segunda-feira, 10 de maio de 2010

Gente que sabe!

A chico-espertice é uma coisa muito típica dos portugueses e, geralmente, quem se arma em chico-esperto sabe que a probabilidade das coisas correrem mal são grandes – ai que se eu caio toda a gente se vai rir de mim! Fora isso, se o chico-esperto até se saiu bem daquela história aparentemente perigosa e estúpida, rejubila que nem uma criancinha quando lhe é oferecida uma camisola do Benfica nos anos. E com razão!
Os chico-espertos são muitos e revelam-se nas mais variadas situações. E convém também dizer que o grau de chico-esperteza é inversamente proporcional ao grau de inteligência dos seus executantes. Isto é, um indivíduo muito estúpido normalmente não se arma em chico-esperto, porque já é, digamos, estúpido. Mas uma pessoa inteligente já tem tendência para a chico-espertice por uma razão qualquer que eu desconheço.
Por exemplo, o primeiro-Ministro, pessoa que tomamos por inteligente, armou-se em chico-esperto quando disse que a tia de Francisco Louçã era mansa, quando todos sabemos que a mulher é do piorio. E mais! Queria tanto ser engraçado que acabou por cometer um erro gramatical grave: “Manso é a tua tia, pá”. Com o devido respeito, mas deixe-me ajudá-lo. Seria “Mansa é a tua tia” ou, se se quisesse referir ao tio do homem, seria “Manso é o teu tio”. O artigo definido deve estar em concordância com o sujeito. Estamos esclarecidos, sr. Primeiro-Ministro?
Qualquer que seja a razão para se fazer valer da chico-espertice, os resultados dela decorrentes acabam por ser, geralmente, muito estúpidos. Ferimentos ligeiros e outros mais graves, embaraços mais ou menos ultrapassáveis – armei-me em chico-esperto e ela correu comigo – e há até as puníveis com prisão – não se arme em chico-esperto e dê-me essa arma que ainda magoa alguém.
A esperteza das pessoas é como uma salada de frutas: tem de tudo. Há as chico-espertices parvas, que são também ilegais: o chico-esperto que não paga os impostos ou que foge do tasco sem pagar os whiskys (deduzo que não consiga ir muito longe, de qualquer maneira); e as que são só parvas: o idiota que vai comprar as minis em cima da hora do jogo, mas que vai ter de se contentar com Sagres porque as Super Bocks já acabaram; ou aquele que só estuda na véspera porque acha que o exame vai ser de escolha múltipla.
E há também aqueles tipos que acham que sabem tudo, grupo com o qual eu não me identifico. Porquê? Porque eu só gosto de pessoas que saibam um bocadinho de qualquer coisa, mas não gosto daquelas que sabem tudo. É feitio, o que é que querem?
E já agora, quem foi o chico-esperto que atirou uma bola de golfe ao Luisão?
Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

Mãe, há só uma!