segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Só medos e ameaças

O André diz, eu repito, e como pertencemos ambos à geração anterior à descoberta da penicilina, fazemos coro nas lamentações, e os nossos encontros ao sábado, um ritual, são marcados pela mesma tónica: por um lado, o espanto que nos causa tanta mudança, pelo outro o modo dos mais novos, que parecem ter do mundo uma visão peculiar, e nos demonstram que lhes falta bom-senso.

Agitam-se eles com o alarme de que nada menos de 1 milhão de espécies corre o risco de desaparecer, causando irremediáveis danos ao planeta, à espécie humana, aos infindos e frágeis equilíbrios de que raro nos damos conta, mas os cientistas estudam, concluindo que são de assustar as probabilidades de que o planeta, e nós com ele, acabemos mal.

Como se isso não bastasse vêm-nos com os polos a derreter, para não falarmos de como à força de tão desmesurado aquecimento a Terra se aparenta a uma panela de pressão prestes a rebentar.

Como já demasiadas vezes aturámos os sermões dos profetas do Apocalipse, é que o André e eu, com a ingenuidade de que os idosos têm o privilégio, nos perguntamos o que terá acontecido na cabeça dos nossos semelhantes, para que tanto entusiasmo dediquem ao medo, e se assanhem contra os raros que, sem subsídio ou agenda política, investigam os vários pontos de vista.

Infelizmente a moda manda, e assim o proveito e a fama vão para os pastores do rebanho, que às vezes parecem mal saídos dos cueiros, mas tudo sabem da poluição, do calor no Ártico, do fim dos lagartos na Nova-Guiné e avisam, de dedo em riste, que a salvação do planeta e a nossa está nas eólicas e na fé vegan, razão de sobra para que nos apressemos a ver a luz e a seguir a sua crença.

É então que nós dois, com muitos anos e vivências de sobra, nos perguntamos: que raio de gente é esta, sem esperança, só a falar de medos e ameaças?

(José Rentes de Carvalho – Escritor)

 

Mário Rui
___________________________ ____________________________

O MUNDIAL onde a questão é de preço e o preço sufoca todas as consciências.

O MUNDIAL onde a questão é de preço e o preço sufoca todas as consciências.

Num país em que mais de 6700 trabalhadores migrantes morreram enquanto se preparava o Mundial de Futebol de 2022, estima-se que uma média de 12 trabalhadores a cada semana, ainda há gente grata pelo facto da competição se realizar em tal sítio. Acho mesmo que para os governantes do Catar, quem morre melhora muito a sua sorte. Os que sobreviveram tiveram quem os atormentasse, os mortos têm o esquecimento. Num país onde o futebol é uma verdadeira religião, onde se enchem estádios, onde a bola rola até nos conventos, nas igrejas – se é que existem -, nas catedrais e até nas mesquitas, outra coisa não seria de esperar. Um Mundial da modalidade, pois claro! Aquelas carnes cheias de mazelas e as almas cheias de crimes de lesa-humanidade, que construíram os estádios e demais infraestruturas, não contam para nada? De que serviu o seu sacrifício? Ir do nada para o nada? Há lá coisa mais torpe? Comer o pão que o diabo amassou, aguentar aquele vento abrasador, e tudo em nome de quê? Do dinheiro que tudo compra, ou das palavras que disfarçam a alma dos mandantes catarianos cuja veste lhes disfarça também o corpo, mas sobretudo o carácter? Depois há os outros, FFIFA’s, UEFA’s, FPF e afins, onde tudo é engano, tudo embuste, tudo dissimulação. E os países que se ajoelham no relvado contra qualquer distinção, exclusão, restrição, ou preferência em função da cor, raça, ascendência, origem nacional ou ética, pactuam com este Mundial, com este regime onde a vida só tem uma única “alegria”, a de morrer? Será que no Catar também vão ajoelhar-se no tapete verde? Não, não vão! E não vão porque com dinheiro a rodos compra-se um código inteiro de leis, de juizes, de fundamentos da moral, esquecem-se as injustiças que se amontoam, as chagas que se abrem na carne baptizada e, finalmente, faz-se por esquecer que em tais paragens até o respirar está sujeito ao sofrimento. Mas o dinheiro, o muito dinheiro, perdoa, redime, liberta e faz olvidar o despotismo. Para isso é necessário que todos os coniventes com este Mundial saibam insinuar-se, pois que a questão está em ter manha!


