quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A paz podre ou como dar verniz à vida por meio de artes inúteis



Pelos vistos já se pode falar em “enxame” de aviões russos pois só este ano mais de cem sobrevoaram espaço aéreo europeu, voos não comunicados previamente, criando desse modo um clima de tensão entre a Rússia e a NATO. Dizem os analistas destes assuntos que nem durante a chamada “Guerra Fria” se verificou tal actividade nos céus controlados pela Aliança Atlântica. Em todo o caso, cá para mim, este recreio aéreo russo não se resumirá a um conjunto de imagens altamente mediatizadas, objectivo primeiro vindo lá da Mãe-Rússia, mas antes volta a ser a expressão de um poderio materialmente traduzido e que no fundo representa o modelo presente de afirmação militar dos russos, afinal não muito diferente do arqui-rival americano. Para cúmulo do desaforo, e no que ao azul celeste do firmamento português diz respeito, já me basta o que por cá se vive pelo que esta mania de alguém vir passear ao quintal do vizinho longínquo sem licença, é coisa que me chateia solenemente. Que alguns queiram fazer fortuna à custa de meio mundo já de si é velhacaria que me repugna, agora guerrear ou escarnecer à custa de outro meio é que já não me entra. Acresce que, na dúvida, eu duvido, e se uma foi “guerra fria”, espero bem que a haver próxima, indesejada e indesejável, não seja uma verdadeiramente quente a modos de acabar com o que nos resta. É que às vezes os tidos por sonsos tornam-se subtis e os lúcidos absurdos e estúpidos e vá lá um homem perceber de que lado deve ficar. Uma pegajosa dúvida que não descola!
 
Mário Rui
___________________________ ________________________________