domingo, 6 de maio de 2012

Grécia a votos


















Como a política e o jornalismo são dados curiosos. A democracia grega não nasceu da noite para o dia. O sistema foi moldado ao longo de séculos por reformas que, pela primeira vez, deram poder ao povo. Embora tenha sido o berço da democracia, com especial enfoque em Atenas, e daí tenham brotado tantos ensinamentos para as sociedades que se lhe seguiram, nem por isso, e justamente porque actualmente é uma sociedade em ruptura iminente, o jornalismo português, e o restante, se deram ao cuidado de dar o devido relevo às eleições que, também hoje, tiveram lugar no mundo grego. Se estas políticas e especialmente estas novas formas de jornalismo não convocassem esta espécie de culto do erro, estaríamos todos, neste momento, a desejar bom mandato a Hollande mas ao mesmo tempo a endereçar sorte e sabedoria à Grécia para inventar novos deuses que a salvem dos egoísmos do mundo. Bem sei que a história nunca foi escrita pelos vencidos mas antes pelos vencedores. Mas também sei, porque li algures, que Buda sempre disse; "nunca envergonhes o teu benfeitor".   
Mário Rui

França - a hora do voto
















Mário Rui

Prise de la Bastille
















Um pouco de humor só ameniza momentos tensos como foram os da segunda volta das presidenciais francesas. Como de política internacional nada percebo, e da portuguesa tenho imensa dificuldade em digeri-la, o que posso pensar da derrota de um e da vitória de outro?

Dizem-me, mas não posso confirmar, que Sarkozy, o perdedor, vem para Coimbra estudar Filosofia. Hollande vai baixar não só  a idade da reforma para os 60 anos, mas também o preço do pudim Flan. Veremos qual das notícias virá a ser verdadeira...

Mário Rui

Rádio Voz da Ria - 25 anos a encher o tempo com consciência e pensamento


Corria o ano de 1983. Na quietude de uma vida rotineira, quando não desassossegada por via dos verdes anos de juventude irriquieta e feliz, batiam-me à porta. Um amigo assomava à entrada e desafiava-me para nova aventura. Mais uma das muitas de índole vária que já havia experienciado. Desta feita tratava-se de nos mascararmos de “piratas” e, lançando mão de alguém que de electrónica percebia, apoderarmo-nos de um emissor de ondas radiofónicas, que bela onda, e inundarmos o espaço estarrejense de vozes de viva voz.

Um espaço para as nossas divagações, já então feitas com sério sentido de responsabilidade, que através de um microfone e da telefonia dos ouvintes, entretinha e ensinava um outro jeito de se ser interventivo e sobretudo nos impregnava de uma cidadania, aos que faziam e aos que ouviam que, até então, se nos escapava qual areia entre mãos.

Era a Rádio Antena Livre de Estarreja. Em Pardilhó, ecoavam também novos sons que traziam à memória das pessoas  essa mesma aspiração poderosa que conseguia, pelo lado estético e pedagógico, mexer, agitar com a vida de cada um. Rádio Moliceiro, assim se chamava. Nos dois casos era como que um estilo novo de vida, uma ressureição mais fortemente expressiva do que nos apoquentava e nos obrigava a trazer à luta palavras, opiniões, contraditórios, afinal lugar a todos. Impelidos pela paixão da rádio, era impossível conceber outra cousa que não fosse o diálogo permanente, representativo, e deste modo a tal paixão criava, ela própria, algo artístico.

Toda uma construção feita por jovens e com o precioso auxílio de menos jovens, a quem não era salutar a passividade dos dias que se arrastavam inexoravelmente. Mexemos com o “status quo” ao tempo  vigente, elevámos a alturas nunca dantes supostas figuras e personagens que, ora agrestes no confronto, ora cordatas no debate, se guindaram a novos voos. Ainda bem que assim foi.

A condição de rádios-pirata, e aqui adicionem-se as Rádios Independente e a Cultural de Salreu, não poderia persistir por muito mais tempo. E, eis senão quando, as calaram, a todas. O poder instituído decidiu regulamentar a actividade e impondo um período de nojo radiofónico, lá idealizou a lei que volvidos meses imponha novas regras. De facto ninguém vive sem mudança. E então lá voltámos a outra labuta, árdua, cansativa, mas nem por isso capaz de nos desarmar.

Unimos forças, esforços e fundimo-nos. Como chegar a um grande objectivo se não sentirmos primeiro em nós a força e a vontade de provocar  grandes sofrimentos. Soubemos, perfeitamente , destilar doçura sobre as nossas amarguras, nomeadamente sobre as da alma; tivemos remédios ao mesmo tempo na coragem , na elevação dos sentimentos do nosso concelho. Da perda fizemos apenas um momento passageiro e, em 1987, parimos a Rádio Voz da Ria.

Grande feito, só ao alcance de eleitos. Não resta qualquer dúvida a esse respeito. E vieram os génios desorganizadores, os profetas do infortúnio; a todos eles demos uma lição sobre a utilidade de uma Rádio para Estarreja. De facto, em redor de todos os sistemas positivistas que criámos, conseguimos afastar pessimismos tenebrosos. Prosseguimos na senda da palavra dita, da opinião livre e da assumpção que fomos, e somos, parceiros amigos e insubstituíveis de todos quantos hoje nos rodeiam. O Concelho de Estarreja e as suas gentes.

Tive o preconceito, se calhar a despropósito,  de aqui não sublinhar nomes, obreiros deste edifício. Mas eles marcaram para todo o sempre um sinal claro de que, na nossa amada terra, há invenções que não precisam de pessoalizações. Vale mais a obra em si mesma que os construtores que lhe deram alicerce. Perdoem-me esses fazedores, e foram tantos, mas seguramente esquecer-me-ia de um ou outro e, isso sim, seria desrespeitoso da minha parte não aludir ao que valeram no erigir desta invenção.

Como em tudo na vida, há os pioneiros, depois os continuadores, os vindouros. Os primeiros fizeram acordados o que lhes passou em sonhos. Os que lhes sucederam reforçaram as traves mestras dos sonhadores. Quanto aos vindouros hão-de certamente superar um afecto que mais não será senão a vontade de um ou de vários outros afectos passados. O importante é que a Rádio Voz da Ria continue a rejubilar, a amar e a honrar  o papel de que foi e está investida. Mesmo em relação aos mais cépticos.

Por aqui me fico embora sem saber muito bem se consegui resumir um trajecto de existência ou uma pobre ode a um projecto de finalidade. De todo o modo, uma certeza eu tenho e reclamo: subitamente todos nós, os da RVR, conseguimos transformar um deserto algo sombrio da nossa cultura cansada em algo que a cada dia que passa, se transforma pelo encanto do que divulga, relata, diz e canta. A Rádio será sempre o elo  de todas as relações.

Que esta ideia não se perca e, agora sim, é chegado o momento de a aplaudir, de lhe agradecer e de lhe dar mais sementes que jamias permitam aridez de pensamentos.  Louros de glória para quem não é sombra mas antes luz. Ó nossa amada Rádio. Se todos te aumentámos a herança, sê fiel de geração em geração.

Mário Rui

Frank e Bogart























Não sei bem a razão, talvez por ter lido algo sobre eles no jornal,  mas a verdade é que hoje sonhei com estes dois "passarões" e voltei a ter visões de uma voz inconfundível (The Voice), e de um poder cénico só dado a eleitos. Já agora, o da esquerda, para além de cantar soberbamente, dizia: "O álcool pode ser o pior inimigo do homem, mas a Bíblia diz que devemos amar os nossos inimigos".
O da direira tinha quatro regras de vida - ou não fosse ele um bom rebelde - muito simples: "Hollywood fede e não presta;  nunca confies no patrão;  bebe tudo o que conseguires e ama a música como a ti mesmo".

Não questiono se são, ou foram, bons  modos de vida, mas sei que foram modos de ser e estar.  Gente famosa e rica tem os seus rituais. Não obstante, dois ícones. Embora os excessos, nunca perderam o faro dos meios que os conduziram mais seguramente ao estrelato. Continuo a gostar deles!

Mário Rui