segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dos tais loucos que nos habitam.




Então este é o tal comissário europeu alemão Gunther Oettinger que defendeu que as bandeiras dos "pecadores da dívida”, deveriam ser postas a meia haste. De facto, em cada um de nós há sempre um pouco de loucura e, às vezes, até na loucura há razão. Mas não é com toda a garantia o caso deste alemão louco que, com ironia, estupidez, frio de indiferença, descuidado na voz do que diz, mais se parece com alguém que todos nós conhecemos em tempos idos. O que parece haver de certo no discurso deste sargento-ajudante, comissário ou lá o que o for, é que ele quase se militariza na entoação do que disse. Não o conheço de lado algum, o que de resto também se aplicará a ele quanto à minha pessoa. Também sei que o que lhe vou ensinar, no que à minha bandeira, a portuguesa, diz respeito, de pouco lhe servirá por duas razões distintas. A primeira resulta da sua própria ignorância quanto à língua de Camões, para entender o que quer que seja do que lhe quero gritar ao ouvido. A segunda razão, porque nunca mais lá chegaria, ao dito entendimento, é porque não há quase nenhum discurso de político alemão, mesmo quando se faz ouvir por meio da sua imperial porta-voz, que não seja marcado por um acento que fere a sensibilidade de um estrangeiro e lhe inspira repugnância. Não obstante assim postos os dados do problema , eu explico-lhe o que é uma bandeira. Depois dir-lhe-ei o que, para nós portugueses, significa a meia-haste.
Então vamos lá: pode o Sr. Gunther entender que o meu país soçobra , no fundo, em tudo o que quer, ou inicia. Até pode achar que este é um pequeno lugar do planeta cheio de nódoas negras. Agora quanto à nossa bandeira, ela concede-nos há centenas de anos o símbolo da Pátria, a nossa independência, a nossa integridade e especialmente o seu culto entre todos os portugueses. Nunca a vimos ser queimada ou sequer enxovalhada. Quanto à sua bandeira, tenho dúvidas de que possa dizer o mesmo.
Relativamente aos “pecadores da dívida”, que deveriam segundo a sua imbecil opinião colocar a bandeira a meia-haste, primeiro vamos lá saber se o Sr. alguma vez percebeu o que é um “pecador de dívidas”. Um “pecador de dívidas” é, no mais das vezes, alguém que quer escapar à sua própria miséria, alguém a quem as estrelas lhe parecem demasiado longínquas e pouco amigáveis. Mas olhe que a miséria de que lhe falo, não foi gerada pelo próprio, mas antes por mentes carregadas de cio, de ódios e invejas, de voluptuosidades. Assim chegámos ao estado do nosso Estado e também por sua culpa. Germânico que é! Pese embora este triste modo de estarmos, nunca se esqueça que a alma de um português é uma importante parte de si mesmo. É como a bandeira da nossa Nação.
Quanto à meia-haste, nem pelas razões que o Sr. aponta, nós portugueses, alguma vez haveremos de a içar de modo tão incompleto. Por regra, que ainda não foi e nem será revogada, nós os lusitanos só a içaremos pelo meio do mastro sempre, só e quando entendermos que cousa alguma ou facto de respeito a tanto nos convoque. É por isso também que, nós os portugueses, sempre achámos que mais vale dever do que pagar com uma moeda que não traz a nossa efígie! Asim o quer a nossa soberania e por muito que nos custe pagar, e custa, pelo que o nosso povo e a nossa bandeira não fizeram, mesmo assim, um dia alcançaremos o nosso fim e, depois, com o nosso orgulho, ensinaremos a si Sr. Gunther e aos demais da sua estirpe, que muitos ignoram a sua imensa riqueza até ao dia em que aprendem a das pessoas que ela tornou ladrões. Ocupe-se lá de outras originalidades que tanta falta fazem ao seu próprio país pois nós ja estamos enojados da sua sabedoria.


Mário Rui