sábado, 3 de novembro de 2012

Era digital, ou não era?



















Estalou a polémica entre o investigador da Universidade do Minho e a PT, a propósito da sua tese de doutoramento, em que refere que a Anacom terá favorecido esta última entidade na implementação da televisão digital terrestre (TDT), em Portugal. Ver aqui.  Não querendo dissecar o assunto, até pela minha evidente ignorância sobre o mesmo, nem por isso deixo por mãos alheias algumas considerações. Assim, a saber:

- comento, já que sou contribuinte líquido da TV estatal, e a dobrar, pois pago a uma operadora privada para ter televisão pública e pago – mais uma vez – uma taxa mensal ao Estado para o mesmo efeito. Está bom de ver que se a operadora que me fornece o serviço já por si entrega ao 'big brother'  a minha parte, então eu, e outros nas mesmas circunstâncias, não deveríamos ser duplamente taxados. 
- quanto à conclusão do investigador, não sei se tem ou não razão. Tão-pouco sei se essa conclusão, alegado favorecimento, se prende também com a qualidade técnica das emissões da TDT. Se tiver alguma relação, há-de certamente constar dessa tese o péssimo serviço que esta inovação representa, pelo menos por agora, a quem dela lança mão. Falhas de emissão, qualidade de imagem duvidosa, gastos acrescidos com descodificador para televisões antigas, substituição de antenas, etc, etc. De resto um acréscimo de custos que vêm mesmo na altura certa. Portugueses com bolsos cheios e especialmente com melhor? televisão pública! “As usual”.
- neste passo, e acabo já, fico com a ideia de que se trata de uma peleja do tipo Golias contra David. Aguardemos para ver o resultado. Ah, já agora digam-me, se souberem. A PT tem participação do Estado? E a Anacom é porventura um organismo estatal?
- então para concluir deixo-vos a solidariedade manifestamente demonstrada pela Universidade do Minho para com o seu investigador, patente na imprensa de hoje. Diz assim; «...a UM diz que não lhe compete influenciar a escolha de temáticas ou de quadros teóricos de referência, bem como assumir responsabilidade sobre os respectivos resultados ou conclusões, os quais se inscrevem no exercício da autonomia de criação intelectual e na esfera de responsabilidade dos seus autores, sejam estudantes ou investigadores».

Hum, bonito não é? Então mas em que sítio trabalhará este investigador? Será em Marte, ou lá no Minho?

É no universo intelectual que se admiram e apreciam as maravilhas inumeráveis do mundo sensível e imaterial. Com amigos assim, quem precisa de inimigos?

Mário Rui