segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Justiça e Democracia



««O Movimento Justiça e Democracia considerou hoje que os magistrados não podem aceitar os cortes nos salários "de forma passiva", sublinhando que são "perfeitamente incomportáveis para as pessoas e para os juízes»».
Imprensa escrita de hoje
O Movimento Justiça e Democracia, é uma associação cívica de juízes, formalmente constituída como uma cooperativa em 2001, mas cuja actividade se iniciou no ano de 1997. 
Já lá vai muito tempo em que o Estado-nação conta com alguns actores mais fortes que outros, o que parece estar a gerar um conflito de interesses que mais se assemelha a um choque de “civilizações” dentro do mesmo Estado. Antigamente, “civilização” definia-se quer por elementos objectivos comuns,  quer pela  língua, a história, a religião, os costumes, as instituições e especialmente os sacrifícios repartidos. As objecções levantadas por todos contra a existência de um governo que nos impõe o abuso, o saque, o vilipêndio, deveriam ser sempre um combate assumido por toda a população que tragicamente se vê diminuída dos seus direitos. Independentemente do seio de artes e ofícios em que se movimenta, da classe social a que pertence ou mesmo da condição de vida profissional não activa em que se encontre. A não ser possível debelar de outro modo o flagelo que nos acossa, na maior parte das vezes por renúncia à nossa própria consciência em favor de quem nos degola, então, como mínimo, o que deveria ser opção era ouvirmos um último eco de simpatia e estima por banda dos que, apesar de tudo, ainda não foram lançados a velocidade vertiginosa para o abismo, eco necessariamente dirigido aos que já foram precipitados. Muitos já estão no estado de desgraça do qual será muito difícil sair, outros não sentiram ainda tamanhas descidas e quedas. Seria, pois, excelente ocasião para praticar a obra de “caridade” mais adequada ao nosso tempo. Só que a linguagem amigável, de circunstância, sempre e quando proferida, não dá para tanto. Talvez sirva para enunciados; já para falar em solidariedade e custos igualmente distribuídos começa a ser coisa equívoca e insuficiente! Conjunturas dolorosas, deprimentes, é destino que deve ser feito a par. Nunca só para uns deixando os “românticos” de fora. Querer que o direito reja as relações entre seres que efectivamente não comungam do mesmo país, parece-me, perdoe-se-me, ser uma ideia muito confusa do que é a justiça.  

Mário Rui