segunda-feira, 2 de abril de 2012

Desilusões



Será que em Estarreja, no que ao desemprego respeita, estamos no princípio do fim? Pairam por aí más notícias que apontam para o fecho de uma unidade industrial do concelho. São mais despedimentos que se auguram e naturalmente são mais aflições para quem se vê sem trabalho.

Quer sejam poucos ou muitos, o desemprego diminui as pessoas. Tudo o que desejamos é perceber a realidade e nunca conseguimos lá chegar. Trabalhamos, lutamos, cansamo-nos, esquecemo-nos de quem somos e, de repente, tudo se esfuma. Mas estas coisas podem-se ver de vários ângulos.

Quanto à previsão do futuro (não é redundância, não) poderíamos, todos nós, ter ido mais longe se a seu tempo tivéssemos dominado esse conjunto disperso de realidades, na quase totalidade das vezes de ordem política, e tomado consciência dessa inclinação que nos vai arrastando para o fundo. Por isso eu digo que a inclinação, muito embora formulável através da linguagem, é bem mais poderosa que a razão.

Apesar de tudo, ainda bem que nos basta olhar para vermos! O que este país precisa é de mais políticos desempregados. Ganhariam os sem trabalho e os que o têm de modo periclitante e esforçado. E são tantos, infelizmente.

Depois consolam-nos, dizendo-nos; «o degrau de uma escada não serve simplesmente para que alguém permaneça em cima dele, destina-se a sustentar o pé de um homem pelo tempo suficiente para que ele coloque o outro um pouco mais alto.» Mas começa a faltar o longe e a distância, "Jonathan Livingston Seagull — a story" e, quando assim é, até a gaivota desanima, perde o pé, as asas, e finalmente morre na praia.

Mário Rui