quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Benfica, se não posso vencer como quero, como posso querer vencer?

Pobreza não é vergonha. É por isso que por ora não descarrego a mais tremenda das descomposturas sobre o meu clube, por respeito a ele, se o houver, e por amor à vazão rápida de um que parece que já não sabe treinar e outros que nunca souberam jogar. Cá me fico com elas, as descomposturas, porém, de reserva para quando me fartar de desilusões. E não as faço já, não por acreditar que desgraças são coisas maravilhosas, mas antes porque não dou confiança a muitos outros interessados em nos desgraçar ainda mais.


Mário Rui
___________________________ _____________________________

E a hora ofusca-se de novo

Torna que volta e muda que vai e o tempo recua e a hora ofusca-se de novo.

Espera um minuto, ó tempo. Quando te mudam a hora, corres que voas em perseguição do escuro da noite quando o que eu queria era ainda o dia em claridade de nova aurora.

Calcada, vencida, esmagada a hora clara de ontem, obrigam-me a colocar a de hoje sob a mesma escuridão da noite cerrada.

E assim, até já na meia sombra das cinco da tarde se me aponta o ponto onde só vejo poente.

Uma nuvem de sombrio, feia, grande, fala alto e fora de tempo ao dia roubado. Ralha-lhe.

- Ora, ora! Vem agora a treva contar-me medos à candeia bocejante da noite quando a claridade ainda não obscurece – diz o dia perplexo.

- Nem com esboços de sonhos me convences, inverno de breus - remata com dedicação de vontades.

Também eu sou pelo tempo luminoso a desoras, ó dia. Alisto-me nesses consideráveis haveres do teu remanescente brilho.

Escurecer cedo tem muitas lendas de dor. Só o fim da tarde luzidia mostra minutos mais sabidos, mais serenos, com todo aquele tic-tac de relógio da mais clara e cerimoniosa deferência.

As noites precoces, não melhoram as brumas das idades. Às vezes, nem os mistérios das juventudes.

Faça-se dia! E quanto mais longo de cristal, melhor!


Mário Rui
___________________________ _____________________________

COP26 - A última chamada

“Durante as últimas três décadas, as Nações Unidas têm reunido quase todos os países do mundo em cimeiras globais acerca do clima, às quais se deram o nome de COP (‘Conference Of the Parties’ em inglês, o que significa conferência das partes). Foi neste intervalo de tempo que as alterações climáticas deixaram de ser um ponto marginal na agenda política para se tornarem numa prioridade a nível global".

"Este ano, a ONU realiza a 26ª cimeira anual, com o nome de COP26, em Glasgow, no Reino Unido. Líderes mundiais, milhares de negociadores, representantes de governos, da indústria e dos cidadãos irão reunir-se durante doze dias para discutir medidas a serem implementadas para manter o aquecimento global médio abaixo dos 1,5ºC”.


Mário Rui
___________________________ _____________________________

São Martinho está quase aí

Uma das coisas verdadeiramente interessantes que se pode fazer por uma tradição é levá-la à prática. Sobretudo porque esquecer coisas antigas e antiquadas não é grande prova de bom futuro. E acresce ainda o facto de tradição ser também meio carregado de sentimentos parceiros. E quanto a provar outros passados, afinal o vinho novo foi produzido com a colheita do Verão anterior, cada um saberá como tratar desses decilitros.

A 11 de Novembro de 1959, dia de São Martinho, o Diário de Notícias publicava esta fotografia, referindo que os magustos, «segundo as normas clássicas, têm por base a castanha assada ou cozida, que à maravilha se casa com o néctar das cepas a fulgurar e a crepitar no bojo das canecas e das taças».

É verdade, o repasto pede bebida para não embuchar.

«Em dia de São Martinho prova o teu vinho, assim proclama o adagiário que diz respeito a Novembro e assim a recomendação é cumprida, na generalidade, pelo vinicultor amador que se preza de ter vinha ou mesmo parreiral em quintelho.»

Observações multisseculares mostraram aos produtores de vinho ser esta a época precisa para provar o produto, após a vindima, a pisa e a sazão do mosto.

«Mas que isso ritualmente seja feito sob a égide do bom São Martinho, santo por de mais austero e abstémio, é que não se atina com facilidade.»

 

Mário Rui
___________________________ _____________________________

Quando a Barbie e o Ken viviam na União Soviética



 

Mário Rui
___________________________ _____________________________

As sopas do velho pescador - 1928


Mário Rui
___________________________ _____________________________

Porque hoje é sábado

Tantas foram as aventuras e desventuras de Dom Quixote de La Mancha, um homem de meia idade que resolveu tornar-se cavaleiro andante, que depois de ler muitos romances de cavalaria lá partiu em busca da sua amada Dulcineia, grande dama inspirada numa paixão da juventude, e depara-se com isto. Há vidas difíceis...


Mário Rui
___________________________ _____________________________

A ver se pega…

Foi a 18 de Junho de 2021, ao quilómetro 76,6 da A6 e, hoje, a caminho dos 4 meses, rebusca-se sobre a determinante imediata dessa morte.

Sabe-se lá o porquê de tanta demora, embora se perceba que a “rectidão” de propósitos e a sua hipocrisia, neste caso em particular, andam de mãos dadas. 

“Agora vão investigar dejectos humanos, no sentido de determinar se pertencem à vítima do acidente. A ideia, mágica na mente dos investigadores fantásticos da GNR é a de que alguém que se encontrava a fazer as necessidades não se encontraria a trabalhar e portanto estaria ausente do local de trabalho e portanto tal circunstância diminuiria a culpa de quem atropelou”.