Mário Rui
___________________________ ____________________________

Gal Costa

D.E.P.

“Gal Costa, cantora brasileira de 77 anos, morreu esta quarta-feira, 9 de Novembro de 2022. Segundo a 'Globo', a artista tinha feito uma pausa nos espectáculos, depois de ser sujeita a uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita”.

Voz sensorial e poeticamente linda e, agora, se é possível dizer, a obra concluiu-se, infelizmente. O prazer de a ouvir, ficará na nossa memória.



Mário Rui
___________________________ ____________________________

Queda do Muro de Berlim - 9 de Novembro de 1989

Queda do Muro de Berlim - 13 de Agosto de 1961 - 9 de Novembro de 1989

É bom que não esqueçamos estas datas. No entanto, é provável que em exame mais rigoroso, alguns se sintam divididos pelo espírito de análise crítica e histórica da nossa cultura relativamente a tal monstruosidade. O que foi por demasiado tempo grande privilégio de alguns, não foi com toda a certeza nada de comum ao nobre carácter de muitos, muitos mais.

A história do mundo, a mais remota, como de resto a mais recente, já assistiu à construção de tantos muros que hoje apetece-me lembrar Antoine de Saint-Exupéry, quando um dia disse; “Se você se sente só é porque construiu muros em vez de pontes”.

E também me apetece trazer à lembrança aqueles inúmeros “democratas” que, possuídos de suposta superioridade moral por parecerem preocupados com os milhares de quilómetros de outros vergonhosos muros pelo mundo construídos, ou a construir, hoje nem uma palavra lhes consiga ouvir quanto a esta ‘cortina de ferro’ que em nada honrou a liberdade e o intelecto humanista. Em português mais claro; a velha e conhecida hipocrisia, pois essa ainda vai conseguindo conquistar os aplausos da plateia pateta.  

A minha opinião é que teremos de desesperar cruamente da nossa alma de seres humanos se estas horrendas invenções de mentes doentias persistirem. Os muros, as barreiras, nunca aproximaram ninguém. Bem pelo contrário. Apenas segregaram espíritos bons!


Mário Rui
___________________________ ____________________________

Isaltino Morais, o agresssor...

Isaltino Morais de novo com problemas na Justiça. É acusado de prevaricação em novo processo.

De acordo com a imprensa nacional, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras beneficiou uma empresa de construção civil em várias Parcerias Público-Privadas Institucionais, que terão lesado a autarquia em milhões de euros, diz a acusação do Ministério Público. Minando à surda na toleima, repete-se o já vivido fulgor de outros tempos. A este homem afiguram-se momentos incomparáveis, acima de tudo quanto possa idear a sua imaginação no mais vasto círculo de ambições. Nada, com efeito, o mete em brios. Até parece que as fintas que faz lhe trazem mais um valioso conhecimento e acrescentam uma pedra ao monumento da sua “inocência”, até que a Justiça se pronuncie. Já quanto à política, e isso é outro assunto, na maior parte dos casos, a polémica está nos olhos de quem não lê, ou não quer ver. Ou seja, em 2025, em não havendo melhor antídoto para o provincianismo mental português, votem de novo nesta figura. As suas certezas erguem-se até às nuvens, imóveis e sólidas como estátuas de bronze. O que vale é que a verdade é filha do tempo. Depende é do tempo de quem não teve ainda tempo para estudar “a educação para a cidadania”. E, já agora, diga-se que nestes casos, ética, é o sacrifício da consciência no altar da mentira oficial do nosso quotidiano. Força, Portugal, vais longe…


Mário Rui
___________________________ ____________________________

Edição de Novembro do jornal "O Concelho de Estarreja"




Mário Rui
___________________________ ____________________________

São Martinho está à porta

Perfume de nostalgia...

