nos distancie, só aproxima…ainda mais.

E rivalidades saudáveis à parte, sabemos que a única coisa que era capaz de nos fazer ficar em casa nas noites do Carnaval de Estarreja não era a recusa do governo em conceder tolerância de ponto na terça-feira, mas uma catástrofe natural qualquer.
E a mim escusam de me dizer qual é o maior do país ou onde é que faz menos frio. Eu só sei que o meu Carnaval – e os que dele fazem parte – é o melhor de todos!
Rui André

Madonna at the Half Time Show - Super Bowl 2012



Ainda hoje não sei bem qual a razão mas a verdade é que esta 'madona', musicalmente, nunca me convenceu. E note-se que os meus intentos musicais, até apontam no sentido de reformar os meus próprios pensamentos. Mesmo assim, não alinho. Então prefiro chamar-lhe uma excelente professora de marketing. "A case study" .


Mário Rui

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Nús por um Portugal mais rico



Pois bem, já nos tiraram quase tudo. Quase tudo nos falta. Resta-nos a dignidade de sermos gente que habita um qualquer lugar votado a sacrifícios incomensuráveis. Agora já está também banida das nossas alegrias efémeras, a tolerância de ponto do Entrudo. Esta solução ética do problema, parece-me dúbia, muito dúbia! Injusta a repartição das graças e das desgraças. Devemos antes de mais perguntar-nos aonde queremos chegar. Quem quiser pensar a fundo nas consequências imediatas destes espíritos castradores, que avance sempre sem receio pois a nós já não há muito que nos possam roubar. O golpe final está aí e os nossos mitos estão a ser aniquilados. Se quiserem, eu, e quem sabe outros tantos feitos eu, despojamo-nos do nosso último reduto. A nossa própria roupa, a que cobre a nossa lei funcional do que vive. E assim ficaremos, tal qual a foto que vos ofereço e Portugal ficará mais rico...



Mário Rui

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Às vezes tenho sonhos



Às vezes tenhos sonhos de um grande sonho. Às vezes enveredo por caminhos sem caminho e lá vou eu percorrendo trilhos em imaginação. Trilhos que não me levam a lado algum, mas sempre são trilhos que quando trilhados me levam à reflexão. Dos dias que passam, uns vazios de meditação, outros cheios de remoínhos que como a água que atravessa o moínho umas vezes se encrespam outras se acalmam. Não há nada de espantoso neste tempo que galga o tempo das coisas mas a verdade é esta. Mudar o curso do rio que vai caudaloso é sempre contra-natura. Fico-me pela contemplação do que a natureza me ofereceu e respeito-a por isso mesmo. É que pode dar-se muito ao que é simples. A vantagem do acto reside no facto de serenamente podermos ser nós próprios. Que belo é não tentarmos a imitação do que não somos capazes. Que tranquilo é ficarmos no nosso próprio papel e não habitarmos o personagem que não nos foi dado. Cada um tem a roupa à sua medida e nem ao alfaiate devemos mentir. Seria blasfémia vestirmos o fato que não nos tapa o corpo por todo. Também não merece sacrifício pendurarmos ao pescoço a máscara que um dia qualquer nos servirá de embuste. Porque haveríamos de o fazer. Máscaras são sempre faces de uma outra moeda com que não pagamos nem apagamos as arranhadelas que nos fazem. Só vale a pena viver bem se de bem estivermos com a nossa própria consciência. É ela que ditará quem somos, o que fazemos e de que modo o conseguiremos. Todo o meio tem um fim. Só é preciso tomá-lo como um sincero objectivo e lá estaremos. E às vezes penso porque hei-de eu morrer. Se alvorocei a minha vida em direcção aos meus propósitos, simples, não entendo a razão que me há-de conduzir ao fim. Só morre quem não ama, amigos meus. E tão suave é a sensação que ora me alheia do débito e do crédito, que nem me lembro do quão difícil foi, na altura certa, lutar por ambos. Valeu a pena. É este o legado que quero deixar aos meus, aos que comigo sempre percorreram os mesmos sonhos, afinal e ainda o mesmo trilho. Nem que seja só em delirantes mas amigos sonhos. Daqueles que temos por breves instantes mas que mais parecem uma feliz eternidade. Será que alguém me está percebendo? Talvez não. Mas também que importância tem issso? O que é bom é em tardes cálidas poder rodopiar no eixo do meu ser e, sempre e quando possível, rodopiar, dançar, enlear a trave que serve de equilíbrio aos outros. Não os beliscando mas antes acompanhando-os no seu festim. É assim que devemos estar. Aqui e agora. Neste mundo mais cruel que dócil mas que apesar de tudo merece que o possuamos. Não é só nosso, é de todos os que quiserem entrar no carrocel. Não têm preço a pagar a não ser o bom-senso, o bom-gosto e o gesto amigável de quem sabe estar do lado certo. Tudo o resto virá por acréscimo. Só me entristecem os que vieram ao mundo por acidente e que depois o vão deixar sem que ninguém dê por isso. Mesmo esses deviam ter guardado um cantinho para entoar as suas músicas e para bailar ao som das que lhes tocaram o coração. Também eu, à porta da cabana que não tive, sentei-me ao sol que nunca houve e gozei a velhice futura da minha vida cansada. Há que criar uma certa aristocracia interior que nos defenda dos ventos fortes, das tempestades que do nada surgem. Só assim sobreviveremos. Durmam bem.




