sábado, 1 de fevereiro de 2020

O dia do Regicídio,


A 1 de Fevereiro de 1908, o dia do Regicídio, no regresso de mais uma estadia em Vila Viçosa, o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe, são assassinados em pleno Terreiro do Paço.

De um só golpe, Costa e Buiça, decapitavam a monarquia portuguesa, deixando o trono nas mãos de um pouco preparado D. Manuel, sem capacidade nem margem de manobra para gerir uma situação política explosiva que culminaria com a queda da monarquia e a implantação da República a 5 de Outubro de 1910.




Mário Rui
___________________________ _____________________________

Fernando Assis Pacheco


Fernando Assis Pacheco

1 de Fevereiro de 1937, Coimbra / 30 de Novembro de 1995, Lisboa.

Não fosse a vida coisa fulgurante que nunca diz aonde vai cair, estaria hoje a comemorar 83 anos.

LÍRICA DE PARDILHÓ

Então acordo e sinto a meu lado
o esplendor tranquilo
da amada que respira
adormecida deitada sobre o flanco
vertendo a prata dum sorriso
nas ravinas da noite
esferas cantam a alegria
é um sítio de grama rociada
e passam horas
durante as que da rua
ouvindo vozes turvas
eu ficarei teimando
na claridade a todo o preço
de que me falam aves

Incluído em "A Musa Irregular", 1991.

ÚLTIMOS DESEJOS

Quero voar como os anjos
quero lavar os dentes com triflúor
quero o Belinho sem o Oliveira
quero cornear o duque de Kent

quero 250 de Platão bem passados
quero a destreza do okapi
quero ir ao Douro às vindimas
quero pagar com letrasset

quero vestir de linho (e do Veiga)
quero ser primeiro no Mundial
quero pudim francês com caramelo
quero ler um cabinda em verso branco

quero uma sequóia para o quarto
quero voar de Spitfire
quero esmurrar o Marcel Cerdan
quero a Maja Desnuda

quero-te de bicicleta
quero-te outra vez de bicicleta sobre as folhas
quero-te ouvir chegar de bicicleta
quero o som macio que fazia na mata a tua bicicleta

Fernando Assis Pacheco em "Variações em Sousa", 1987.
Incluído em "A Musa Irregular", 1991.




Mário Rui
___________________________ _____________________________

Bye Bye, Britain


Não se despediram em português. São assim os velhos solitários. De qualquer modo, até à vista, passem bem e depois mandem notícias da Escócia e das primas das Irlandas. 'Xau'!


Mário Rui
___________________________ _____________________________

Outros Carnavais




Mário Rui
___________________________ _____________________________

Por aí






Mário Rui
___________________________ _____________________________

Afinal, que progresso nos dão?


Claro que investimento em saúde pública é atitude a louvar em qualquer parte do planeta. E ainda mais na China face à actual situação do avanço do surto coronavírus. No entanto, permitam-me o desabafo, o que não consigo compreender é como é que se pode (con)viver entre o muito bom e o muito mau. Há qualquer coisa de errado nisto, digo eu, já que, disparidades assim, revelam muito sobre o nosso mundo. Pese embora o avanço civilizacional dos últimos séculos, esse mundo continua em vários aspectos muito parecido com o da Idade Média. E devo acrescentar, com pesar, que em função do que vejo, não acredito que algumas sociedades tenham compreendido correctamente nem o que elas são, nem as nefastas implicações que causam aos outros, a todos nós. E isso, é um erro
fenomenal. Há satélites sob a Terra, há informação global, o código Morse já desapareceu da cena mundial, há tecnologia de ponta, há países riquíssimos com economias inabaláveis, o homem já foi à Lua, a Internet está disponível e foram necessários escassos anos para que milhões de pessoas a pudessem utilizar, mas afinal ainda comemos morcegos, cães, humanos e o mais que se ajeitar. E assim se vai piorando a sorte dos mais empobrecidos e assim se vai criando um mundo de muitos vencedores, mas sobretudo de ainda mais perdedores. Afinal que países são estes, que Terra habitamos? Para a melhorarmos, a única solução é mudarmos a agulha e quanto mais formos capazes de compreender racionalmente o nosso sítio, mais poderemos moldar a vida em favor dos nossos propósitos. Assim alguns países “ricos” o queiram fazer. De contrário, essa via expressa de prosperidade que os mesmo nos anunciam, continuará condenada tão-só a uma vida de miséria, de fatalidades e desesperança.



Mário Rui
___________________________ _____________________________

Austrália, 29 de Janeiro de 2020





Foi, há pouco tempo, e tragicamente, chão zero, tal foi o inferno que se abateu sobre extensas áreas do país. Hoje, a generosa Mãe-Natureza, qual matriarca de robusta consciência e mente bem formada, começa a dar-lhe formosura com que suprir tanta chaga. É espantosa, essa mãe. Nunca foi uma semeadora de cinzas e mesmo quando o destino lhe troca as voltas, lá vem ela com vida que engorde a vida. Sublime!



Mário Rui
___________________________ _____________________________

Carnaval de Estarreja 2020





Mário Rui
___________________________ _____________________________

Pensando




Mário Rui
___________________________ _____________________________

Sobre aquele Luanda Leaks, Portugal já não é um palhaço, é o circo inteiro e a preto e branco.


Sobre os esquemas suspeitos de Isabel dos Santos e seus parceiros angolanos e portugueses, expostos no Luanda Leaks, nem vale a pena aprofundar a questão. Não porque seja matéria irrelevante, que não o é, mas antes porque se trata de variedade de Pim-Pam-Pum de feira rasca a que já nos habituaram os que cinicamente ganham dinheiro grosso com audácias que não admiro. Refiro-me em particular aos portugueses, dado que os outros pouco me interessam. Mas ninguém viu isso na altura. De resto, porque convinha, a costumada galeria - imprensa, muitos políticos, órgãos reguladores, pares de função e por aí fora - falava deles, enaltecia-os pela notabilidade dos seus actos, choviam os aplausos de todo o lado. Mas quando a Pandora acabou por abrir a caixa das vergonhas, quando apanhados os fantoches pelas ventas, então lá começou o derrube com cheiro a falso, para gáudio do vulgacho que gosta de ser enganado. Ontem, um artigo com desenho rodeado de louros na primeira página apoteótica do periódico, quando não até um recebemos e agradecemos. Hoje, uma constatação, uma crítica falsa, uma análise manhosa e começou o tiroteio – PUM - a que, em tempo devido, correspondeu um esconder de balas. Uns e outros, audazes e apoiantes de geometria variável, são iguais na “ética” que lhes comanda a vida. Coitada dessa galeria que nunca percebeu que a charneca portuguesa era abundantíssima em tais espécies de caça brava. Mas agora, claro, estes caçadores de interesses, avançando por entre as moitas que lhes são mais favoráveis, levantam do chão, e pela cauda, peças já em decomposição. Mas matreiros como são, já não enganam ninguém uma vez que, se fossem sérios, teriam era apanhado peças em composição. O que eu gostava era que me explicassem, a tempo e horas, como é que pessoas “competentíssimas” fizeram coisas absurdíssimas. A continuar assim, o país coxo-corrupto que já somos, rapidamente se tornará em amputado, sobretudo por culpa das muitas peças de xadrez que se movimentam em tabuleiro onde a torpeza da mão rouba, ou esconde, sem se mostrar, e o carácter maligno de muitos vem à tona, finalmente.


Mário Rui
___________________________ _____________________________