quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Textos de arrependimento natalício




















Mensagem de arrependimento de Cavaco Silva, hoje, na apresentação dos votos de Boas Festas entre o Presidente da República e o Governo

«Tempo para pararmos um pouco (já parámos), olharmos à nossa volta (é um deserto) e reflectirmos sobre aquilo que fizemos (os que trabalharam, pagaram) , aquilo que deixámos de fazer (correr consigo – nem que tivesse sido na última maratona de fim-de-ano) , aquilo que não devíamos ter feito (aturá-lo) e aquilo que podíamos ter feito melhor (não o ter deixado falar tanto)

E vem então a opinião da segunda figura do Estado:

Assunção Esteves: “É do nosso interesse que o Presidente viva 2013 com força, determinação e abnegação”. (Estamos conversados)

Mário Rui

D.Januário e os seres feitos de barro




















A cada tirada deste homem, já com idade para ter juízo, menos eu gosto dele. Ele é comentador político, sempre a puxar para o mesmo lado, ele é comentador de futebol, também para um lado só, ele é o tal que pede rebelião aos portugueses, mas de ‘barriguinha’ cheia. A sua, claro. Enfim, um verdadeiro artista. A somar às anteriores, agora vem mais uma; o bispo pede tolerância e lança um apelo ao nosso espírito natalício no caso do padre preso por suspeitas de abusos sexuais a crianças no seminário do Fundão. Até inspira os católicos para que rezem por ele. Pede tolerância e compreensão cristãs para o padre, mas quanto às crianças alegadamente abusadas, as vítimas, para essas, esqueceu-se das palavras condoídas.

«Se se provar que é verdade prova-se que somos seres feitos de barro e, por isso mesmo, como diz o nosso povo ‘não cuspas para o ar’, porque pode cair na tua cabeça». É que, pelos vistos, na opinião tola do bispo, condenarmos moralmente um padre acusado de pedófilia é o mesmo que nos passarem um visto para, um dia, sermos todos pedófilos.

“... ... o padre tem que ser presumido na sua inocência, a investigação tem de continuar, não pode ser julgado nada na opinião pública. Estes casos só se resolvem com justiça e transparência e é por aí que passa o testemunho de solidariedade da própria Igreja”, defende o bispo.

Como eu lamento que, noutras circunstâncias e a propósito de outras andanças, o bispo não se tenha mostrado igualmente solidário para com os acusados. Quantas vezes inocentes e também sem culpa formada. E sobre o julgamento na praça pública, a que alude, também seria bom que, na sua qualidade de sacerdote com ordens de missa, pensasse primeiro e dissesse depois. Ou será que a vozearia na praça pública só a si foi concedida? Quando não convém critica-a, não é? O que dirão os outros da sua? Não queira o senhor bispo engrossar ainda mais o caudaloso rio de imprudências que já tantos nos obrigaram a transpôr. Às vezes, a intemperança da língua não é menos funesta para os homens que a da gula.

Mário Rui