segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Oportunidades

















As oportunidades perdidas são como a maior parte dos relacionamentos falhados: apercebemo-nos demasiado tarde de que algo deveria ter sido feito para evitar o fracasso.

E passam, também, muitas vezes, despercebidas e invisíveis aos olhos da maioria de nós até que o nosso vizinho, amigo ou mesmo o pior inimigo se mete na corrida e a consegue alcançar…quando devíamos ser nós e só nós a fazê-lo!

Agarrar uma oportunidade é muito fácil. Difícil é viver com os remorsos de não termos tido a vontade, a força ou a coragem de correr atrás dela, assumindo o risco de ela nos mudar a vida para sempre.

Pudéssemos nós voltar atrás e teríamos certamente aceite aquela boa oferta de emprego que nos fizeram no mês passado; teríamos dado o braço a torcer dando assim uma nova oportunidade ao que precisa de ser remendado; teríamos feito pisca para a esquerda, evitando entrar em sentido contrário; teríamos ficado calados evitando fazer figura de parvos; teríamos aproveitado a promoção do dia no supermercado poupando dinheiro com isso.

Mas agarrar uma oportunidade significa muito mais do que isto – e vamos directos ao assunto. Agarrar uma oportunidade significa que devem deixar-nos pagar o café que ficou pendente; que devem estar disponíveis para nos ouvir quando vos abordamos à noite no bar; que devem julgar-nos enquanto homens pela forma como tratamos a nossa mãe, irmã ou avó; que devem confiar mais e iludir menos; que devem ficar mais cinco minutos e deixarem-nos levar-vos a casa, depois.

Agarrar uma oportunidade é isso mesmo. É imaginar que ela vai lá à frente, mais bonita do que nunca, correndo no seu alcance sem tolerar que mais ninguém lhe deite a mão.

E ao fazê-lo, não devemos nunca perder a oportunidade de agarrar com veemência a sua camisola, rasgando-a se for preciso e deixando o seu corpo despido completamente à nossa mercê.

Rui André