quarta-feira, 1 de julho de 2015

Tudo acontece no mesmo dia


 
Tudo acontece no mesmo dia
A Grécia entrou oficialmente em default

Yannis Dragasakis (Syriza), vice-primeiro-ministro e responsável pela coordenação económica do Governo, foi à televisão dizer que o referendo pode ser cancelado.
Zoe Konstantopoulou (Syriza), a presidente do Parlamento, diz que não: «Uma vez convocado, não pode ser cancelado.»
Varoufakis disse aos colegas do Eurogrupo que Atenas cancelava o referendo em troca de dinheiro.

Permaneço na retranca quanto aos futuros que se adivinham para a Grécia e talvez para mais alguns. A razão para postura assim assumida é fácil pois assenta basicamente em duas ou três inquietações que me assaltam. A saber: não acredito no conjunto equivocado de ideias do Syriza que têm iludido o progresso dos gregos, partido mais preocupado com os aplausos da plateia e até mesmo com a intrínseca sensação de superioridade moral do que com os resultados objectivos daquilo que prega, mas também tenho muitas reservas quanto à habitual agiotagem dos que sempre emprestam dinheiro e sem grande regateio dos montantes entregues, conquanto os juros pagos e as certezas de reembolso sejam inquestionavelmente seguros e rápidos como o foguete. Ou seja, em ambos os casos há velhas hipocrisias que deveriam ser abolidas em nome das boas Uniões Europeias. Quanto ao mais, que se lixe uma certa corrente que julga que pertencer-se à ‘esquerda champanhe’ é condição suficiente para ficar blindada contra as críticas e que se catem também os amigos (?) que na hora difícil emprestam dinheiro só para transformarem essa dádiva em licença que contrarie os anseios e as necessidades mais profundas do devedor! Mas atenção, dívida é dívida, e o intento de gratidão em a amortizar é um dever honesto a cumprir, mas caramba, facilitem qualquer coisinha, não ponham a eterna noite no semblante dos que já estão moribundos. Não gosto dos que até para abrir cova querem gorjeta, gosto dos que são cuidadosamente votados à ajuda ao próximo, sincera, ainda que esses mesmos próximos não sejam de seiva fértil! Vá lá, é só mais um derradeiro esforço, entendam-se uns e outros. A Europa agradece e eu também!
 
 

Mário Rui
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