Mário Rui

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Decadências



Entrevista à VISÃO
Basílio Horta: "Um democrata-cristão só pode fazer política no PS"

Basílio Horta é um político desta nossa democracia. Foi um dos fundadores do CDS, no tempo em que este mesmo partido se reclamava de ser “rigorosamente do centro”. Eu bem me lembro disso e também dos obstáculos que um magote de esquerdistas radicais, bem instalados na vida que lhes vinha do 24 de Abril de 74, iam colocando ao partido deste político. Assisti a algumas dessas cenas verdadeiramente demolidoras para qualquer um que militasse no CDS.

A certa altura admirei a estoicidade dessa gente que, perante o avanço traiçoeiro e de baixo nível de tal esquerda-caviar, sempre se mantinha em pé na trincheira. Admirei a nobreza, a verticalidade desses homens que não obstante a ameaça real de ataque, nunca viravam a cara à luta e à causa centrista que defendiam.

O tempo corre qual vertigem repentina e, em 1991, Basílio Horta batia-se com o candidato da esquerda moderada Mário Soares para o lugar de Presidente da República. Sentia-lhe então um forte ardor no debate que travava, a ponto de salivar abundantemente quando estabelecia o contraditório. Confesso que momentos houve em que não gostei mesmo nada dessa irritação politiqueira mas, enfim, entendida como luta política-partidária, lá o ia desculpando. Era a sua galharda maneira de enfrentar uma eleição. Apesar de ser duríssimo ( e se calhar bem embora o meu desagrado) , hoje é um arrependido desse comportamento, isto a julgar pelo que diz, , "temos belíssimas relações, sou amigo dele" etc etc.

E lá continua a correr inexoravelmente o tempo, e agora diz à revista Visão que "um democrata-cristão só poder fazer política no PS". Afirma-o hoje mesmo depois de ter sido ‘confrade’ de um (des)governo de José Sócrates. Ler, ou ouvir isto, e saber que assim foi, até faz doer. É confrangedor. Então um democrata-cristão vira repentinamente socialista? Não será esta deriva um recuo , como faz todo aquele que quer dar um grande salto?

Acreditar-me-ão os que me lêem? Serei eu obrigado a acreditar em máscaras que cobrem caras que, elas próprias , se transfiguram consoante os momentos? Não, não e não! Ir ao encontro delas, só o farei com toda a cautela , com critério altamente selectivo; mais ou menos como faz a aristocracia inglesa.

É por estas e outras mais que já abdiquei da política e dos políticos modificáveis. Estes movimentos ‘democráticos’, leia-se sinuosos caminhos do homem, não são apenas uma forma de decadência da organização política que nos rege. São sobretudo e em minha opinião, uma diminuição do homem, a sua mediocridade e desvalorização. Para onde devo então dirigir as minhas esperanças? Digam-me, se souberem.


Mário Rui

Fogo de artifício


Fernando Rosas: "O 5 de Outubro é celebrado com iniciativas em centenas de escolas de norte a sul do país!"

Santana Lopes: "E pode continuar a sê-lo, se for feriado as escolas nem abrem."

Tretas e letras...e fogo de artifício. E há tanto que fazer por este país...

Mário Rui

Futebol e velhas culturas





"Há falsidades disfarçadas que simulam tão bem a verdade, que seria um erro pensar que nunca seremos enganados por elas."

E há sítios onde jogar à bola mais não é que a expiação dos sentimentos de alguns povos. À margem dos templos e pirâmides, um dos aspectos mais destacados da cultura egípcia, é este mesmo. Violência por violência.

Ramsés III já deu voltas e voltas no túmulo, já pediu perdão aos deuses, mas de nada lhe valem as preces...

Mário Rui


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Agora, decidam-se





Lá voltamos nós ao mesmo. Mas será que não há assuntos mais importantes para tratar? República ou monarquia? Venha o diabo e escolha, mas já agora retenham esta ideia: "O luxo arruína repúblicas, a pobreza monarquias". Agora decidam-se!

Mário Rui