sábado, 23 de agosto de 2014

É possível acabar com este futuro?



Equipamentos digitais vão ter taxas até 20 euros


 
(jornal i)

 
 
É possível acabar com este futuro?


Português que não se resguarde, é criminoso. Não chega toda a caterva de sacrifícios já feitos. Roubam-nos dinheiro, dão-nos solidão, solidão do temor da incompreensão do futuro, dão-nos fobias, palpitações, nervosismos, desgastes que apelidam de esforço nobre pela recuperação do país, tiram-nos dignidade e eis que entretanto chega a hora de mais uma medida “acertada”. Equipamentos digitais vão ter taxas até 20 euros. Mais um imposto encapotado, desta feita para pagar, dizem eles, direitos de autor. Quem paga? O mesmo de sempre, embora aqui o “consumidor” devesse chamar-se governo e o “consumido” o simples português. Porquê? Pela repetida razão de que o dito estima que a aplicação desta medida totalizará, anualmente, um valor de 15 milhões de euros, o que significa bolso ainda mais vazio por parte do pagante nacional. Já não faltára muito para que se acabe de vez a coisa a que deve ser infligido imposto já que a insistência na mesma tecla parece-me representar apenas a falência dela mesma. Agora já só há novas receitas e, portanto, novas formas de as inventar. Nada mais do que isso e quando o veio secar, não tardará muito, o governo prosseguirá certamente na contemplação inquieta do dízimo seguinte. Há-de esse governo esfaimado insistir na tortura a todos os “consumidos”, adaptando-lhes outros nascentes desenvolvimentos até que descubra o tom justo do suplício. No calor deste “patriotismo”, a seguir, porque entretanto já falecido todo o pé-de-meia de quem paga e não bufa, proponho então que se virem estes traficantes de sonhos para a razão do juro a cobrar às ondas do oceano, às núvens, ao crescimento demasiado rápido da fava-rica e, já agora, não se esqueçam por favor da insolência dos sobrevivos descontentes. Cobrem-lhes igualmente um triplo tributo pela suas demoradas viagens até ao respectivo epitáfio e então depois, isso sim, e se ainda houver desagradados, cubram-nos finalmente!

Subsiste algo incompreensível à luz da minha pobre faculdade de raciocinar. É isto; afinal há gente que, mesmo condenada, sente um certo orgulho em perseverar no esforço inglório! Eu próprio, e muitos como eu, infelizmente!

 

 
 

Mário Rui
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