quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Decadências



Entrevista à VISÃO
Basílio Horta: "Um democrata-cristão só pode fazer política no PS"

Basílio Horta é um político desta nossa democracia. Foi um dos fundadores do CDS, no tempo em que este mesmo partido se reclamava de ser “rigorosamente do centro”. Eu bem me lembro disso e também dos obstáculos que um magote de esquerdistas radicais, bem instalados na vida que lhes vinha do 24 de Abril de 74, iam colocando ao partido deste político. Assisti a algumas dessas cenas verdadeiramente demolidoras para qualquer um que militasse no CDS.

A certa altura admirei a estoicidade dessa gente que, perante o avanço traiçoeiro e de baixo nível de tal esquerda-caviar, sempre se mantinha em pé na trincheira. Admirei a nobreza, a verticalidade desses homens que não obstante a ameaça real de ataque, nunca viravam a cara à luta e à causa centrista que defendiam.

O tempo corre qual vertigem repentina e, em 1991, Basílio Horta batia-se com o candidato da esquerda moderada Mário Soares para o lugar de Presidente da República. Sentia-lhe então um forte ardor no debate que travava, a ponto de salivar abundantemente quando estabelecia o contraditório. Confesso que momentos houve em que não gostei mesmo nada dessa irritação politiqueira mas, enfim, entendida como luta política-partidária, lá o ia desculpando. Era a sua galharda maneira de enfrentar uma eleição. Apesar de ser duríssimo ( e se calhar bem embora o meu desagrado) , hoje é um arrependido desse comportamento, isto a julgar pelo que diz, , "temos belíssimas relações, sou amigo dele" etc etc.

E lá continua a correr inexoravelmente o tempo, e agora diz à revista Visão que "um democrata-cristão só poder fazer política no PS". Afirma-o hoje mesmo depois de ter sido ‘confrade’ de um (des)governo de José Sócrates. Ler, ou ouvir isto, e saber que assim foi, até faz doer. É confrangedor. Então um democrata-cristão vira repentinamente socialista? Não será esta deriva um recuo , como faz todo aquele que quer dar um grande salto?

Acreditar-me-ão os que me lêem? Serei eu obrigado a acreditar em máscaras que cobrem caras que, elas próprias , se transfiguram consoante os momentos? Não, não e não! Ir ao encontro delas, só o farei com toda a cautela , com critério altamente selectivo; mais ou menos como faz a aristocracia inglesa.

É por estas e outras mais que já abdiquei da política e dos políticos modificáveis. Estes movimentos ‘democráticos’, leia-se sinuosos caminhos do homem, não são apenas uma forma de decadência da organização política que nos rege. São sobretudo e em minha opinião, uma diminuição do homem, a sua mediocridade e desvalorização. Para onde devo então dirigir as minhas esperanças? Digam-me, se souberem.


Mário Rui

Fogo de artifício


Fernando Rosas: "O 5 de Outubro é celebrado com iniciativas em centenas de escolas de norte a sul do país!"

Santana Lopes: "E pode continuar a sê-lo, se for feriado as escolas nem abrem."

Tretas e letras...e fogo de artifício. E há tanto que fazer por este país...

Mário Rui

Futebol e velhas culturas





"Há falsidades disfarçadas que simulam tão bem a verdade, que seria um erro pensar que nunca seremos enganados por elas."

E há sítios onde jogar à bola mais não é que a expiação dos sentimentos de alguns povos. À margem dos templos e pirâmides, um dos aspectos mais destacados da cultura egípcia, é este mesmo. Violência por violência.

Ramsés III já deu voltas e voltas no túmulo, já pediu perdão aos deuses, mas de nada lhe valem as preces...

Mário Rui