terça-feira, 29 de maio de 2018

Por aí.




 
Mário Rui
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Afinal, para que serve o referendo? Do fundo do coração, o país merecia-o!


Afinal, para que serve o referendo? Do fundo do coração, o país merecia-o!
Sobre a eutanásia, pouco sei. Julgo é saber alguma coisa, talvez até muita, sobre viver morrendo aos pedacinhos. E afianço-vos que é coisa que nasce de um longo roer precedente, coisa que ulcera o espírito, a alma, o coração. Quer de quem habita o pesadelo, quer de quem lhe conhece a morada. E olhem que se morrer é trágico, viver cientificamente poderá surgir-nos também como algo aterrador. Num caso ou noutro, bem gostaria de ter a fórmula mágica para, em momentos tão terríveis, poder levantar a cabeça e descobrir, com espanto, a vida. Mas não tenho. A única e exclusiva verdade que constato é que uma verdadeira dor é feita de muitos pensamentos. Justamente por assim ser, interrogo-me a propósito do direito dado a uns poucos para reflectirem, e, pior ainda, decidirem, sobre tão melindroso assunto. Falamos de viver e morrer e quando o debate aborda a dureza da sorte de cada um, não deveria ser  seguramente uma minoria a ajuizar sobre a angústia que a cada um cabe gerir. Aqui, viver ou morrer tanto pode ser um epíteto como um epitáfio, mas, por favor, deixem que seja cada qual por si a decidir o poema inteiro. E não se trata de descobrir uma nova existência ou uma nova desistência. Trata-se apenas de multiplicar os pontos de vista que revelarão, na realidade normal, uma mais consubstanciada formulação acerca da questão que não é de uns poucos, mas de todos. Nós! Apenas muitos, melhor se um povo inteiro, justifica o valor absoluto que damos a certas contingências da nossa passagem pelo mundo.  

 

Mário Rui
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