quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Vamos longe, vamos...


Não tenho qualquer pretensão a emitir opinião marcante, relevante ou mesmo tocante. Basta-me escrever para aliviar o que vou sentindo pelo que vejo, ouço e leio. E tentar perceber, como dizia o outro...

"Fátima Campos Ferreira (10 mil euros mensais), Catarina Furtado (30 mil euros), Fernando Mendes (20 mil euros), José Carlos Malato (20 mil euros), Maria Elisa (7 mil euros), Jorge Gabriel (18 mil euros), Sónia Araújo (14 mil euros), João Baião (15 mil euros), Tânia Ribas de Oliveira (10 mil euros) ou Sílvia Alberto (15 mil euros), entre outros." in DN
Vamos longe, vamos ...... ...
Mário Rui

Défice zero...


Reiterando a minha feliz ignorância a propósito de questões de economia, sobretudo daquela economia que nos entra casa adentro todos os dias através dos média, ainda por cima falada, ou escrita em termos tão técnicos e sinuosos, mesmo assim permito-me dissecar um pouco sobre esta impiedosa matéria.

Impiedosa porque para a maioria de nós é cruel, marca-nos indelevelmente e de uma maneira que, por vezes, em lugar de nos bafejar com alguma inesperada mordomia, leia-se retribuição justa pelo muito que já pagámos por tudo e para tudo, antes nos põe mais infelizes e a fazer contas de cabeça. Quantas vezes sem soma à vista mas quase sempre com visível subtração de bens ou meios para.

Dito isto, convirá sublinhar que, para quem, como eu, pouco percebe da dita, seremos seguramente uns óptimos criadores de riqueza que, afinal de contas, também deve ter algo a ver com a tal economia confusa de que antes falei, pois que a nossa ajuda a todos os que estão procurando libertar a condição humana do que nela possa haver de primitivo, sempre esteve e está presente nos nossos mais comezinhos actos do dia-a-dia. Somos assim como que uma espécie de sociedade civil muito dinâmica, inovadora, produtiva e que arrisca. Ainda que julguemos o contrário.

A nossa capacidade de mobilização para o que aí vem, dificuldades económicas, será talvez exígua para levarmos o barco a bom porto. Na raíz deste problema estará, digo eu, um povo ainda algo entorpecido por um Estado Social que, melhor ou pior, lá nos foi ajudando ao longo dos tempos.

Assim irá deixar de ser, creio eu, mas desiludam-se os que pensam que não seremos capazes de virar a agulha. Já o fizemos em alturas mais difíceis e, mal por mal, voltemos então à luta. Assim tenhamos a candeia que vai à frente, a tal que ilumina o caminho. O líder! Se de facto ele não se mostrar, então o mais provável é que passemos a protectorado de uma qualquer nação, que eu quase apostaria de natureza germânica.

Posto o assunto deste modo, continua a prevalecer a cisma de alguns relativamente ao défice, como eu percebo afinal de economia, conforme passo a explicar: o Governo francês revelou na passada terça-feira que em resultado das suas conversas com a Alemanha para a reforma dos Tratados da União Europeia (UE), anunciados na semana passada, foi incluída a exigência de retornar ao défice zero na zona do euro para 2016.

A informação foi dada pela ministra do Orçamento, Valérie Pécresse, que declarou ao canal "France 2" que Paris e Berlim estão estudando exigir "mais disciplina à eurozona", ao mesmo tempo que rejeitou que ambos países favoreçam a criação de uma Europa a duas velocidades.
"A França não deseja isso", afirmou Valérie, acrescentando que todos os países da eurozona "têm que colocar como meta o défice zero".

"A regra de ouro é um retorno ao equilíbrio em 2016", comentou a ministra francesa, assegurando que será sobre a base da vontade de cada Estado que se assumirá uma "trajectória de retorno ao equilíbrio".
As declarações de Valérie chegaram depois do seu companheiro no Governo, o ministro das Finanças, François Baroin, defender que sejam França e Alemanha os que preparem iniciativas e propostas para estabilizar a zona do euro.

Pois, está bom de ver. Não nos enganemos! Os fortes aspiram ao supremo poder. Os fracos a unir-se. Os primeiros se se agrupam, é geralmente para uma acção agressiva comum. Os segundos se se juntam é sempre, e bem, para irritar o instinto dos fortes. Toda a oligarquia envolve o desejo da tirania.

O que é isso do défice zero? Então e se aí vier a ferocidade de uma catástrofe natural que, jamais desejada e muito menos esperada, nos deixe, a nós ou aos outros, de rastos. O défice também deve ser zero? E se os ricos não quiserem pagar mais, os remediados não suportarem mais cortes, os pobres não puderem pagar, e se os que vivem do Estado não quiserem sair? O défice também deverá ser zero?

Se bem me lembro, o último governante sério, mas mais míope que propriamente burro que nos levou ao défice zero, foi Salazar. Será ele exemplo para este eixo franco-alemão que quer dominar a velha Europa? Folguem lá o garrote. Se Eça de Queirós fosse vivo, diria: «então hoje apuram-se os músculos do mesmo modo como antigamente se apuravam as ideias?»

Essa do défice zero não me convence e nela não depositarei fé alguma. Por pouco que seja. Estes desejados fenómenos paradoxais, costumam manifestar-se nas pessoas, países, que possuem uma grande força centrífuga. As suas satisfações são tão rápidas e ao mesmo tempo tão violentas que são imediatamente seguidas pela repugnância de quem ainda tem dois dedos de testa. Fogem imediatamente para o terreno oposto.
Já não temos um eixo do mal numa estação televisiva portuguesa? Acho que sim. Ó franco-germânicos: a vossa frieza deve estar cheia de uma secreta embriaguês de valores. Os nossos são outros. Muitas vezes é infinitamente mais importante conhecer o nome das “coisas” do que tentar adivinhar o que elas são. Não se ponham a adivinhar quem somos. Somos PORTUGUESES. Chega-vos?

Mário Rui