Uma das coisas verdadeiramente interessantes que se pode fazer por uma tradição é levá-la à prática. Sobretudo porque esquecer coisas boas antigas e antiquadas não é grande prova de bom futuro. E acresce ainda o facto de tradição ser também meio carregado de sentimentos parceiros. E quanto a provar outros passados, afinal o vinho novo foi produzido com a colheita do Verão anterior, e cada um saberá como tratar desses decilitros.


Mário Rui
___________________________ ____________________________

Quando o sorrir era consolo no desconsolo

Em busca do sentido

Quando o sorrir era consolo no desconsolo.

Os que trilharam verdadeiramente esse caminho, e infelizmente foram muitos, pouco espaço tiveram para falarem da sua própria existência e do propósito das suas vidas. Aceitar o infortúnio e tornar-se parte deste, ia até ao ponto de deixar de percebê-lo. Pergunto e torno a perguntar porque razão esta vida era um processo de resistência que se prolongou por tantas décadas. Para escapar ao confinamento da pobreza e ao “feitiço” e ilusões desse tempo, os remediados pouco ou quase nada podiam fazer. Aceitava-se a cegueira social dos mandantes, pois diante das injustiças, só se podia sucumbir à desesperança. Diminuir o homem, ou a mulher, foi a exagerada medida de que alguns se serviram negando a luz no meio da escuridão aos que mais precisavam de claridade. A verdadeira escuridão estava muito próxima da dor, mas poucos a quiseram perceber. Era mais fácil deixar os pobres desatinados e sem entenderem o enredo de então e o seu final. Esquecer isto, nunca mais. Os pobres morriam de fome e alguns governantes de antanho iam morrendo de medo pardo. Lamento é que um engano que ainda persiste é o de que “antigamente é que era bom”. Até parece que havia um país digno de ser vivido.


Mário Rui
___________________________ ____________________________

Estarreja d'outrora





Mário Rui
___________________________ ____________________________

Estarreja d'outrora





Mário Rui
___________________________ ____________________________

Portugal não vai acabr com a mudança da hora




Mário Rui
___________________________ ____________________________

Mais bruxas?

Não me levem a mal os apaniguados do Halloween mas a verdade é que me acho um tipo orgulhoso da minha origem, se quiserem até da minha plebeidade, e por isso não compreendo essa coisa que descaracteriza e achincalha a minha rua e sobretudo a minha tradição. Prefiro as noites de festa vividas em trajes comuns às celebradas em vestes esfarrapadas. Ah, raio de vida! Lá tenho eu de ir às minhas recordações buscar o assunto das minhas páginas festivas para ver se apago epitáfios que me entristecem. Não gosto, mas não liguem às minhas preferências. Cada um tem as suas e há que assumir tolerâncias. Das boas festas à portuguesa, não tenho recordações tristes do passado. Tenho é apreensões pelo futuro de certas “inteligentes maldades”.

 

Mário Rui
___________________________ ____________________________

Ventava e chovia

Ventava e chovia e eu a ver as enganosas refracções que conferem direitos a coisas que não respeitam deveres.

Money, it's a crime

Share it fairly, but don't take a slice of my pie

Money, so they say

Is the root of all evil today

But if you ask for a raise, it's no surprise that they're

Giving none away


Mário Rui
___________________________ ____________________________

Portugal 2022




Mário Rui
___________________________ ____________________________

Quem ganha melhora muito a confiança

Reunindo tudo o que sei, fico sabendo conscienciosamente que careço de mais jogos como o de hoje. Quem ganha melhora muito a confiança.  Duvidem ou não duvidem, o que digo, digo!


Mário Rui
___________________________ ____________________________

Esperar sozinho

Esperar sozinho, nunca foi coisa boa. É o passado todo que nos salta à evocação, é ficar a gente sem saber ao certo os pensamentos que deve cerzir, é passar ao rol das histórias vividas e esquecidas, é pensar em mil coisinhas que, como bolhas de sabão se dilatam e se confrontam ao sabor da fantasia das novelas de cada qual.


Mário Rui
___________________________ ____________________________