quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O discurso




As opiniões mais moderadas são sempre as mais cómodas e, possivelmente as melhores. A minha atitude não significa, pois, que me sinta obrigado a considerá-las boas, quando estas deixam de o ser, porque descobri outras melhores. Vamos ver se de facto consigo que alguém me dê outras melhores...Quanto ao resto, depois de fazermos tudo o que está ao nosso alcance, o resultado já não depende de nós. Consequentemente, ninguém é infeliz por não alcançar o que dele não depende.


Mário Rui

Correlativo à Grécia berço da democracia




Um homem verdadeiramente visionário. Avançado para e no tempo em que viveu. Seria mesmo um profeta? A propósito, ainda se ensina literatura portuguesa no ensino público do meu país? Se ainda há esse «mau hábito», então o melhor será não dar Eça de Queirós a ler aos mais jovens. Desconfio que muitos deles irão fugir do banco da escola quando se aperceberem das verdades ontem escritas, e hoje praticadas. Ora leiam;


»Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa – citam-se ao par a Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o museu humano da beleza da arte.»

Eça de Queirós, in 'Farpas (1872)'


Mário Rui