Desculpem-me o dislate, mas a isto chama-se uma investigação de merda!

É o que se me afigura como mais certo. De resto a exemplo de muitas outras, e todas a cheirar mal, caiu mais um pobre homem.

Quem era ele? Ninguém! Como se chamava? Ignora-se!

Cuidado, amigos, nunca tirem os olhos da mão com que alguns seguram o baralho da nossa vida.

E atenção também à importância posta no lance!

 

Mário Rui
___________________________ _____________________________

165 anos de comboios em Portugal - Outubro de 1856/2021

Há 158 anos, 8 de Junho de 1863 – chegada do primeiro a Estarreja.

Desapareciam as carroças e nascia o caminho-de-ferro. Em Portugal, depois de muitos projectos falhados e da constituição de várias empresas fracassadas, foi inaugurada a primeira linha entre Lisboa e o Carregado, numa extensão de 37 Km.

A primeira viagem realizou-se no dia 28 de Outubro de 1856 levando a bordo o Rei D. Pedro V.

E quantas foram as histórias contadas, vividas, ouvidas no comboio? Quantas viagens típicas, simbólicas e míticas nessas carruagens? Quantos bilhetes picados feitos pensamentos novos nessas viagenzinhas do progresso? Devagar, às vezes devagarinho, mas progredindo sempre. Quantas pressas em chegar, tantas vezes incertas, no ânimo de ter alguém à espera? Quantas vezes corremos e nos apeámos no elegante da Estação e no abraço, no beijo aguardado? Quantas paisagens comidas com os olhos nessas estradas de ferro? Fumos e vapores, uma vez ou outra, também envolviam a delícia de se ir e voltar, mas íamos e voltávamos. E digam lá o que quiserem mas o comboio foi um romantismo que se entalhou na alma de quem nele tomou assento. Tinha paladar próprio, atrelado a locomotiva, rainha por direito que puxava sonhos rolantes. Desvaneceu-se a paixão? Não! Talvez só a sua lembrança. Daí que a traga agora à memória porque não sou muito dado a distrações. O comboio merece-a. A boa recordação é sempre um grande poema de coisas vividas.

(foto: Estação de Estarreja d'outrora)


Mário Rui
___________________________ _____________________________

Por aí






Mário Rui
___________________________ _____________________________

O Orçamento e as Contas de Obra


Parlamento discute Orçamento do Estado com chumbo à vista.

Ao que dizem, o circo pegou fogo e os políticos não mais se entenderam, ou não querem mesmo qualquer entendimento. Assim sendo, também se afirma por aí, com ar grave de quem profetiza insanável estrago, que tanta confusão democrática acarretará graves males para a saúde da República. E como a República não se dignifica com palavras, mas sim com factos, convinha que nos dissessem a tempo e horas o que por aí virá, pois a quem cabem as responsabilidades do divórcio já nós sabemos. Daí que, neste caso, seja muito mais fácil prever o passado do que o futuro. Mandem-nos ao menos um telegrama para sabermos como fazer daqui por diante.


Mário Rui
___________________________ _____________________________

Vale tudo e até um par de botas


Um par de botas brancas e com o logotipo da Nike usadas pela estrela lendária da NBA Michael Jordan, no quinto jogo da sua primeira época com os Chicago Bulls, em 1984, foi vendido na passada segunda-feira por quase 1,5 milhões de dólares (1,26 milhões de euros), estabelecendo um preço recorde no leilão de calçado usado no jogo.

Longe de poder estar perto de perceber estas coisas, porque sou antigo, acho que dantes a esfera destes “compromissos” era mais modesta. Hoje, todos os sonhos e todas as pretensões têm ante os olhos um espaço indefinido por onde mergulhar a vista, dentro do qual podem girar todas as ambições. Não se queira ver nestas minhas reflexões propriamente censura ou sequer crítica a quem, pelos seus sacrifícios e competências, se alcandorou ao estrelato. O que eu deploro sumamente, embora o meu papel nestes cenários valha pouco, é a facilidade com que se montam estes aparatos sedutores de exterioridades populares, mas extremamente caros. E, mesmo fazendo um grande esforço para os perceber, continuo a não enxergar como é que essas classes ricas vão bebendo avidamente o licor do desmando, em que a proeminência do dinheiro supre a ausência do gosto e do siso. Ou será a mim que este último começa a falhar? Estroinices, rapaziadas, destemperos, dizem, encolhendo os ombros, certos personagens como eu. É pouca essa gente que assim pensa? Talvez, mas também convém que alguém a lembre de modo a não deixarmos que a enxurrada engrosse. Se já começa a ser uma “tradição” no desporto, atente-se ao que se passa também no futebol, então desconfio que veio para ficar. E, se se perpetuar essa “tradição”, o melhor é começarmos a reflectir seriamente sobre a mesma já que quanto mais insensata ela for, tanto mais degenerável se tornará e não haverá força para a conter já que, onde só houver interesses que a explorem, vale tudo e até um par de botas. E tanta gente com falta delas!


Mário Rui
___________________________ _____________________________

Porque hoje é sábado




Coisas nostálgicas de outros anos que provam o quanto o mundo evoluiu. Mesmo para os que duvidam e levantam questões, sabe-se há muito tempo que a dúvida também pode ser uma condição de progresso.


Mário Rui
___________________________ _____________________________

Por aí




Mário Rui
___________________________ _____________________________