sábado, 20 de abril de 2013

Terrores


















Boston foi por estes dias a capital do terror. Inocentes massacrados às mãos de propósitos insondáveis e, por isso mesmo, altamente reprováveis aos olhos de quem aspira por uma sociedade justa e mais fraterna. Sobretudo uma sociedade despida de loucas intenções que a mais não levam senão à selvagem carnificina de existências humanas. Às cenas vividas nas últimas horas em chão americano, poderíamos juntar milhares de outras que nos tocaram profundamente, quer tenham acontecido nesta parte do mundo ou em qualquer outra zona do planeta. Matar, é matar, e quaisquer que sejam as razões invocadas para o fazer, mesmo que sem luta não haja avanço, tirar a vida ao semelhante há-de ser sempre um meio destituído de princípios, forma ignóbil de lidar com o próximo! Se quisermos dissecar todas estas disfunções da raça humana, só podemos chegar a uma conclusão que, de resto, é tão válida para os que matam como para os que potenciam o acto. Assim sendo, é bom que tenhamos sempre presente uma verdade insofismável; aqueles que professam a liberdade e que repetidas vezes combatem a agitação dos outros, não podem ser homens que querem colher sem semear. Há, antes de mais, investimento produtivo, humanista, a fazer. De outro modo estaremos permanentemente ao sabor das chamadas sociedades do espectáculo que acabam frequentemente como vítimas das suas próprias falsificações. Na América dos meus sonhos, na terra que educou o meu avô e que dele fez homem, tudo o que desejo é que não se trabalhe pela paz com métodos violentos. Será um bom sinal para todos e em especial para os inocentes que das leis desta vida incerta se vão libertando, pondo os seus corpos na frente de uma batalha que não provocaram, e da qual, afinal, saem como verdadeiros combatentes. Valem muito mais que o aceno de apreço que lhes possamos dedicar. Muito mais! Mas atenção, pois que na ressaca do triste acontecimento, uma vez infelizmente sucedido, há mais convicções a manter e recados a dar aos demais, aos radicais. Como não podemos acumular todos os bens nem todos os males da vida humana, então será medida certa, a aplicar aos fanatismos vindos de alguns que se acham mandatados por voz supostamente ‘divina’, que se lhes repita a ideia de que os males de que se queixam lhes deram também ocasião aos seus maiores bens. De uma coisa deveriam livrar-se rapidamente; do tal impulsão ‘divino’ que lhes confere o direito a ceifarem vidas que jamais os atraiçoaram! Claro que todos o homens têm instintos como os animais , mas também têm a razão para os controlar e regular. Os que partem inocentemente, esses, jamais se poderão queixar!
Mário Rui