quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mãe há só uma


A todas as mães do mundo, especialmente à minha:

A semana da Queima das Fitas está a chegar e o Dia da Mãe também, o que acaba por ser um inconveniente para os filhos que se queiram levantar cedo no Domingo para irem almoçar com as respectivas mães. Por isso, parece-me que a minha mãe ficará extremamente feliz comigo se eu lhe disser que não vou à Queima, coisa que, infelizmente, não acontecerá. Desculpa, mãe!

Apesar disso, as mães, e em especial a minha, merecem da parte dos filhos mais do que algum dia eles lhes poderão dar. E eu juro que não é que não queiramos – e às vezes queremos mesmo muito – mas temos sempre alguma coisa para fazer que nos impede de cumprir uma ordem sua. E isso não devia acontecer porque elas também nunca negam nada aos filhos só porque têm de ir ao café ou porque estão cansadas ou porque têm gente à espera delas. Mas esta geração de agora…

Dizem que ser mãe é a melhor coisa do mundo e essa deve ser das poucas coisas difíceis de se ser e fazer, mas que se fazem com gosto. Como diria o outro: “escolhe um trabalho de que gostes e não terás de trabalhar um único dia da tua vida”. Ser mãe é precisamente isso, é acertar na profissão, com a excepção de que se é mal remunerada e não se pede curso superior como requisito mínimo.

Não é por acaso que se diz que mãe como a nossa só há uma e que é ela a melhor de todas, como se houvesse uma competição feroz para eleger a melhor do mundo. E não há! A melhor mãe do mundo é sempre a nossa porque foi ela que se enjoou tantas vezes durante a gravidez por nossa causa, foi ela que nos protegeu da trovoada naqueles dias chuvosos, foi ela que nos adormeceu e aconchegou sem se preocupar com as horas tardias, foi ela que abdicou de tudo para nos ter a nós, foi ela que nos ensinou tudo aquilo que somos hoje.

E ser mãe não acaba no passado. É também ela que continua hoje a enjoar-se com as angústias dos filhos como se fossem as dela, é ela que continua a proteger-nos das investidas da vida, é ela que não adormece nem se aconchega sem termos primeiro chegado a casa, é ela que nos lança a corda quando nos sentimos desamparados, é ela que acredita em nós mais do que nós próprios.

Ser mãe não deve ser tarefa fácil, mas deve ser muito mais penoso se nunca lhe tivermos dito alto e bom som: “Amo-te, mãe!”. Ouviste agora?!


Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira