sexta-feira, 6 de junho de 2014

A Bola




E aí vem mais um “chuto” na bola, coisa que pula e avança e faz girar o mundo numa dança anarquista quantas vezes revolucionária de praia e outras tantas interpretação da nossa realidade sob um manto de verde colorido onde a especificidade rola na análise crítica do mundo quotidiano. Que raio de nome deram ao esférico, a bola, essa forma de reunião que se junta a uma reflexão sobre os personagens que nela batem, seus malandros e seus heróis, afinal actores principais. Com ela se discutem também outros sistemas, certos factores sociais, políticos, económicos e nacionais pois que tudo é plano de elaboração interna do sistema.  A bola, com chuva ou sol, todos lhe discutem a identidade, a especificação, as zonas de encontro, a mediação, o sítio de reunião, o adro da discussão e depois o tempo fica suspenso e uma nova rotina deve ser repetida ou inovada. A bola, ninho onde nasce o poder da teia, a táctica e o meio, canto onde também se pode forjar a esperança de ver o mundo de pernas p´ró ar ou de cabeça p´ra baixo. A bola, realidade do desenvolvimento interpretativo do tudo e do nada às vezes inclusiva e abrangente e muitas mais cuspindo fora o racional, a coisa que anda veloz na metodologia e no procedimento mecânico quase sempre hierarquicamente determinado. Enfim, a bola, o esférico, a redondinha, a comparação por meio de contrastes e contradições, buscando não o semelhante, mas o contrário e o diferente. É com ela que primeiro realizamos uma explicação em termos individuais e nunca chegamos a uma compreensão quando a verdadeira demanda devia ser o oposto. Então e o que mais significa a bola? A quarta, o sábado ou o domingo, dimensões históricas, eixo temporal que é sempre um universo cronológico de mitos e legendas, sagas e manias. Ficamos com uma nítida consciência da sua passagem pelo terreno do jogo e no fim estamos fora do tempo e do espaço poderosamente dominados pela ideia de que temos um momento especial. Acções vezes sem conta  invertidas, gentes, actores, gestos, acenos e roupas características. Não matem o cerimonial, deixem a bola formar relações evolutivas  nem que seja para acabar com a distância entre fracos e fortes! Bola, razão estética com todos os rituais onde sempre encontramos um centro!
 
Mário Rui
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